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Tudo está interligado no caminho de Jesus de Nazaré, manso e humilde de coração. Artigo de Aloir Pacini

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07 Julho 2020

"Que São Benedito leve todos que estão morrendo por causa da pandemia aos céus, às aldeias de seus antepassados, depois de viver na terra o amor aos pobres de Deus, especialmente aos parentes indígenas. Fazer memória de algumas pessoas faz com que elas vivam intensamente", escreve Aloir Pacini, padre jesuíta, antropólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.

 

Eis o artigo.

O meu tríduo de São Benedito deste ano será esforçar-me em comunicar com vocês escrevendo este texto. Uma forma de fechar mais esse ciclo será, no horário da procissão de São Benedito, o maior evento religioso do Mato Grosso, às 17 horas do dia 05/07/2020, participar de um culto ecumênico no Rio de Janeiro[1], estando confinado em Cuiabá.

Peço licença a todos os nossos antepassados e ancestrais que estão nos trazendo até aqui hoje para fazermos a nossa homenagem a São Benedito, o cozinheiro negro que conquistou o coração dos cuiabanos com o cafezinho e o guaraná que lhe é oferecido todas as manhãs nas nossas cozinhas. Meu São Benedito, o vosso manto [a vossa manga; mão; casa...] cheira, cheira cravo e rosa, flor de laranjeira[2]; em outras canções, já que este ano a festa foi em casa: Viva São Benedito, ele é negro, ele é Santo, ele é bonito. Viva São Benedito[3]! Protege o povo brasileiro que vem feliz te agradecer. O nosso São Benedito, a fé não nos deixe perder[4]!

Estandarte de São Benedito cuidadosamente enfeitado pelos devotos. (Foto: Enviada pelo autor)

Urgente se faz uma espiritualidade que reflita um compromisso com as práticas de justiça e de paz. Iniciamos este mês de julho, conforme dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), com 407 indígenas falecidos no Brasil e 35 indígenas no Mato Grosso, o epicentro da calamidade em virtude do corongo[5], mais da metade, são Xavantes. Por isso arrecadam doações para fazer um hospital de campanha em Barra do Garças (MT): A'UWE TSARI - S.O.S.

Que São Benedito leve todos que estão morrendo por causa da pandemia aos céus, às aldeias de seus antepassados, depois de viver na terra o amor aos pobres de Deus, especialmente aos parentes indígenas. Fazer memória de algumas pessoas faz com que elas vivam intensamente. Neste tríduo de São Benedito faleceu, a escritora Marília Beatriz de Figueiredo Leite (76 anos) ex-presidente da Academia Mato-grossense de Letras, vítima de corongo no dia 3/07/2020. Que Deus a tenha e conforte sua família, como também a família do Seu Sílvio, nossos vizinhos e amigos muito próximos, de compartilhar a intimidade em festas familiares aqui no Bairro Baú (Lixeira). Os pais de Nilton Neves que faleceu ontem, são “negros dessa terra”[6], grandes devotos de São Benedito. E, ainda há pouco, enquanto escrevia aqui, recebi a notícia que Dona Sebastiana, a mãe de Nilton e esposa de Sílvio, também nos deixou, “com pneumonia”.

Nilton Neves na corrida de Reis entre Várzea Grande e Cuiabá de 2020, acometido pelo corongo
(falecido em 4/07/2020). (Foto: Enviada pelo autor)

Dona Sebastiana partiu intuindo talvez a morte do filho e preferiu encontrar-se com ele. Seu Sílvio nem sabe ainda da morte da esposa e do filho... Que Jesus Cristo abrace com suas mãos generosas essa família e coloque todos dentro do seu coração. Que nosso bom Deus também conforte o coração dos missionários e Xavantes que conviveram com a Irmã Josina que faleceu hoje em São Marcos, a Terra Indígena que mais está sofrendo nessa pandemia no Mato Grosso[7].

Irmã Josina, “Grande catequista do povo Xavante” (falecida em 05/07/2020 por causa do corongo).
(Foto: Enviada pelo autor)

Pedimos também que o Espírito Santo santifique os Bóe (Bororos), especialmente de Merure que perderam hoje o sábio Gabriel, grande colaborador e amigo da missão salesiana que foi ferido no dia do martírio do Padre Rodolfo e de Simão Bororo (18/07/1976), e que sobrevivera para contar a história, e veio a falecer hoje, também acometido pelo corongo.

Jesus misericordioso, manso e humilde de coração, conforte a todos os parentes e amigos. Que Deus Pai dê a todos os mais de 60 mil mortos o descanso eterno! Os indígenas ensinam que não são apenas números, são vidas humanas que importam, são pessoas que estão morrendo. Os falecidos tinham histórias, famílias, amigos e comunidades que choram cheios de esperança por dias melhores. Por isso vou recordar aqui a cosmologia Chiquitana que fala do arco-íris, o caminho das águas que deixam o estado sólido ou líquido e se tornam gasosas. Segundo essa cosmologia, o arco-íris é o caminho de Deus para a humanidade.

O que significam as cores desse arco-íris indígena? O Vermelho é a primeira cor, representa a paixão, o sangue derramado de nossos mártires antigos e atuais que derramaram seu sangue em defesa dos indígenas (lembramos no Mato Grosso o Padre Rodolfo e Simão Bororo em 16/07/1976, o Padre João Bosco Burnier em 12/10/1976 e o Irmão Vicente Cañas em 6/04/1987). É a cor com maior comprimento de onda de cores, por isso a energia vital do Espírito Santo. A cor Laranja vem em seguida, representando a sabedoria que brota do discernimento espiritual para colocarmos em obras a Palavra de Deus: Amar, Amar, Amar e Perdoar. Posteriormente vem o Amarelo, que representa os nossos pensamentos iluminados por Deus e a necessidade da tomada de decisão para andar na Luz do Espírito Santo. Então vem o Verde em milhares de matizes, a 4ª cor, no centro, que representa as plantas medicinais e os alimentos, as florestas – especialmente a Amazônia que nunca foi tão devastada como agora –, e também esses matizes de verde representam a harmonia, o equilíbrio, a boa saúde e o crescimento espiritual. Após o verde, vem o Azul do Céu, a cor da Divindade e da Santíssima Trindade, a Esperança de quem olha para os céus e vê as nuvens que trazem a chuva, que acalmam e relaxam o caminho humano nessa terra. A seguir apresenta-se o Azul índigo, que representa o infinito dos mares, das águas que lavam, diluem e purificam, mas que também matam nossa sede de justiça e paz. Por último – mas não menos importante –, porque pode simbolizar também o começo, surge a cor Violeta, a 7ª cor que representa a intuição e a espiritualidade. Trata-se do princípio e o fim conectados, o alfa e o ômega circulando para termos força de expressão, ou o caracol que, para os Maias, representa a caminhada humana na terra, ligada espiritualmente com Deus. Por isso não só de morte vive o ser humano.

Xavantes de Campinápolis que venceram o corongo (03/07/2020). (Foto: Enviada pelo autor)

Quando vemos um segundo arco-íris ao mesmo tempo nos céus, esse tem a ordem inversa dessas cores. Por isso os Chiquitanos dizem que esse é o caminho das pessoas que partem para Deus, é também o caminho das bênçãos que descem dos céus para a terra! O caminho é duplo ou paralelo, de ida e de volta. Por fim, desejo terminar agradecendo a Deus pela vida dos que vencem o corongo, especialmente pela vida do médico cirurgião Nadim Amui Júnior[8]. Também “negro da terra”, Nadim que teve alta hoje após 10 dias na UTI da Clínica Femina, curado da Covid-19 e, com as bênçãos de São Benedito, pode ir para casa.

O desafio da conversão ecológica nesta Casa Comum é ainda um desafio, mas nossa Esperança aliada à Fé e ao Amor. Vamos sair desse tempo de pandemia diferentes, capazes de cuidar da casa comum, de traduzir dentro de cada cultura o mistério de Cristo, o pão da vida: acolher o próximo integralmente, especialmente nos mais excluídos, os indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, os pobres (anawins). Para isso, vamos bem viver, entrar em diálogo profundo com o mundo que nos cerca, com as pessoas e conosco mesmos, com Deus, sempre com simplicidade e humildade: ensina-nos, Jesus Cristo, a ser pão com simplicidade ao alimentar o corpo, ao alimentar a mente (psique) com educação libertadora, ao alimentar o espírito com a Eucaristia, numa ralação com Deus que também é Trindade. Amém, Awire, Axé, Namastê, Kaimen, Christo, Aleluia!

 

Notas:

[1] Alexandre Marques Cabral, licenciado em Filosofia e Teologia, mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pastor da Igreja Reformada Ecumênica no Rio de Janeiro, convidou-me para ler o Evangelho (Mt 11,25-30) e falar dos indígenas nessa pandemia, no culto do dia 5/05/2020. Lembrou dos tempos em que eu estava no Rio e passávamos as madrugadas distribuindo pão para os irmãos de rua (1996-1999).

[2] Missa votiva a São Benedito no dia de hoje: Disponível aqui. Em ritmo de São Luiz, Maranhão, disponível aqui, e trocando para Nossa Senhora do Rosário Araçuaí, MG, disponível aqui. O maestro e compositor italiano Ennio Morricone que nos deixou também neste 5 de julho de 2020, por causa dos fusos horários diferentes, estará conduzindo a música "A Missão" (disponível aqui) para acolher os que estão partindo daqui da terra.

[3] Disponível aqui.

[4] Disponível aqui. Disponível aqui. Disponível aqui.

[5] Este jeito popular de falar aqui no Brasil ficou popularizado depois que uma pessoa de rua assim falou e viralizou na internet, como se tivéssemos dado um apelido para o “bicho”.

[6] Essa expressão é do tempo da escravidão indígena, aqui quero falar dessa origem de chapa e cruz dos cuiabanos, mistura de índios com negros escravizados que para cá foram trazidos.

[7] Ninguém deseja a morte de ninguém, mas sofrer o mesmo que os Xavantes de São Marcos estão sofrendo, é um sinal claro de que o trabalho missionário está sendo feito de forma inculturada. Conforme nos pede o Papa Francisco, que sejamos uma Igreja em saída e tenhamos cheiro de ovelhas, e também essa comunhão de vida e morte com os povos com quem trabalhamos como Jesus Cristo o fez. Assim, a Igreja que nascia em torno dEle também foi sendo martirizada como Ele.

[8] Disponível aqui.

 

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