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Mariátegui: convite ao comunismo indigenista

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30 Junho 2021


"Mariátegui foi quem melhor compreendeu a força dessa tradição de luta contra o Estado colonial antes e depois do ciclo de independências políticas que varreu a América Latina do século XIX", escreve Ruy Braga, doutor em Ciências Sociais pela Unicamp, professor titular da USP e chefe do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da mesma instituição, em artigo publicado por Outras Palavras, 28-06-2021.

 

Eis o artigo.

 

Enquanto escrevo esta apresentação, a eleição presidencial peruana de 2021 segue indefinida, mesmo após a apuração de todas as urnas do país. Pedro Castillo obteve uma estreita vantagem de 44 mil votos sobre Keiko Fujimori e deve ser declarado vencedor assim que a justiça eleitoral peruana julgar os recursos impetrados pela candidata da extrema direita. É impossível não ver na provável vitória eleitoral de Castillo, um professor e líder sindical com fortes laços indígenas à frente de um partido político que combina educação popular, ativismo sindical e auto-organização indígena, o espectro do mais original pensador marxista latino-americano: José Carlos Mariátegui.

Afinal, Mariátegui foi o maior defensor da articulação entre o radicalismo político derivado das análises marxistas com a linguagem dos movimentos populares e indígenas da América Latina. E nove décadas após sua morte, o partido-movimento Perú Libre recupera as tarefas emancipatórias legadas por Mariátegui aos trabalhadores peruanos ao derrotar o velho projeto autoritário, colonialista e extrativista sintetizado na candidatura de Keiko Fujimori. Não parece despropositado observar na atual conjuntura político-eleitoral peruana o anúncio de um novo momento para a América Latina: as forças do progresso tendem a triunfar, ainda que tenham que superar a encarniçada resistência dos acólitos reacionários representantes da política de espoliação neoliberal.

Exatamente por se tratar de uma disputa tão importante para o futuro de nosso subcontinente é que necessitamos compreender as ideias que balizam parte significativa da esquerda peruana e, ainda hoje, alimentam o imaginário de ativistas sociais, sindicalistas, trabalhadores e comunidades tradicionais em diferentes contextos nacionais: o comunalismo ayllu enraizado nas tradições de resistência e luta das comunidades indígenas andinas que, a despeito do genocídio colonial imposto pelos europeus, jamais deixaram de reinventar suas próprias tradições rebeldes, tanto no campo quanto nas cidades. Mariátegui foi quem melhor compreendeu a força dessa tradição de luta contra o Estado colonial antes e depois do ciclo de independências políticas que varreu a América Latina do século XIX.

Criador do jornal socialista “Amauta” – “sábio” em quíchua, língua do império Inca –, órgão cultural que marcou toda uma geração de intelectuais e ativistas políticos nos anos 1920 e 1930, além de secretário-geral do Partido Socialista Peruano, Mariátegui morreu com apenas 35 anos, porém, ainda assim, deixou uma marca indelével no pensamento radical latino-americano. Atento tanto às rebeldias locais, indígenas, estudantis e trabalhistas, quanto aos levantes europeus, ele soube sintetizar as dimensões universal e particular da emancipação humana em um projeto político singular cuja força alimentava-se da combinação de movimentos populares regionais com a teoria revolucionária marxista, conhecido como “socialismo indo-americano”.

Esquematicamente, trata-se de uma síntese apoiada na aposta de que as lutas de classes modernas seriam bem recebidas por formas culturais pré-modernas, isto é, “proto-comunistas” existentes nos Andes. Nesse sentido, a comunidade ayllu que havia resistido ativamente à mercantilização capitalista impulsionada pela colonização, seria o embrião de um movimento socialista capaz de transformar sociedades de castas neocoloniais em verdadeiros Estados nacionais independentes. Isso só aconteceria quando o comunalismo ayllu e socialismo europeu se aliassem em uma atividade revolucionária de massas capaz de unificar povos indígenas e trabalhadores organizados por meio de um projeto político, capaz de articular as escalas local, nacional e internacional.

Ou seja, Mariátegui almejou “formar” uma nação recorrendo a uma espécie de desvio internacionalista por meio do qual incontáveis comunidades indígenas espalhadas por diferentes partes da América Latina superariam os limites dos atuais Estados nacionais unificando-se ao redor de um projeto voltado para o futuro do subcontinente e não mais sufocado por seu passado colonial. Em outras palavras, o marxismo romântico e decolonial de Mariátegui não essencializou a cultura ameríndia pré-colonial – de resto, tarefa levada a cabo pelos próprios colonizadores a fim de reproduzir as bases de sua dominação. Ao contrário, ele procurou desnaturalizar os fundamentos de nossa subordinação pós-colonial por meio de uma síntese politicamente internacionalista que, por isso mesmo, enraíza-se nas tradições locais e nacionais.

De uma certa maneira, o livro de Deni Alfaro Rubbo, “O labirinto periférico: aventuras de Mariátegui na América Latina”, moveu-se impulsionado por essa dialética entre o local, o nacional e o internacional posta pelo marxismo mariateguiano. Até onde eu sei, trata-se do primeiro estudo sistemático sobre a recepção da obra de José Carlos Mariátegui nas ciências sociais latino-americanas. Tendo por base uma refinada pesquisa teórica e documental desenhada para compreender a circulação e a apropriação das ideias do marxista peruano em nosso subcontinente, o livro de Deni amparou-se em um vasto material empírico abarcando desde entrevistas com militantes, intelectuais e editores diretamente ligados ao legado de Mariátegui, além de notável esforço de consulta de acervos públicos e arquivos particulares em diversos países. Entre esses acervos e bibliotecas vale destacar a Casa Museo José Carlos Mariátegui em Lima, a Bibliothèque Nationale de France (BNF) em Paris e a Casa de las Americas em Havana. No Brasil, Deni debruçou-se sobre o Fundo Florestan Fernandes (FFF) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), além do Memorial Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB) e do Centro de Documentação e memória (Cedem) da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

É dispensável dizer que a investigação desse conjunto de coleções, acervos e fontes espalhados por América Latina e França, permitiu que o livro adquirisse uma riqueza ímpar em termos de precisão e profundidade, tornando seu enfoque marcadamente inovador no campo de estudos mariateguianos. Deni afirma que a combinação entre um esforço editorial hercúleo levado adiante pelos familiares de Mariátegui e determinadas circunstâncias sociopolíticas e culturais vividas no Peru e na América Latina viabilizou a construção de redes de circulação internacional espalhando as ideias do marxista peruano. Assim, aos poucos, uma imagem heterodoxa de Mariátegui como um dos principais referenciais de reconstrução do marxismo latino-americano emergiu em flagrante contraste tanto em relação às teses dualistas e desenvolvimentistas que marcaram historicamente a esquerda em nosso subcontinente, quanto em relação às teorias culturalistas que essencializam os povos tradicionais atualizando o mito do “bom selvagem”.

Explorando a dialética entre o local, o nacional e o internacional, um dos pontos fortes desse livro é, sem dúvidas, a minuciosa análise do processo de difusão, em especial a partir dos anos 1960, da obra de Mariátegui por diferentes conjunturas políticas e realidades nacionais, as tais “aventuras latino-americanas” referidas no subtítulo. Além das apropriações ideológicas realizadas por órgãos estatais e organizações políticas peruanas, Deni estuda a apropriação de Mariátegui por duas figuras-chave do marxismo latino-americano: o peruano Aníbal Quijano e o argentino José Aricó.

Ademais, Deni demonstra como o campo de estudos “decoloniais” na América Latina, em especial o Grupo Modernidade/Colonialidade, apropriou-se de Mariátegui por meio da “crítica ao eurocentrismo”. Finalmente, o livro examina a recepção de Mariátegui no Brasil com base em um mapeamento de seus leitores: intelectuais, exilados e militantes de organizações partidárias. Trata-se de uma espécie de arqueologia das ciências sociais no país, com especial destaque para Florestan Fernandes e Michael Löwy. Assim, percebemos como o autor dos “Sete ensaios de interpretação da realidade peruana”, a despeito de raramente se referir ao Brasil, influenciou intérpretes decisivos de nossa sociedade. Por tudo isso, tenho certeza que o livro de Deni Alfaro Rubbo irá satisfazer a todos aqueles que buscam compreender e transformar a atual encruzilhada latino-americano. Afinal, o labirinto periférico continua tão desafiador nos dias correntes quanto nos tempos de Mariátegui.

 

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