Vatileaks: um processo curto para o ''corvo''

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

30 Setembro 2012

Um processo curto para o "corvo". "Temos à disposição quatro audiências na próxima semana e poderiam ser suficientes", disse o presidente do Tribunal Vaticano, Giuseppe Dalla Torre, prevendo uma conclusão rápida para o processo contra o ex-mordomo papal, Paolo Gabriele, acusado de ter roubado documentos confidenciais do apartamento do pontífice.

A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no sítio Vatican Insider, 29-09-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Paolo Gabriele, ex-mordomo do papa, hoje em julgamento por furto agravado após a investigação sobre o vazamento dos documentos confidenciais do papa, chegou à sala do tribunal vaticano sozinho, escoltado por policiais, mas sem o acompanhamento de nenhum familiar, e alguns minutos antes do horário fixado para a audiência, às 9h30. Gabriele assistiu impassível ao desenrolar da primeira audiência que durou cerca de duas horas e quinze minutos.

Terno cinza claro, gravata cinza escuro, camisa branca, Gabriele, ao longo da audiência, se mostrou com uma expressão um pouco tensa, mas sem externar sentimentos particulares. Ele ouviu o debate na maior parte do tempo sentado e de braços cruzados. De tempos em tempos, especialmente durante a suspensão da audiência para a câmara do conselho, trocou alguns comentários com seu advogado, Cristiana Arru, que estava sentada em frente dele na pequena sala do tribunal, que, entre testemunhas, espectadores, membros da corte, chanceleres e advogados, continha cerca de 30 pessoas.

Enquanto isso, surge que uma enorme quantidade de material foi apreendida do ex-ajudante de quarto, agora de posse do chefe da Gendarmeria, Domenico Giani: são 82 as caixas de materiais recolhidos. Trata-se de documentação de diversos tipos, não só cartas confidenciais, mas também materiais que foram considerados interessantes pelos investigadores.

Além disso, há também o secretário do papa, Mons. Georg Gänswein, uma das testemunhas previstas no processo contra o mordomo do papa, réu confesso por ter roubado documentos confidenciais da Santa Sé. No início sessão desse sábado, os juízes vaticanos, de fato, fizeram a lista das testemunhas, sem especificar se haviam sido chamadas pela acusação ou pela defesa. Está previsto o depoimento de Dom Gänswein, de Cristina Cernetti, uma das quatro "memores domini" (leigas consagradas do Comunhão e Libertação), que servem o papa no apartamento, e depois seis policiais vaticanos: Giuseppe Pesce, Costanzo Alessandrini, Luca Cintia, Stefano De Santis, Silvano Carli, Luca Bassetti.

Também estão previstas cinco testemunhas no processo (separado) contra Claudio Sciarpelletti, acusado de favorecimento no roubo: o próprio mordomo do papa, Paolo Gabriele, Mons. Carlo Polvani, responsável pela informação da Secretaria de Estado vaticano, o vice-comandante da Guarda Suíça, William Kloter, o comandante da polícia vaticana, Domenico Giani, e o policial Gianluca Gauzzi Broccoletti.

Claudio Sciarpelletti, técnico em informática, funcionário da Secretaria de Estado vaticana, declarou-se "inocente", explica o seu advogado, Gianluca Benedetti. A causa da ausência, explicou o seu advogado, foi "um fato imprevisto devido à agitação", causada pela tensão. No processo contra o técnico em informática, também deporá Mons. Carlo Maria Polvani, da Secretaria de Estado, sobrinho do atual núncio em Washington, Carlo Maria Viganò, protagonista de uma polêmica sobre a gestão do Governatorato que veio à tona graças aos documentos roubados por Paolo Gabriele e publicados.

A inclusão de Mons. Polvani (atualmente encarregado das relações da Secretaria de Estado com a mídia vaticana e a Sala de Imprensa) na lista das testemunhas pareceria voltada à necessidade de lançar luz sobre quem realmente entregou a Sciarpelletti o envelope encontrado na investigação, dentro do qual havia um panfleto polêmico sobre a gestão vaticana e um e-mail.

Sciarpelletti havia atribuído a entrega em um primeiro momento a Paolo Gabriele, que, ao invés, era o seu destinatário, depois a um monsenhor da Secretaria de Estado, que na acusação do promotor de justiça Nicola Picardi e na sentença do juiz instrutor Piero Bonnet estava até agora coberto por uma sigla.

Na terça-feira, às 9h30, ocorrerá a segunda audiência do processo contra Paolo Gabriele: está programado o interrogatório do próprio ex-mordomo papal.

Destaca-se, ainda, uma câmera usada para controlar os movimentos da casa de Paolo Gabriele. Com autorização do juiz vaticano datada de 8 de junho, ela havia sido posta pela Gendarmeria vaticana na escada da casa de Gabriele para gravar com imagens os movimentos de entrada e de saída da sua moradia.