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Onde estava o seu Deus quando você foi agredido?

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10 Mai 2023

Em 2015, Patrick C. Goujon tem 48 anos e é professor no Centre Sèvres, a universidade dos Jesuíta em Paris, onde no momento ensina história da espiritualidade. Ele gosta de seu trabalho e se sente satisfeito com sua vida de sacerdote. Há apenas algumas dores incômodas, persistentes desde a infância, cujas causas os médicos nunca conseguiram encontrar. Até uma noite de outono, na qual de repente teve consciência de que quando criança foi abusado sexualmente por um padre. Por anos sua memória parece não ter guardado traços do que lhe aconteceu, como se tudo tivesse sido apagado. "Eu tinha que segurar um pesado segredo que guardei, trancado nas vértebras, como um grito sufocado antes mesmo de poder ser expelido". Mas o corpo é teimoso.

A divulgação foi publicada por Editoriale Domani, 09-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Assim nasceu o poderoso e delicado livro de memórias In memoria di me (Em memória de mim, em tradução livre), nas livrarias pela EDB, no qual Patrick C. Goujon reconstrói seu caso judiciário e reflete sobre o sentido de crer à luz do que aconteceu.

“Nunca poderia imaginar até que ponto os abusos sexuais contra uma criança pudessem destruir sua vida adulta. O que me chocava era o escândalo daqueles crimes, principalmente quando perpetrados por homens da Igreja. Eu me limitava a isso, até que um dia de repente voltou à minha memória o que eu havia sofrido quando criança, pelas mãos de um sacerdote. Fiquei preso à negação por quase quarenta anos. Depois de denunciar e finalmente falar, acreditei que poderia me curar, em vez disso, minha vida desmoronou. Nos escombros da minha história, voltava à tona uma pergunta insistente: como pude escolher me tornar eu mesmo um sacerdote?”.

É um pequeno livro de 100 páginas de literatura corajoso, com um belíssimo texto. Sóbrio, poderoso, essencial com o qual a Edizioni Dehoniane Bologna (EDB) se relança junto com a Marietti 1820, duas marcas históricas que encontram uma nova casa em Bolonha, Il Portico, uma nova realidade editorial presidida por Alberto Melloni: 120 novidades nas livrarias para 2023, entre novas propostas, reedições de prestigiosos catálogos e um prêmio literário dedicado às crianças.

O texto a seguir texto é retirado de In memoria di me: sopravvivere a un abuso, escrito por Patrick C. Goujon e publicado pela EDB.

In memoria di me: sopravvivere a un abuso, de Patrick C. Goujon (EDB).

Eis o texto.

Reencontrei a palavra, embora não soubesse que a havia perdido. Quando criança, fui abusado por um padre por vários anos. Um dia me foi permitido contá-lo a mim mesmo e depois falar.

Nunca pensei que me faria tanto bem. Eu deveria ter imaginado que a vergonha era apenas um fantasma, que não era nada comparada à paz que eu sentiria ao me libertar dos impedimentos. Eu não tinha me dado conta que tinha me calado. Não me lembro de ter escolhido me calar: a palavra simplesmente não saiu. Por muitos anos procurei as palavras, por instinto de sobrevivência. Admiro poetas e músicos capazes de ouvir o canto do silêncio. Foram eles que abriram meus ouvidos. Eu tive que sondar o coração à busca de uma dor que já acreditava passada. Felizmente soube inventar uma vida para mim, acolhê-la graças a numerosos encontros e maravilhas. Essa vida me salvou. Escolhi ser padre católico, no grupo dos jesuítas. Quase vinte e cinco anos se passaram desde então. Por anos eu suspeitei que algo estava escondido em algum lugar. Mas não havia nada à vista, nada a dizer. Até o dia em que comecei a cuidar das minhas costas.

Ou melhor, outras pessoas cuidaram delas para mim e me convidaram a fazer o mesmo, com doçura. Comecei a falar quando parei de sentir dor. Eu tinha que manter um pesado segredo que eu havia guardado, trancado em minhas vértebras, como um grito sufocado antes mesmo de poder ser expelido. Ao aliviar minhas dores, outras pessoas permitiram que minha palavra tomasse forma. E assim conseguiu escapar do local onde havia ficado aprisionada.

Por meio de massagens, exercícios e pressões libertadoras, essas pessoas transformaram suas mãos em uma alavanca. O que doía nas minhas costas subiu até os meus lábios. Minha palavra assim removeu as raízes de meus músculos doloridos. Isso me fez tomar corpo e escolher a liberdade.

Tudo isso pode então ser contado. Por longos meses a vergonha de ter sido contaminado grudou na minha pele. Um padre, por cerca de três anos, se masturbou contra mim. O sentido de culpa não demorou a chegar. Eu não disse nada, então o que eu tinha a esconder? Eu tinha tido algum prazer com isso? O que eu sentira quando criança? Esse pensamento me assombrava. Dentro de mim, um muro havia sido erguido: você não terá acesso àquela cena. Você não vai voltar para o que certa vez te destruiu.

“E, no entanto, você é um padre hoje. Como isso é possível?”, me perguntou, puxando-me para o lado, o inspetor de polícia. A resposta veio, direta: "Eu creio em Deus". Eu mesmo fui o primeiro a me surpreender por dizê-lo com tanta ênfase. O pandemônio dos últimos anos me permitiu depois voltar a essa resposta. Por que decidi ser padre? E hoje tinha que continuar a ser? Eu estava feliz em minha vocação, mas levado a me fazer esse questionamento. Eu queria descobrir a verdade sobre as minhas decisões. Foram remexidas profundas.

Não tenho ideia do que inicialmente despertou esse interesse em mim, na minha criança. Pelo que me contaram, parece que muito cedo manifestei a ideia de querer ser padre. Guardo a memória disso: estava ali. Tenho a impressão de que esse desejo me precedeu. Eu o domestiquei, não sem dificuldade

Santo sem Deus

Mais tarde, quando minhas escolhas tomaram forma, pareceu-me que poderia ajudar meus colegas do ensino médio ouvindo-os. Fiquei maravilhado com o quanto as coisas que me contavam sobre a sua vida, que para alguns deles já era bastante dolorosa, ressoassem com certas situações que costumava encontrar nas páginas do evangelho que lia na época. Ali, onde tudo parecia fechado, não há milagres, nem multiplicação de pães, mas rotas de fuga. Àqueles que se afundavam na culpa ou sob o peso da acusação alheia, Jesus de Nazaré os libertava sem obrigá-los a segui-lo. Livre diante da autoridade de seu tempo, denunciava a hipocrisia religiosa e assumia a defesa daqueles que eram obrigados a permanecer calados. Ele acabou sendo injustamente condenado à morte. Como poderia não ser seduzido por isso? Certamente não vi nele um Deus, mas um sábio que poderia ser chamado de santo. Eu não estava inclinado a acreditar em um Deus todo-poderoso. As obras dos programas escolares só alimentavam minha desconfiança: a cândida ironia do melhor dos mundos possíveis, bem como a sabedoria dos estoicos, respondiam apenas parcialmente às minhas perguntas de adolescente.

Camus me perturbava. Parecia-me que o “santo sem Deus” de A Peste representasse o ponto a que o cristianismo me conduzia. O credo do doutor Rieux ressoava em mim. “Não tenho nenhuma inclinação, acredito, para o heroísmo e a santidade. Ser homem, é o que me interessa." Eu poderia ter assumido para mim essa confissão. Ser padre pareceu-me, depois de muita hesitação, o caminho a percorrer. Mas eu tinha outros projetos. Eu teria gostado de me tornar um professor de ensino médio.

Eu me apaixonei. Eu não conseguia me imaginar, no futuro, sendo obrigado a obedecer a um superior religioso ou a um bispo. Foram anos e anos de oscilações. Com o diploma no bolso, o ingresso nos cursos preparatórios me colocou de novo diante das minhas principais aspirações. Sim, eu queria ensinar, e um trabalho de pesquisa universitária poderia ser uma possibilidade, mas não podia negar esse primeiro apego a Deus, que agia como uma força magnética que eu sentia desde a infância.

Ele escuta

Talvez, sem saber, eu me perguntara: "Mas onde estava o seu Deus quando você foi agredido?".

Eu não posso responder a essa pergunta. Eu nunca acreditei que Deus abriga os homens da violência, e tive a confirmação disso no destino que coube ao seu Filho. Mas ele escuta, e esta é a sua maneira de nos salvar. Jó suplicava aos amigos, sempre prontos a catequizá-lo sem nunca o escutar: “Se ao menos vocês me ouvissem, isso já será um consolo para o meu coração”.

As consolações que buscam apenas raciocinar sobre o sofrimento são ilusórias. Nós somos submetidos à prova da falta de intervenção de Deus. Eu acho que seja o lado escuro de sua atenção.

Nunca disse a mim mesmo que o mal que sofri não deveria ter acontecido na igreja.

Compreendi, desde a adolescência, que ela não está isenta de nenhum dos males perpetrados pela humanidade. Os seus crimes expõem a única questão que tem algum valor de ser feita: como me colocar, único entre todos os outros, diante da violência que descubro estar à obra na humanidade, dentro de mim e, com muito mais razão, naquelas mulheres e homens que professam uma ética fundamentada no amor ao próximo?

Enquanto a Igreja Católica - para limitar a discussão a ela - se acreditar livre do mal, seguirá o caminho errado. Como crentes, somos chamados a reconhecer que o mal opera nela, como em cada grupo humano e em cada um de nós. É claro até demais como a consciência de cada um de nós esteja dividida. E essa divisão, manifestada no mal deliberadamente escolhido, já aparece no momento em que nosso juízo se retira para a sombra e pensa que sua falta de firmeza na escolha do bem passará despercebida.

A única esperança é que o mal não sele a condenação definitiva de toda a humanidade. É isso, creio eu, que dá testemunho de Deus na fé dos cristãos. Ele não nos prende em um juízo de condenação, mas lança um apelo para que nos afastemos daquilo que nos impede de viver. Assim, nos leva de volta à nossa própria responsabilidade. “Você vai deixar a besta, agachada à sua porta, dominar você?” como foi perguntado a Caim antes de matar seu irmão mais novo, Abel.

A consciência traz consigo a mesma voz. Dentro da igreja, o crime de pedofilia é tanto um escândalo quanto um crime. Atinge os menores e algumas pessoas nunca o conseguem superar. Tudo deve ser colocado em jogo para que isso deixe de ocorrer.

Assim aprenderemos de novo que, como cristãos, compartilhamos o destino da humanidade dilacerada pela violência. Todos nós vivemos as mesmas lutas e todos ansiamos pela paz. Não tenho dificuldade de entender que alguém possa não querer nada com esse tipo de fé. Tudo parece desmentir tal promessa. Mas não pude renunciar a essa esperança, porque já a vi brilhar. Só peço para não esquecer o quanto a sombra e a luz estão próximas.

Leia mais

  • A história de Patrick C. Goujon, padre e jesuíta apesar dos abusos sofridos
  • Como os países europeus estão enfrentando o abuso sexual clerical
  • “A condenação das violências sexuais representa um leitmotiv do discurso eclesial desde os primeiros séculos da Igreja"
  • Rupnik e Anatrella: um antes e um depois na realidade dos abusos? Artigo de Cristina Inogés Sanz
  • O que há por trás dos abusos na Igreja? Artigo de Marcelo Neri
  • “Vaticano deve tratar melhor as vítimas de abuso”, diz Scicluna, principal investigador do papa
  • Para D. Scicluna “a abolição do segredo pontifício não resolverá todos os problemas, porém já não haverá travas institucionais”
  • EUA devem se preparar para novas revelações de abusos sexuais, afirma arcebispo Scicluna
  • “Devemos passar do silêncio a uma cultura da denúncia”. Entrevista com Charles Scicluna
  • Abusos: abriu-se uma caixa de Pandora. Outros McCarricks podem aparecer. Entrevista com Charles Scicluna
  • Católicos precisam de uma abordagem de justiça restaurativa para a crise de abuso sexual da Igreja
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  • A igreja, os abusos e a excomunhão fantasma. Artigo de Lucetta Scaraffia
  • Wojtyla sabia dos abusos sexuais desde que era arcebispo de Cracóvia
  • A crise dos abusos sexuais do clero e a legitimidade do Vaticano no cenário global. Artigo de Massimo Faggioli
  • “A Igreja não pode ser uma ‘sem-vergonha’”, diz o Papa comentando os abusos
  • “Os abusos não são um problema que resolvemos, mas uma questão que carregamos conosco”. Entrevista com Patrick Goujon
  • “A expressão ‘fracasso sistêmico’ explica que o problema dos abusos tem suas raízes na própria instituição.” Entrevista com Lucetta Scaraffia

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