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A querência amazônica, a physis em Heráclito e a modernização dos trópicos

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31 Março 2023

"A Amazônia é infiltrada pela ocidentalidade por meio de práticas modernas, mas enquanto ontologia, a floresta nunca deixa de existir por ser uma entidade intangível", escreve José Dalvo Santiago da Cruz, professor graduado em filosofia, mestre em educação e doutor em linguística. Trabalhou na universidade Nilton Lins, centro Universitário do Norte, Universidade do Estado do Amazonas e Universidade Federal do Amazonas, todas em Manaus, Estado do Amazonas.

Eis o artigo.

Vista de cima, a floresta parece um tapete verde composto pelas copas das árvores num horizonte que se conflui com o firmamento. Dentro dela, vegetais, animais e minerais compõem funcionalmente uma harmoniosa querência constituída de diferenças. Durante o dia, a densa luz natural espraia-se na atmosfera, atinge a folhagem das árvores e por ela é absorvida e atenuada ao penetrar no interior silvícola tornando o ambiente à meia-luz, fresquinho e aconchegante. Zumbidos de insetos, pios e cantos de pássaros penetram no silêncio do lugar. À noite, a temperatura é amena, aproximada do frio. Animais notívagos saem à caça enquanto os diuturnos dormem em suas tocas e ninhos. A floresta é movimento de dia e de noite. Nela seres se hominizam num gerúndio permanente na concepção ontológica atemporal em que os entes são na fluência do existir. É o galho de árvore que perde sua virilidade, cai e se torna adubo no solo para alimentar outros vegetais. São animais que morrem e são absorvidos pelo solo ou se tornam alimentos de seus predadores numa dinâmica à semelhança de fractais na harmonia geométrica.

Heráclito de Éfeso (540-470 a.C) viveu no preâmbulo da filosofia, denominada de pré-socrática, caracterizada por se ocupar da procura pela arché; daí os filósofos dessa época também serem chamados de naturalistas, pois ontologicamente, nessa época o racional humano ainda não havia se desvinculado da natureza tal como se verifica nos tempos subsequentes ao longo dos séculos, sobretudo, a partir do humanismo do século XIV que adensou a ocidentalidade por meio da modernidade no século seguinte. Heráclito é o filósofo do movimento, do paradoxo, da dialética, da unidade composta de diversos, pois “Ouvindo não a mim, mas ao logos, é sábio concordar que ser tudo-um” (Fragmento I, citado por Alexandre Costa, 2002, p. 197). O logos é o discurso dialético. E é por meio dele que o racional consciente se percebe na existência em recalque com a memória na dimensão inconsciente. É por meio do logos que o ser se hominiza em História e cultura. Em si, a filosofia é ato de alteridade constituída de consciência/inconsciência, cultura/História porque foi criada por meio da descoberta do logos na diversidade étnica grega no boom comercial mediterrâneo na Ásia menor.

A ontologia heracliteana se constitui da physis holística em dinâmica contínua expressa no logos que “(...) deixa e faz ver aquilo sobre o que se discorre e o faz para quem discorre e para todos aqueles que discursam uns nos outros” (HEIDEGGER, 2005, p. 62-63). Etimologicamente, o logos é polissêmico e, em Heráclito, tem o sentido de racionalidade enquanto imanência ontológica, o que faz possível considerar que a sua conotação de discurso seja uma via por onde o ser se expressa dentro das possibilidades da dualidade constituída de consciência e inconsciência porque “A couraça das palavras protege o nosso silêncio e esconde aquilo que somos” (MELLO, 1951). [1]

É no discurso mítico que o racional se hominiza inconscientemente e se molda estruturalmente no que Lévi-Strauss [2] chama de eficácia simbólica, quase paradoxalmente com o seu trajeto na construção histórica em que o racional (co) responde a desejos e age conscientemente para saciar seus impulsos incitados pela ideologia individualista própria da modernidade. [3] E ao sair da sua querência (natural), o racional se inventa numa moldura histórica por meio do logos dialético adensada no protótipo moderno. Nesse sentido, mesmo que tenha sido geograficamente invadida pela ocidentalidade e infiltrada em seus interstícios por pretensões ocidentais, a ontologia amazônica se mantém nela mesma, na sua holística plácida “escondida” aparentando estática, mas imanentemente dinâmica reagindo às agressões contra ela investidas ao longo dos sete séculos de ocidentalização, “(...) quando em 1498 Vicente Iañes Pinzon batizou o rio Amazonas de mar Dulce, mas ocupada efetivamente pelos portugueses somente a partir de 1630” (SOUZA, 2002, p. 31). [4]

Assim como as águas escuras não se misturam com as claras dos rios, Ocidente e Amazônia não se confluem porque suas estruturas são antagônicas. A destruição física da primeira por meio de desflorestamento e poluição das águas dos rios e de infiltrações ideológicas modernas nas culturas maternas da região não significa domínio pleno, pois a aculturação há décadas deixou de ser aplicável sendo substituída pela teoria da etnicidade [5] pela qual se postula a manutenção cultural materna em decorrência de identidades étnicas historicamente postas nas zonas de fricções interétnicas, [6] a exemplo das indígenas que convivem com a ocidentalidade há sete séculos, mas se mantêm na conjuntura moderna em seus respectivos etnônimos nativos, embora sofrendo vários tipos de violência simbólica e física.

Assim, a Amazônia é infiltrada pela ocidentalidade por meio de práticas modernas, mas enquanto ontologia, a floresta nunca deixa de existir por ser uma entidade intangível, distinta da mentalidade ocidental focada quase unicamente na tangibilidade ofuscando a metafísica que a move e a faz sentir por meio de seus latejantes desejos numa insaciabilidade feroz que se contrasta com a placidez lúcida amazônica em sua exuberância indiferente à fúria desenfreada do ocidente em sua modernidade tardia que demonstra a contemporaneidade no século XXI do filósofo de Éfeso:

“Desse logos, sendo sempre, são os homens ignorantes tanto antes de ouvir como depois de o ouvirem; todas as coisas vêm a ser segundo esse logos, e ainda assim parecem inexperientes, embora se experimentem nestas palavras e ações, tais quais eu exponho, distinguindo cada coisa segundo a natureza e enunciando como se comporta. Aos outros homens, encobre-se tanto o que fazem acordados como esquecem o que fazem dormindo” (Fragmento II). [7]

E na filosofia contemporânea não faltam filósofos que atentem para a astúcia da razão (ocidental), a exemplo de Hegel que também postula o fim da História no alcançar da ocidentalidade quando alhures se infiltrar não somente em distância geográfica, sobretudo, em diferenças ontológicas, o que é o caso da distinção estrutural da Amazônia para a ocidentalidade porque a primeira é holística e atemporal, mítica; distinta da ocidental fragmentada, histórica e vertical.

Notas

[1] MELLO, Thiago. Silêncio e Palavra. In: Vento geral (1951-1981). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984.

[2] LÉVI-STRAUSS, Claude. A eficácia simbólica. In: Lévi-Strauss, Claude. Antropologia estrutural. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Editora Cosac-Naify, 2004. p. 201- 220, cap. X.

[3] DUMONT, Louis. O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.

[4] SOUZA, Márcio. Amazônia e modernidade. Estudos Avançados, 16, 45, USP, 2022.

[5] BARTH, Fredrik. O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2000.

[6] CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O índio e o mundo dos brancos. São Paulo: Difusão Europeia do livro, 1964.

[7] COSTA, Alexandre. Heráclito: fragmentos contextualizados. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002. p. 197.

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