30 Agosto 2017
A intolerância a longos períodos sem chuvas limita a diversidade de árvores da floresta amazônica. Espécies encontradas nas regiões mais úmidas da Amazônia, como matamatás, ucuúbas e ingás, não suportam bem a falta de água e podem ser prejudicadas por um clima mais seco.
A reportagem é de Vandré Fonseca, publicada por O Eco, 21-08-2017.
A conclusão está em um artigo publicado nesta segunda-feira na revista Scientific Reports, que também traz um alerta sobre as consequências do aquecimento global sobre a Amazônia. “Se aumentar a frequência de secas e atemporalidades que aumentam o estresse hídrico, essas plantas não vão tolerar “, afirma a bióloga brasileira Adriane Esquivel Muelbert, autora principal do artigo e pesquisadora da Universidade de Leeds, Reino Unido.
Pela primeira vez, o efeito da seca sobre a diversidade das florestas tropicais no Novo Mundo foi analisado em escala continental. Os pesquisadores examinaram dados de experimentos e observações de mais de 100 gêneros de árvores, para comparar a distribuição de cada um deles, em 11 países da Amazônia e América Central.
Os resultados do estudo indicam que secas mais frequentes e longas, como previsto nos cenários de Aquecimento Global, podem provocar a extinção de espécies exclusivas da região. As mais vulneráveis à seca seriam substituídas ao longo do tempo por outras, mais tolerantes. As áreas úmidas, onde está a maior diversidade e árvores que precisam de mais água, seriam as mais afetadas pelas mudanças climáticas, conforme destaca Adriane.
Os pesquisadores descobriram também que as árvores adultas sofrem mais com a falta de água do que plântulas ou jovens. Adriane afirma que ainda não se sabe os efeitos dessa substituição de espécies sobre a absorção de carbono pela floresta. E ainda há outras coisas a serem estudadas.
São necessários, por exemplo, estudos sobre a fisiologia das árvores, para saber como as espécies de áreas úmidas são afetadas pela seca. Além disso, as mudanças na floresta podem ter efeitos, ainda desconhecidos, sobre a interação biótica, ou seja, pode afetar também outros grupos de seres vivos, como pássaros ou insetos.
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