15 Setembro 2022
O Rio Grande do Sul é o Estado da região sul do país com maior percentual de lares que enfrentam a fome. No Estado, 14,1% dos domicílios registram insegurança alimentar grave. Esse quadro é caracterizado por sentir fome e não comer por falta de dinheiro para comprar alimentos, fazer apenas uma refeição ao dia ou ficar o dia inteiro sem comer. Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (Vigisan), divulgado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) nesta quarta-feira (14).
A reportagem é de Anderson Aires, publicada por Zero Hora, 16-09-2022.
O Estado lidera nesse quesito com certa folga em relação aos vizinhos. Paraná tem 8,6% dos lares em situação de insegurança alimentar grave. Já Santa Catarina apresenta 4,6% nesse indicador.
O relatório destaca que os diferentes cenários entre Estados apontados na pesquisa ocorrem diante de uma série de fatores, como dinâmicas populacionais e estruturas socioeconômicas. "As diferenças entre os Estados estão ligadas tanto aos processos históricos de suas dinâmicas populacionais, estruturas socioeconômicas e processos políticos, quanto à aderência das decisões político-administrativas e das agendas de organizações sociais às necessidades de suas populações locais".
Abrindo mais o leque, levando em conta a insegurança alimentar moderada, o levantamento mostra que 25,4% dos lares gaúchos enfrentam algum tipo de falta de alimento. E também aponta que 64% das famílias que se encaixam nesta situação têm renda de até meio salário mínimo por pessoa.
Integrante da Rede Penssan e presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea-RS), Juliano de Sá faz um alerta em relação à presença de crianças em lares com insegurança alimentar moderada ou grave. No Estado, apenas quatro em cada 10 domicílios com crianças de até 10 anos têm segurança alimentar.
O economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS Ely José de Mattos afirma que o avanço da pobreza e da pobreza extrema no Estado pode ajudar a explicar a liderança do RS dentro da insegurança alimentar grave na região. Problemas de desenvolvimento mais acentuados ante os Estados vizinhos são alguns dos fatores que ajudam a entender esse movimento, segundo o especialista. Como exemplo, cita o Índice de Desenvolvimento Estadual — Rio Grande do Sul (RS), que mostra esse retrato nos últimos anos: "O Rio Grande do Sul passou a enfrentar, nos últimos 20 anos pelo menos, um cenário onde o desenvolvimento passou a ser mais dificultado. Se a gente olhar só para a educação, por exemplo, não estamos mais nem no primeiro pelotão".
No Rio Grande do Sul, 52,4% dos domicílios vivem situação de segurança alimentar. Ou seja, os integrantes do grupo familiar têm acesso regular e permanente a alimentos em quantidade suficiente e sem o comprometimento do acesso a outras necessidades básicas.
A íntegra da reportagem pode ser lida aqui.
Leia mais
- 3 em cada 10 famílias brasileiras passam fome no Brasil, diz estudo da Rede PENSSAN
- Campanha Não troque o Seu Voto retorna às ruas pelo voto consciente no combate à sede e à fome no Semiárido
- Josué de Castro: Brasil da fome, ontem e hoje
- Ação da Cidadania inicia campanha colaborativa de combate à fome de 33 milhões brasileiros
- Mais de 1 milhão de pessoas passam fome no RS
- ‘Foi o que me sustentou nos últimos meses’: Escolas se arriscam e deixam alunos levarem merenda para familiares com fome
- A fome explode e o “agro” planta combustíveis
- ONU: Quase três em cada 10 brasileiros não têm garantia de comida. Entre eles, 15,4 milhões passam fome
- Pular refeição, dormir sem comer e cozinhar com lenha: Como é viver com fome
- Em meio à fome, mais de 2,78 milhões de famílias estão na fila do Auxílio Brasil
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
RS. 14% das famílias passam fome. Resultado é o pior entre os Estados do Sul - Instituto Humanitas Unisinos - IHU