26 Mai 2017
Os protestos no Brasil expressam a insatisfação das pessoas diante da crescente crise econômica e política que atinge o país: é o que afirma Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre.
A entrevista é de Giada Aquilino, publicada por Radio Vaticana, 25-05-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Confira o áudio aqui.
“O que assistimos em Brasília é sinal e consequência da crise não apenas econômico-política que vivemos, mas sobretudo de uma crise ética, antropológica. Os homens públicos que deveriam ser ‘guardiões’ da Constituição e da ética surgem como corruptos: a violência e os protestos são sinais vigorosos da revolta das pessoas, do desgosto, da insatisfação que a população brasileira vive.”
Como ler a decisão de mobilizar as Forças Armadas por parte do presidente?
Eu diria, no mínimo, estranha. É uma decisão que chamou a atenção de todos nós. Certamente, a segurança é necessária, mas eu acho que também existem outras opções efetivas e menos radicais.
Qual é a esperança dos bispos diante do que está acontecendo?
A Igreja no Brasil espera uma saída à altura do povo brasileiro, dos trabalhadores, daqueles que lutam por uma nação mais justa, mais fraterna. Esperamos verdadeiramente que se consiga encontrar uma saída digna do povo brasileiro.
Nesse quadro, que temores existem pela reforma trabalhista e das aposentadorias em andamento?
Sabe-se que precisamos de uma reforma das leis dos trabalhadores, de uma reforma política, mas, neste momento, não se sente um ambiente para levá-las adiante. As reformas são necessárias, mas devemos sempre ouvir também o povo. E o governo atual tenta levar adiante essas reformas sem ouvir verdadeiramente o povo. E isso nos preocupa.
Como se está vivendo neste momento no Brasil?
Há mais ou menos 14 milhões de pessoas que perderam os seus empregos: as pessoas estão insatisfeitas, e a situação é realmente grave e preocupa.
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As pessoas estão cansadas de corrupção e crise, constata arcebispo de Porto Alegre - Instituto Humanitas Unisinos - IHU