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Pasolini intérprete de São Paulo

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17 Agosto 2020

"Pasolini manterá em relação ao seu São Paulo uma tensão sempre viva e muitas vezes contraditória entre a exaltação e a condenação ("eu sou tudo para o santo, enquanto certamente não sou muito terno com o sacerdote"), encarnada através de sentimentos ambivalentes, através da conscientes e inconscientes movimentos de identificação e oposição ao apóstolo", escreve Virginia Casagrande, em artigo publicado por Settimana News, 13-08-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo. 

"Eu poderia falar sobre UM que foi sequestrado para o Terceiro Céu: / em vez disso, falo de um homem frágil: fundador de igrejas" [1]. Que Pasolini tenha sido um escritor ateu, mas profundamente religioso, é demonstrado por toda a sua produção. Famosa é sua incansável necessidade de interrogar o mistério de Jesus de Nazaré, cujo traço mais sublime permanece o filme de 1964, O Evangelho segundo Mateus.

Menos conhecido, porém, mas não menos relevante, é o grande interesse que Pasolini demonstrou por outro personagem fundamental tanto para a história do cristianismo como para toda a história ocidental: Paulo de Tarso. A figura do pregador judeu parece uma presença constante em sua obra, tanto que encontramos vestígios dela em vários produtos cinematográficos, narrativos e poéticos, desde o final dos anos 1940 até o limiar de 1975.

O aspecto mais interessante da interpretação de Pasolini do apóstolo, sem dúvida, emerge no esboço de roteiro para um filme sobre a vida de São Paulo, em estudo de 1966 a 1974, nunca realizado devido à fracassada colaboração com a produtora Sampaolofilm [2].

A inacabada obra sobre São Paulo

O elaborado texto desse roteiro surge do confronto entre as duas principais fontes paulinas: os Atos e as Epístolas. Na verdade, embora os dois textos possam ser comparados em muitos pontos, devem ser reconhecidas também suas consideráveis discrepâncias. Os Atos apresentam um Paulo teologicamente mais edulcorado, que tende a diluir as posições teológicas radicais das Epístolas, na perspectiva de agradar a Tiago e à comunidade-mãe de Jerusalém.

Pasolini, intelectual afiado, capta essa tensão entre as duas fontes e a leva a extremos na ficção literária do roteiro, chegando a representar Paulo como um sujeito dividido, esquizofrênico como afirma Guastini[3], e a transformar a escrita dos Atos por parte de Lucas em um operação inspirada por Satanás. A psicose do apóstolo se alterna entre dois polos definidos como Trasumanar e Organizzar[4], ou mesmo no contraste entre "o santo e o sacerdote"[5], que representam o impossível compromisso entre ascetismo místico de um lado e o necessidade de se relacionar com as urgências materiais pelo outro.

Esta última exigência empurra inelutavelmente Paulo para a organização da Igreja e, portanto, para a fundação funesta de uma instituição. Por isso Pasolini, de índole fortemente anticlerical, afirma de modo veemente: "Acuso São Paulo de ter fundado uma Igreja em vez de uma religião[6]". E ainda: "a sexofobia, o antifeminismo, a organização, as coletas, o triunfalismo, o moralismo [...] as coisas que fizeram o mal da Igreja já estão todas nele"[7]. O promotor da caridade se tornou o fariseu escravo da Lei e da norma, que "nasceu da fé e da esperança / (sem a caridade, que é touton méizon)"[8], tornando-se cúmplice da presente razão burguesa e responsável pela atual dessacralização do mundo.

Pasolini explica com muita lucidez como a única alternativa para isso é "viver / [à margem / das instituições como um bandido"[9], ter a coragem de aceitar uma condição dilacerante de orfandade, porque "as instituições são comoventes, / e comoventes porque existem: porque / a humanidade - essa pobre humanidade - não pode prescindir delas"[10].

O sagrado e o arcaico

O filme idealizado por Pasolini deveria transpor as viagens apostólicas para a Europa e Estados Unidos do final dos anos 1930 e final dos anos 1960, com vistas principalmente de fazer dialogar o pregador [11] com a moderna sociedade aburguesada e industrializada e com a instituição católica agora já inepta e obsoleta, ambas manipuladas pelo novo poder consumista, fascista em suas modalidades, em que Pasolini reconhecia a origem da dramática perda de contato com o sagrado.

Recuperar esta relação com o mistério do mundo e das coisas foi talvez a urgência mais pungente do poeta, como justamente comenta Calabrese: “pela palavra de São Paulo”, o sagrado - verdadeiro “tesouro em vasos de barro” (2Cor 4,7) – “ainda pode ser nomeado ou reevocado”[12]. O expediente utilizado por Pasolini e recuperado do Evangelho segundo Mateus consistia em manter inalterados nos lábios do Apóstolo dos gentios os discursos das Epístolas de 2.000 anos atrás, apesar dos interlocutores lhe perguntarem questões "específicas, circunstanciadas, problemáticas, políticas, formuladas com uma linguagem típica dos nossos dias [13].

Pasolini manterá em relação ao seu São Paulo uma tensão sempre viva e muitas vezes contraditória entre a exaltação e a condenação ("eu sou tudo para o santo, enquanto certamente não sou muito terno com o sacerdote"[14]), encarnada através de sentimentos ambivalentes, através da conscientes e inconscientes movimentos de identificação e oposição ao apóstolo.

A esse respeito, é interessante sinalizar uma carta particular de 1964 dirigida a Dom Giovanni Rossi da Pro Civitate Christiana, caso único em que a identificação com São Paulo se torna radicalmente consciente e radicalmente íntima: “Talvez porque sempre caí do cavalo [ ...] e um dos meus pés permaneceu enredado no estribo, por isso não sou capaz de cavalgar, mas de ser arrastado, batendo a cabeça na poeira e nas pedras. Não posso voltar a montar no cavalo dos Hebreus e dos Gentios, nem cair para sempre na Terra de Deus”[15].

P.P. e seu duplo

Além da evidente referência ao famoso episódio da estrada de Damasco, que Pasolini interpreta até as extremas consequências, esta carta marca o início de uma linha tênue entre a experiência do poeta e a do apóstolo, que ponto por ponto continua até o fim de sua vida. Não é por acaso que alguns estudiosos muitas vezes definiram São Paulo como um dos mais fortes alter egos do escritor[16], especialmente em seu desejo de ser objeto de escândalo para a sociedade. A longa e complexa relação com esse personagem que aparece, entre outros, em relevantes obras publicadas e inéditas como Teorema, Medea e Romans, termina na última coletânea poética publicada em vida, a Nuova Gioventù datada de 1975.

A última palavra de Pasolini sobre Paulo de Tarso é muito dura, mas não tão distante de tudo o que observamos até agora. Paulo "foi a grande desgraça"[17] dos lugares do mito pasolinianos e isso é vivido exatamente como um luto, como uma dor quase física "no fundo do meu coração"[18]. O mundo que percorria o rio Tagliamento, o mundo das memórias da infância do poeta, é agora apenas uma "grande Igreja cinza"[19] onde os garotos "são maus e sérios como que São Paulo"[20]; identidades despojadas de sua força vital ancestral, de sua alegria e espontaneidade, em sintonia com a poética das Cinzas de Gramsci[21].

A mudança antropológica parecia apocalíptica e irreversível aos olhos de Pasolini, a quem só restava denunciar tudo isso com sua pena, transformando-o em versos nas suas páginas de anotações, onde "em suas viagens nunca chegou São Paulo”[22].

 

Notas:

[1] P.P. Pasolini, Tutte le poesie,, T. II, editado por W. Siti, Mondadori, Milan 2003, 25.
[2] A. Monge, “Rimpianto per il ‘Paolo’ di Pasolini", in Paulus, n . 1 (julho de 2008), 66-67.
[3] D. Guastini, “Chi è San Paolo? Le risposte di Pasolini e Badiou", em Pòlemos 9 (2016), 87-105, aqui 89.
[4] P.P. Pasolini, Saggi sulla politica e sulla società, editado por W. Siti e Silvia de Laude, Mondadori, Milão 1999, 1462.
[5] P.P. Pasolini, Lettere 1955-1975, editado por N. Naldini, Einaudi, Turin 1988, 639-640.
[6] L. De Giusti, Pier Paolo Pasolini. Il cinema in forma di poesia, Cinema Zero, Pordenone 1979, 156.
[7] Ibid.
[8] P.P. Pasolini, Tutte le poesie, T. II, 22.
[9] P.P. Pasolini, Tutte le poesie, T. II, 83.
[10] P.P. Pasolini, Tutte le poesie, T. II, 20.
[11] P.P. Pasolini, Saggi sulla politica e sulla società, 1600-1601: “nos nossos tempos mas sem mudar nada [...] mantendo-se fiel às suas cartas”.
[12] G. Conti Calabrese, Pasolini e il sacro, Jaca Book, Milão 1994, 46.
[13] P.P. Pasolini, San Paolo, Garzanti, Milão 2017, 15.
[14] P.P. Pasolini, Lettere1955-1975, 639- 640.
[15] P.P. Pasolini, Letters1955-1975, 576-577. A carta foi publicada em "Rocca" em 15 de novembro de 1975.
[16] A. Maggi, The resurrection of the body. Pier Paolo Pasolini from Saint Paul to Sade, University of Chicago Press, Chicago 2009, 22: “This film project […] is Pasolini’s most direct and sincere self-portrait, his most explicit autobiography”.
[17] P.P. Pasolini, Tutte le poesie, T. II, 471.
[18] P.P. Pasolini, Tutte le poesie, T. II, 471.
[19] P.P. Pasolini, Tutte le poesie, T. II, 473.
[20] P.P. Pasolini, Tutte le poesie, T. II, 472.
[21] P.P. Pasolini, Le ceneri di Gramsci, Garzanti, Milão 2013, 56: “atraído por uma vida proletária / anterior a você, é para mim religião / a sua alegria, não a milenar / sua luta […]”.
[22] P.P. Pasolini, Le cenri di Gramsci, 472.

 

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