Fé em crise? ''Que a Igreja se renove e seja credível''

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21 Junho 2012

Em muitos países de antiga tradição cristã, apesar do pertencimento formal à Igreja marcada pelo batismo, a fé de muitas pessoas está tão enfraquecida que "poderiam ser inseridos na categoria dos não crentes". É um problema que diz respeito em primeiro lugar à Europa Ocidental e à América do Norte, onde, nos últimos 50 anos, a secularização tornou-se algo "natural", mas da qual não estão imunes nem mesmo as Igrejas mais "jovens" dos outros continentes, especialmente nas áreas urbanas.

A reportagem é de Alessandro Speciale, publicada no sítio Vatican Insider, 19-06-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

É a partir dessa premissa que nasce o próximo Sínodo dos Bispos, dedicado ao tema da Nova Evangelização, que irá se realizar em Roma entre os dias 7 a 28 de outubro próximo. Do Sínodo, foi apresentado nessa terça-feira, no Vaticano, o Instrumentum Laboris [disponível aqui, em PDF], ou seja, o documento preparatório desenvolvido graças a contribuições vindas dos bispos do mundo em resposta aos Lineamenta de fevereiro de 2011.

Trata-se de um documento amplo – 74 páginas com nada menos do que 169 parágrafos –, do qual decorre, segundo a secretaria do Sínodo dos Bispos que o redigiu, que os bispos "compreenderam bem" que a nova evangelização não é tanto "um novo modelo de ação pastoral, que simplesmente substitui outras formas de ação ", mas sim "um processo de relançamento da missão fundamental da Igreja" e que, "interrogando-se sobre o modo de viver a evangelização hoje", não pode, ao mesmo tempo, "excluir" de olhar para dentro de si, para "verificar a qualidade da evangelização das suas comunidades".

O Instrumentum Laboris, de fato, quer oferecer soluções práticas para relançar o anúncio da fé – essa será a tarefa da discussão do Sínodo –, mas não faltam referências no documento às dúvidas concretas levantadas pelos bispos e a possíveis soluções sugeridas por eles.

Com relação aos desafios que a Igreja deve enfrentar, alguns prelados lamentaram que a "excessiva burocratização das estruturas eclesiásticas", unida a "celebrações litúrgicas formais e ritos repetidos quase que por hábito", têm o efeito de "afastar" as pessoas de fé .

Em geral, os bispos denunciam com franqueza que o "distanciamento de inúmeros fiéis da prática cristã, uma verdadeira 'apostasia silenciosa', nasce da falta de uma resposta 'adequada e convincente' da Igreja às transformações da modernidade, das marcadas pela globalização às transformações da sociedade ditadas pelas migrações e pelos novos cenários econômicos".

O documento denuncia que a "secularização" – da qual, além disso, se reconhecem os aspectos positivos para os próprios cristãos – já não assume mais tanto as vestes de "discursos diretos e fortes contra Deus", mas assumiu um "tom suave", a ponto de acabar coincidindo com o "cenário cultural de fundo" no nosso tempo. Assim, a "morte de Deus" anunciada nas décadas passadas por muitos intelectuais deu lugar a uma "mentalidade hedonista e consumista estéril".

O "retorno do sentido religioso", que acompanha essa nova onda da secularização, também tem um caráter ambivalente: se, de um lado, deve ser acolhido favoravelmente, de outro, parece estar sob a bandeira de uma "experiência religiosa pouco libertadora", que abre as portas para o "fundamentalismo".

Esse é um risco real para a própria Igreja Católica, segundo alguns bispos, porque, na tentativa de impedir o avanço das seitas, os católicos não devem acabar sucumbindo à "tentação de imitar os tons agressivos e proselitistas desses grupos".

Uma referência significativa, embora não aprofundada, dirige-se também à crise dos abusos sexuais cometidos por clérigos que marca a Igreja no Ocidente, e não só, há mais de uma década: "A coragem de denunciar as infidelidades e os escândalos que surgem nas comunidades cristãs" é reconhecido no documento como um dos "frutos" que testemunham a "força vivificante do Evangelho" perante os "desafios do nosso tempo".

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