As surpresas programáticas de Francisco

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14 Janeiro 2014

Ele não fez cardeal quem esperava de sê-lo e faz quem não o esperava, batiza a filha de um casal de "pecadores públicos" como eram definidos entre nós até os anos 1950 aqueles que se casavam somente no civil: não tem semana que Francisco não cumpra um gesto inesperado, mas os dois gestos do último domingo tem algo de programático que promete levar longe.

O comentário é de Luigi Accatoli, jornalista italiano, em artigo publicado no jornal Corriere della Sera, 13-01-2014. A tradução é de IHU On-Line.

O primeiro gesto aponta na direção do combate ao carreirismo do clero. O segundo indica a superação das "alfândegas pastorais".

Eram esperados dois cardeais residenciais iltalianos, Veneza e Turim, e não aconteceu. E não foi por causa da falta de lugares, já que foi inserido o arcebispo de Perugia que não é sede cardinalícias desde o fim do Estado Pontifício.

Isto já se vira com as nomeações para a Conferência Episcopal Italiana - CEI - e na Cúria, mas agora a coisa ficou mais clara: Bergoglio gosta de embaralhar as cartas do jogo da nomenklatura eclesiástica, particularmente da italiana que é a primeira do mundo em número e em ambições.

Em novembro o Papa deslocou o bispo Mariano Crociata da secretaria da Cei para a diocese de Latina, e ninguém, até hoje, soube explicar esta decisão. Em dezembro, surpreendendo todas as expectativas colocou no lugar de Crociata o bispo de Cassano all'Jonio, Nunzio Galantino.

Ele confunde os jogos, vira a página, remedia antigos esquecimentos. O remédio se viu com Loris Capovilla, que se torna cardeal aos 98 anos de idade. A página virada pode ser vista no fato que Bassetti, florentino, no seu tempo fora mandado para Perugia ao invés de Florença; e com a mesma lógica foram nomeados os atuais titulares das sedes de Turim e Veneza.

Estes jogos dizem respeito ao alto clero, como se dizia antigamente.

O fato do batismo, no entanto, diz respeito aos cristãos comuns, ou melhor, aos cristãos "irregulares": uma tal ampliação de admissões ao Papa batizador nunca se vira com Wojtyla e Ratzinger, que já celebravam batismos de grupo na capela Sistina.

O problema não era - não é - do direito de pedir o batismo de uma filha por parte de um casal casado somente no civil (o batismo também pode ser pedido por pais não casados) mas da oportunidade de "premiar" pessoas em situação irregular segundo a disciplina canônica.

Várias vezes Francisco falara contra as "alfândegas" que afastam os irregulares dos sacramentos  e quis dar um exemplo de superamento desta situação.

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