Alemães planejam continuar conversas sobre a intercomunhão

A Conferência de Bispos Católicos da Alemanha e o Conselho de Igrejas Evangélicas da Alemanha planejam continuar suas discussões sobre intercomunhão, conforme noticia a agência de notícias católica da Alemanha, KNA.

A reportagem é publicada por Catholic News Service, 07-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Teólogos e bispos, católicos e protestantes, da Alemanha publicaram um relatório sobre o tema em maio, e ficou agendado para ser discutido na assembleia de outono dos bispos alemães, em Fulda, no final de Setembro.

No entanto, em 18 de setembro, a Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano vociferou fortemente objeções ao relatório, dizendo que as diferenças entre católicos e protestantes no entendimento da eucaristia e ministério eram “ainda muito graves” para permitir o atendimento dos serviços um ao outro, reportou a KNA.

Em 06 de outubro, líderes de ambas igrejas identificaram questões que “ainda precisam ser esclarecidas” e abordadas por católicos e protestantes de ambos os lados, afirmou a KNA.

“Para a Igreja Católica, as questões abertas são tão importantes, que não se sente capaz de permitir a participação mútua antes de que essas sejam esclarecidas, especialmente porque a questão da unidade da Igreja Católica é afetada aqui também”, dizem no comunicado os líderes das igrejas.

A Alemanha tem muitos casamentos mistos – católicos e protestantes – e o tema da permissão de receber a comunhão na igreja do cônjuge tem sido uma longa preocupação. Em 2018, um casal católico-luterano, que completavam 24 anos de casados, disse ao Catholic News Service que muitos casais como eles “são rejeitados e recebidos friamente nas igrejas, o que tem tensionado o casamento e leva ao afastamento da Igreja”.

“Isso deveria ser totalmente inimaginável para nós, nos separarmos um do outro na mesa do Senhor, quando nós compartilhamos toda a nossa vida juntos e em todo lugar”, disseram Herbert e Ines Heinecke.

Quando o papa Francisco visitou um pároco luterano em Roma, em novembro de 2015, uma mulher luterana casada com um católico perguntou ao papa Francisco por que ela não poderia receber a comunhão quando ela ia à missa com seu marido.

O Papa respondeu que não poderia emitir uma regra geral sobre a comunhão compartilhada, mas o casal deveria orar, estudar e então agir de acordo com suas consciências.

Em maio de 2018, Francisco pediu aos bispos da Alemanha que continuassem trabalhando juntos para encontrar um consenso mais amplo sobre as diretrizes para permitir que um protestante casado com um católico receba a Eucaristia. O Vaticano disse que os bispos alemães foram informados: “O papa Francisco aprecia o compromisso ecumênico dos bispos alemães e pede-lhes que encontrem, em um espírito de comunhão eclesial, um resultado tão unânime quanto possível”.

Leia mais

• Bispos alemães desafiam a recusa do Vaticano de intercomunhão com os protestantes
• Os bispos alemães pedem “calma” ao Vaticano na polêmica sobre a intercomunhão entre católicos e prostestantes
• Sonho, consciência e instituição. Qual ecumenismo para a eucaristia? Artigo de Andrea Grillo
• Doutrina da Fé impede que católicos e protestantes compartilhem a missa na Alemanha
• O primado do sacramento sobre a ética e a intercomunhão segundo Francisco. Réplica de Giulio Meiattini
• Confusão em torno da intercomunhão continua após semanas de debates
• Após a rejeição do Vaticano, bispos alemães se sentem "obrigados seguir em frente" sobre a intercomunhão
• Intercomunhão: seguir em frente com coragem no ecumenismo, defendem bispos alemães
• Carta aos alemães sobre a Intercomunhão: um 'chamado à reflexão'
• Ainda sobre a Eucaristia nos casamentos mistos