02 Dezembro 2024
O regime do ditador sírio, Bashar al-Assad, perdeu completamente o controle de Aleppo, a segunda cidade do país, afirmou uma ONG neste domingo (01/12).
A reportagem é publicada por DW, 01-12-2024.
Segundo Rami Abdel Rahman, chefe do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), o grupo Hayat Tahrir al Sham (ou Organização para a Libertação do Levante), antigo ramo sírio da rede terrorista Al Qaeda, e outras facções rebeldes aliadas "controlam a cidade de Aleppo, com exceção dos bairros controlados pelas forças curdas".
"Pela primeira vez desde o início do conflito [...], a cidade de Aleppo escapa do controle das forças do regime sírio", disse Rahman, em entrevista à agência de notícias AFP. Sediado no Reino Unido, o OSDH tem uma extensa rede de colaboradores na Síria.
Sobre a Síria. Assad ñ é anti-imperialista e o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), q atacou Aleppo e provocou reação russa, está longe de ser grupo rebelde democrático: é guerrilha salafista, antiga al-Nusra, filiada a al-Qaeda, financiada pela Turquia e apoiada por Israel e EUA. +
— Bruno Huberman (@brunohuberman) December 1, 2024
Na quarta-feira passada, o grupo islâmico Organização para a Libertação do Levante, juntamente com outras facções apoiadas pela Turquia, iniciou uma ampla ofensiva surpresa no norte da Síria e conseguiu expulsar de grandes regiões do norte as forças do governo, que são apoiadas pela Rússia e pelo Irã.
A operação coincidiu com a entrada em vigor de um frágil cessar-fogo no vizinho Líbano entre Israel e o movimento pró-iraniano Hezbollah, após dois meses de guerra aberta.
O Exército sírio afirmou que prepara um contra-ataque, ao mesmo tempo em que bombardeia, com a ajuda da aviação russa, aliada do presidente Bashar al-Assad, posições da oposição na tentativa de repelir seu avanço.
Bombardeios matam civis
Neste domingo, pelo menos cinco civis morreram e mais de 50 ficaram feridos em ataques efetuados por caças russos e sírios na província de Idlib, principal reduto da oposição do país, localizada no noroeste do território.
Segundo comunicou o grupo de resgate Capacetes Brancos na rede social X, quatro civis, incluindo uma mulher, perderam a vida e outros 54 ficaram gravemente feridos, a maioria crianças, em bombardeios de aviões do Exército regular sírio contra Idlib, incluindo campos de deslocados.
"Esta é uma avaliação não definitiva dos brutais ataques aéreos dos aviões de guerra do regime que tiveram como alvo bairros da cidade de Idlib, dois campos para pessoas deslocadas, instalações sanitárias e educativas e mercados na cidade", afirmou o grupo.
Por sua vez, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos afirmou que outro civil foi morto e vários ficaram gravemente feridos em cinco ataques aéreos da aviação russa contra um campo de deslocados no bairro de Al Jamaa, também em Idlib.
A ONG detalhou que os bombardeios russos se concentraram nos bairros de Murk, Jan Shayjuon, Kafr Nebl, Hazarin e Tel Kawkabah, bem como nos arredores da cidade vizinha de Hama, onde não se sabe por enquanto se houve vítimas.
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