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Papa Francisco: “A literatura abre o coração e a mente”. Artigo de Antonio Spadaro

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05 Agosto 2024

O Pontífice sublinha o valor da leitura de romances e poemas no caminho do amadurecimento pessoal. Uma academia que pratica ver através dos olhos dos outros

O artigo é de Antonio Spadaro, jesuíta, subsecretário do Dicastério para a Cultura e a Educação do Vaticano, ex-diretor da La Civiltà Cattolica e BoD da Universidade de Georgetown, publicado por Repubblica, 04-08-2024.

Eis o artigo.

O Papa Francisco decidiu escrever uma Carta sobre o «valor da leitura de romances e poemas no caminho do amadurecimento pessoal". Esta é uma decisão forte, inédita para um pontífice, que reconhece na página literária a abertura de um espaço interior de liberdade que nos permite não nos fecharmos dentro de “algumas ideias obsessivas que nos prendem de forma inexorável”. Um espaço que se abre “quando mesmo na oração ainda não conseguimos encontrar a quietude da alma”.

Esta Carta nasceu da experiência pessoal de Bergoglio. Em agosto de 2013 falei com ele sobre otimismo. Ele havia sido eleito há apenas cinco meses. Nessa conversa ele me disse que não gosta de se definir como “otimista”. Para ele é uma definição demasiado psicológica. Mas ele espera. "Pense no primeiro enigma do Turandot de Puccini", ele me diz.

Para Bergoglio, literatura e arte são vida

Naquele preciso momento percebi que Jorge Mario Bergoglio é uma pessoa que vive a poesia e a expressão artística como parte integrante da sua espiritualidade e pastoral. Já me tinha acontecido várias vezes, ao ouvi-lo falar como papa, que tinha reconhecido uma cripto-citação passageira, ali colocada sem premissas ou explicações "educadas". Sua fala adora metáforas e se mistura naturalmente com ecos da arte. O que mais me impressionou foi uma citação de memória de La Strada, de Fellini, que ele proferiu numa poderosa homilia de Páscoa improvisada.

Para Bergoglio, literatura e arte são vida. E é por isso que hoje ele chega a defini-lo em termos inequívocos como “essencial” para a formação dos padres e daqueles que cuidam da pastoral das pessoas. Ele consegue estabelecer uma ponte entre dois “ministros da palavra”: o poeta e o padre. E fá-lo citando Karl Rahner, um grande e brilhante teólogo jesuíta que hoje está esquecido.

Ler é “um ginásio onde se treina o olhar”, que o treina para “ver através dos olhos dos outros”

A arte não é “pela arte”, não é um mundo à parte, culto, erudito, cortês, essencialmente “burguês”. A sua visão radicalmente “popular” afeta também a produção artística e a sua utilização. Bergoglio é muito sensível ao “gênio” e à “criatividade”, que para ele não são exceções, mas dimensões da vida cotidiana enfrentada com energia e intensidade. A literatura tem «a ver, de uma forma ou de outra, com o que cada um de nós quer da vida», escreve na sua Carta. Mas ele já havia ensinado isso aos seus alunos do ensino médio há muitos anos. Hoje ele cita suas lições daquela época. Bergoglio os apresentou à escrita criativa, envolvendo seu amigo Borges, um dos protagonistas da Carta.

Mas para ele, não só quem escreve é criativo, mas também quem lê. Na sua Carta chega mesmo a afirmar que o leitor é um coautor, ou seja, «ele reescreve a obra, amplia-a com a sua imaginação, cria um mundo, usa as suas capacidades, a sua memória, os seus sonhos, a sua própria história cheia de drama e simbolismo, e desta forma o que emerge é uma obra muito diferente daquela que o autor queria escrever."

+++ #PapaFrancesco ha appena pubblicato una splendida Lettera sul ruolo della #letteratura nella formazione personale. E, in particolare, dei sacerdoti e di chi fa pastorale. Da leggere subito qui: https://t.co/pn6Wdpl7Fp . È un testo che afferma la lettura di poesia e racconti… pic.twitter.com/0gxSUb13Us

— Antonio Spadaro (@antoniospadaro) August 4, 2024

"Adoro os artistas trágicos", diz-me ele, e repete-o na sua Carta. A sua não é pura atração pela tragédia entendida como gênero literário, mas é um desejo de entrar na condição humana também através da representação estética. Não é o trágico elitista e refinado que o atinge, mas o trágico “popular”. A tal ponto que faz sua a definição de obra “clássica” que vem de Cervantes: a obra que todos de alguma forma podem sentir como sua, e não a de um pequeno grupo de conhecedores refinados.

As histórias, têm o realismo da carne humana, que é o do próprio Jesus: "Essa carne feita de paixões, de emoções, de sentimentos, de histórias concretas", escreve Francisco na sua Carta

A paixão pelo neorrealismo deve estar incluída nesta visão da arte ligada ao povo. Além do interesse por uma obra que Bergoglio gosta, mesmo que não seja, como ele mesmo admite, uma obra-prima: o poema épico argentino Martín Fierro, escrito por José Hernández em 1872, que dá forma ao desejo de uma sociedade onde todos têm lugar: o comerciante portenho, o gaúcho litorâneo, o indígena e o imigrante. Seu sotaque ao falar de Martín Fierro lembra o romantismo democrático e popular de Walt Whitman, contemporâneo de Hernández.

Mas sobretudo as histórias, as histórias, têm o realismo da carne humana, que é o do próprio Jesus: «Essa carne feita de paixões, de emoções, de sentimentos, de histórias concretas», escreve Francisco na sua Carta. É na leitura que “mergulhamos nos personagens, nas preocupações, nos dramas, nos perigos, nos medos” da vida, e assim nos tornamos “sensíveis ao mistério dos outros”.

A dinâmica popular da estética bergogliana é a mesma da sua visão pastoral. Ler não é observar o fluxo da vida desde a varanda (balconear, diz Francisco no seu dialeto), mas é uma forma de vivenciar e abrir a cabeça e o coração para compreender melhor a realidade. É “um ginásio onde se treina o olhar”, que o treina para “ver através dos olhos dos outros”. A arte e a literatura não são simplesmente um “laboratório” de experimentação de vanguarda: pelo contrário, fazem parte do fluxo da história, parte da jornada do homem na terra. São uma fronteira avançada, mas não um círculo de elite. Os artistas não estão isolados dos outros: criar arte e cultivar a beleza são herança da comunidade, não do indivíduo.

Um dos graves problemas da fé, para Bergoglio, consiste no fato de não podermos “imaginar” as verdades em que acreditamos: faltam-nos imagens poderosas. Esta é uma das razões pelas quais ele ama a “piedade popular”

Um dos graves problemas da fé, para Bergoglio, consiste no fato de não podermos “imaginar” as verdades em que acreditamos: faltam-nos imagens poderosas. Esta é uma das razões pelas quais ele ama a “piedade popular”: é uma reserva de ouro de imagens fortes e bem enxertadas no imaginário coletivo de um povo. A literatura latino-americana, em geral, poderia nos ajudar a compreender melhor a importância de uma imaginação rica e inconformista.

Um artista é apreciado se for “sentido”, não se for “pensado”. Nesta Carta, Francisco afirma-o claramente. Não que o primeiro exclua o segundo. Porém, é possível que o sentimento seja tão forte, rico e envolvente que supere imensamente a sua análise teórica

Tive a prova da ligação que ele sente entre uma obra de arte e uma visão da vida precisamente quando Bergoglio, na nossa conversa de 2013, me disse com veemência que as formas de expressão da verdade podem ser diversas e diferentes, e de fato que ao longo do tempo o homem muda a maneira como ele se percebe. Para expressar o conceito prefere não recorrer a reflexões sofisticadas sobre a “mudança antropológica”, mas dizer, de forma mais simples e direta, que a imagem helenística do homem que produziu a Nike de Samotrácia é uma coisa, aquela que encontra a sua forma é outra nas pinturas de Caravaggio, e outra é a do surrealismo de Dalí.

Depois, para falar do pensamento que engana o homem e da necessidade de a Igreja recuperar o “gênio” na compreensão da vida e da experiência humana, cita Ulisses, Tannhäuser e Parsifal. São exemplos que definem “um terreno instável onde as fronteiras entre a salvação e a perdição não são definidas e separadas a priori”. É a vasta terra da literatura que nos ensina a comparar a palavra com a vida.

"A sabedoria não se limita ao conhecimento. Conhecer também significa provar. Conhecemos o conhecimento... E também conhecemos os sabores."

Modulando o seu pensamento entre um autor e outro, Francisco falou-me da sua paixão por Mozart interpretado por Clara Haskil: "Isso me preenche: não posso pensar nisso, tenho que sentir". Nestas poucas palavras há toda uma concepção de fruição estética que distingue “sentir” e “pensar”. Um artista é apreciado se for “sentido”, não se for “pensado”. Nesta Carta, Francisco afirma-o claramente. Não que o primeiro exclua o segundo. Porém, é possível que o sentimento seja tão forte, rico e envolvente que supere imensamente a sua análise teórica. Bergoglio escreveu em 2005: "A sabedoria não se limita ao conhecimento. Conhecer também significa provar. Conhecemos o conhecimento... E também conhecemos os sabores." Mas é precisamente este o princípio fundamental dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, seu fundador: “não é muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear as coisas”. Devemos aprender a não perder isso numa vida marcada pelo algoritmo da eficiência: sentir e saborear as coisas. Por isso devemos voltar a folhear as páginas de um romance e seguir os espaços interrompidos de um verso poético.

Leia mais

  • A literatura e a arte de lidar com a raiva. Artigo de Faustino Teixeira
  • Uma nova história da literatura brasileira
  • Bravata é a mais legítima expressão do gaúcho. Entrevista especial com Luís Augusto Fischer
  • O impensável na literatura de Clarice Lispector. Entrevista especial com Evando Nascimento
  • O homem humano na literatura psicanalítica de Grande sertão: veredas. Entrevista especial com Marcia Marques de Morais
  • No coração do possível. O comum e a imaginação institucional na literatura utópica
  • Clarice Lispector. Uma literatura encravada na mística. Revista IHU On-Line, Nº 547
  • Grande Sertão: Veredas. Travessias. Revista IHU On-Line, Nº 538
  • Semana de Arte Moderna. Revolução ou mito? Revista IHU On-Line, Nº 395
  • Machado de Assis e Guimarães Rosa: intérpretes do Brasil. Revista IHU On-Line, Nº 275
  • Inácio de Loyola e o peregrinar por uma Igreja mais humilde, servidora e sinodal. Artigo de Gabriel Vilardi 

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