Os nossos medos

Coucher de soleil sur une plage en Bretagne | Obra de Fabien Gaudin

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

23 Junho 2017

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus capitulo 10,26-33 que corresponde ao 12º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Quando o nosso coração não está habitado por um amor forte ou uma fé firme, facilmente a nossa vida fica à mercê dos nossos medos. Às vezes é o medo de perder prestígio, segurança, conforto ou bem-estar o que nos trava de tomar as decisões. Não nos atrevemos a arriscar a nossa posição social, o nosso dinheiro ou a nossa pequena felicidade.

Outras vezes paralisa-nos o medo de não sermos acolhidos. Atemoriza-nos a possibilidade de ficarmos sós, sem a amizade ou o amor das pessoas. Ter de enfrentarmos a vida diária sem a companhia próxima de ninguém.

Com frequência vivemos preocupados apenas em ficar bem. Nos dá medo fazer o ridículo, confessar as nossas verdadeiras convicções, dar testemunho da nossa fé. Tememos as críticas, os comentários e a rejeição dos outros. Não queremos ser classificados. Outras vezes invade-nos o temor do futuro. Não vemos claro o nosso caminho. Não temos segurança em nada. Talvez não confiemos em ninguém. Nos dá medo enfrentar o amanhã.

Sempre foi tentador para os crentes procurar na religião um refúgio seguro que nos liberte dos nossos medos, incertezas e temores. Mas seria um erro ver na fé o refúgio fácil dos pusilânimes, dos covardes e ariscos.

A fé confiada em Deus, quando é bem entendida, não conduz o crente a eludir a sua própria responsabilidade ante os problemas. Não o leva a fugir dos conflitos para encerrar-se comodamente no isolamento. Pelo contrário, é a fé em Deus a que enche o seu coração de força para viver com mais generosidade e de forma mais arriscada. É a confiança viva no Pai que ajuda a superar covardias e medos para defender com mais audácia e liberdade o reino de Deus e a sua justiça.

A fé não cria homens covardes, mas pessoas resolutas e audazes. Não fecha os crentes em si mesmos, mas abre-os mais à vida problemática e conflitiva de cada dia. Não os envolve na preguiça e na comodidade, mas anima-os para o compromisso.

Quando um crente escuta verdadeiramente no seu coração as palavras de Jesus: “Não tenham medo”, não se sente convidado a fugir de seus compromissos, mas alentado pela força de Deus a enfrentá-los.

Para aprofundar a reflexão

Leia mais