03 Julho 2012
"Precisamos colocar nossos ouvidos e nosso coração pertinho do coração dos excluídos para que possamos escutar Deus. Mais do que fazer cursos de oratória, precisamos de cursos de escutatória . Para ouvir os clamores mais profundos dos excluídos é necessário conviver com eles", escreve o frei e padre carmelita Gilvander Luís Moreira, mestre em Exegese Bíblica, professor do Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos, no Instituto Santo Tomás de Aquino – ISTA -, em Belo Horizonte, e assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina.
Eis o artigo.
1. Para início de reflexão.
Dia 29 de junho é festa dos apóstolos Paulo e Pedro, dois grandes pilares do cristianismo. Tempo propício para refletir sobre o legado espiritual-profético de Pedro e Paulo. Os dois se identificaram com o projeto do evangelho de Jesus Cristo e se doaram no seu seguimento, orientados pela boa notícia aos pobres. Terminaram martirizados, segundo a tradição da igreja. No livro de Atos dos Apóstolos é possível descobrirmos uma paulinização de Pedro e uma petrinização de Paulo. Ou seja, para Lucas não é bom que aconteça um cisma entre as várias tendências de evangelização. A diversidade enriquece a unidade e não a anula.
Segundo Atos dos Apóstolos, o apóstolo Pedro foi quem fez o primeiro discurso após o primeiro Pentecostes (At 2,1-13), um discurso profético e corajoso (Cf. At 2,14-36), no qual Pedro denuncia de forma altaneira: “Vocês autoridades mataram Jesus, mas Deus o ressuscitou!” Pedro teve a grandeza de sair de Jerusalém – a igreja mãe – e ir conviver com comunidades consideradas impuras, heréticas, no meio dos excluídos (Cf. At 9,32-43). A convivência com os pobres se tornou a base do processo de conversão de Pedro, que o habilitou a experimentar o Espírito do Deus da vida atuando no meio dos gentios, tal como acontecia entre os cristãos (Cf. At 10,1-11,18). Memorável também foi a participação do apóstolo Pedro no Concílio de Jerusalém, por volta dos anos 49/50, onde, ao lado de Barnabé e Paulo, lutou pela abolição da lei da circuncisão, que tinha se transformado em um insuportável fardo para os cristãos oriundos do meio dos estrangeiros.
Para não ficar muito longo esse texto, deixaremos a reflexão sobre o Ensinamento e Práxis do apóstolo Pedro, em Atos dos Apóstolos, para outro artigo. Convido o/a leitor/a a acompanhar comigo o Discurso do Apóstolo Paulo aos presbíteros, narrado em At 20,17-38. Não é um discurso teórico, abstrato, moralista e nem desligado dos problemas principais da vida. O discurso de Paulo está grávido da realidade da vida das primeiras comunidades cristãs; está em profunda conexão com os desafios de ser cristão em tempos de Tribulação; quer gerar luz e força para as comunidades.
É o único discurso de Paulo no livro dos Atos dirigido aos cristãos, especificamente aos presbíteros, ou seja, aos anciãos (= coordenadores das comunidades). Todos os demais discursos de Paulo em Atos possuem como destinatário pessoas e grupos que estão fora da comunidade cristã. No entanto, as cartas paulinas são dirigidas aos cristãos, mas este discurso se dirige somente aos presbíteros. O Gênero literário é o de TESTAMENTO-DESPEDIDA, um gênero muito conhecido na Bíblia. Lucas faz nesse discurso uma síntese do livro de Atos, principalmente dos capítulos 15-28. O discurso revela não tanto a morte de Paulo, mas como Lucas entendia Paulo no contexto de suas Igrejas, algumas décadas depois, nos anos 80 do século I. Assim esse discurso nos oferece chaves de interpretação do livro "Atos dos Apóstolos".
2. Esquema do discurso de Paulo.
O discurso de Paulo é formado por várias partes com diversas etapas do pensamento. Os biblistas não chegaram a um acordo quanto ao plano e esquema do discurso de Paulo aos presbíteros de Éfeso, descrito em At 20,17-38. Pensamos que o texto pode ser dividido em quatro partes:
a) memória do ministério de Paulo na Ásia (At 20,18 – 21).
b) Presente ameaçador e perigoso (At 20,22-24).
c) Exortação aos presbíteros (At 20,25-31).
d) Testamento - Paulo deixa a Palavra e seu testemunho – (At 20,32-35).
3. Pontos fundamentais do discurso de Despedida de Paulo.
3.1. Trabalhar manualmente é problema? "Estas minhas mãos..."(At 20,34)
O apóstolo Paulo dá uma enorme importância ao trabalho manual. Assim ele se expressa: "Vocês mesmos sabem que estas minhas mãos providenciaram o que era necessário para mim e para os que estavam comigo. Em tudo mostrei a vocês que é trabalhando assim que devemos ajudar os fracos, recordando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: 'há mais felicidade em dar do que em receber'." (At 20,34-35)
Lucas, o autor de Atos dos Apóstolos, sabe que Paulo foi atacado porque trabalhava com as mãos. Alguns achavam no trabalho manual um sinal de que Paulo era um apóstolo de segunda categoria. Lucas quer justificar Paulo como um autêntico apóstolo e por isso afirma a nobreza do “trabalhar com as mãos”: assegurar a própria subsistência e poder ser solidário com os empobrecidos. O trabalhar manualmente foi uma postura tremendamente revolucionária e inovadora no ambiente helenista. Segundo a cultura helenista o trabalho nobre era o trabalho intelectual. Trabalhar manualmente era “coisa de escravo”. Paulo questiona na prática esta concepção discriminatória da sociedade e aponta para a igualdade real entre as pessoas. No fundo, ao “trabalhar com as mãos” para se auto-sustentar, Paulo estava colocando o dedo em uma das feridas da sociedade que sustentava a hierarquia de pessoas. E mais: Paulo estava inoculando nas comunidades cristãs um modo diferente de se relacionar com o mundo do trabalho. A postura de Paulo corroia como cupim o edifício da sociedade escravocrata greco-romana. As comunidades paulinas estavam passando a acreditar progressivamente em uma Economia Popular Solidária, onde todos trabalhavam, de modo coletivo, partilhando os frutos do trabalho e da generosidade da Mãe natureza, atendendo às necessidades de todos a partir dos mais enfraquecidos. Paulo sugeria, trabalhando manualmente, que o trabalho não devia ser para acumulação, mas para satisfazer as necessidades básicas da pessoa e da comunidade. As primeiras comunidades cristãs colocavam em prática o sonho de uma economia para satisfazer as necessidades básicas do povo e não para acumulação de capital.
Devemos recordar que a defesa do trabalho manual de Paulo dirige-se particularmente aos presbíteros. Naquele tempo de Lucas, década de 80 do século I, os presbíteros teriam deixado de trabalhar e seriam sustentados pela comunidade? O exemplo de Paulo já apareceria estranho aos presbíteros a ponto de Lucas ter que enfatizá-lo? Recordar Paulo trabalhando para o auto-sustento deveria incomodar muitos presbíteros. Era mais cômodo ser sustentado pela comunidade. Mas Lucas percebe que isto não reflete a experiência original de Paulo. Hoje é normal um padre ou pastor receber um salário pelo serviço prestado à comunidade. É justo alguém receber um salário sem ser cobrado pela qualidade do serviço e sem ter que “bater cartão de ponto”? Se padre ou pastor deve ganhar um salário, quem será o patrão deles? A quem eles devem prestar contas do serviço prestado?
3.1.1. E o trabalho manual nos nossos dias?
Em tempos de extinção de tantas espécies animais e vegetais, emprego é um “animal em extinção” no mundo globocolonizado, pois cada vez mais aumenta o exército de desempregados. Além da intensificação e a precarização do trabalho, a máquina que demite trabalhadores está funcionando a pleno vapor em todas as áreas do mundo do trabalho.
Infelizmente, continuam vivas em nossa sociedade as distinções entre os diversos tipos de trabalho. Muitos trabalhos intelectualizados são muito bem remunerados e reconhecidos, enquanto os trabalhos manuais são “reservados” para os pobres, pessoas consideradas “incompetentes”. Por exemplo, se compararmos os salários de um jogador de futebol, de uma apresentadora de TV, de um executivo de uma transnacional, de um médico, de um gari, de um ajudante de pedreiro, de um bóia-fria, o que virá à tona?
Na sociedade capitalista, o lugar para as pessoas que sobrevivem do trabalho manual é reduzido cada vez mais. Basta olhar a maneira como setores empresariais e poder público vêm tratando os artesãos de rua, de cultura hippie, que sobrevivem da arte manual com arames, linhas e pedras. São expulsos da cidade e tratados com violência e descaso. Também impressiona o desrespeito com os catadores de material reciclável. A catação é uma profissão antiga no Brasil e no mundo. Nos últimos tempos, o mercado descobriu que o lixo pode dar lucro e o trabalho manual dos catadores que retiram da reciclagem o seu sustento e de sua família tem sido ameaçado a cada dia pelas grandes empresas e pelos gestores públicos.
3.2. Lobos, não; Solidariedade aos pobres, sim!
Paulo apóstolo enfatiza no seu discurso a importância de vigiar contra os "lobos" e de ser solidário com os enfraquecidos. Ele alerta: "Eu sei: depois da minha partida, aparecerão lobos vorazes no meio de vocês, e não terão pena do rebanho. E do meio de vocês mesmos surgirão alguns falando coisas pervertidas, para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, fiquem vigiando e se lembrem de que durante três anos, dia e noite, não parei de admoestar com lágrimas a cada um de vocês... Em tudo mostrei a vocês que é trabalhando assim que devemos ajudar os fracos." (At 20,29-31.35a).
Paulo prevê e exorta os cristãos a enfrentarem dois problemas que certamente fazem parte das preocupações das comunidades de Lucas:
1o) “Lobos vorazes aparecerão...” (At 20,29). Estes lobos, muitos com pele de ovelhas, procedem de fora das comunidades, de pessoas estranhas, mas também de dentro delas, de pessoas que foram expulsas e que procuram manter uma certa liderança. De fora, lobos aparecem a partir de falsos pastores, judeus ou gregos, defensores do “fermento dos fariseus”: um tipo de religião que exclui, de mãos dadas com o modelo político-econômico-cultural que gera opressão e exclusão. Estes lobos defendem a “Lei da pureza e da impureza”, celebrações pomposas, rituais e formais. Este tipo de religião abafa os gritos ensurdecedores dos empobrecidos e excluídos.
2o) “Cuidem dos enfraquecidos...” (At 20,35). É provável que nas comunidades de Lucas, no fim do primeiro século, um desejo grande de fidelidade ao passado estivesse gerando esquecimento dos pobres. Estes quase sempre não podem respeitar as regras e os regulamentos da comunidade. Na mente e no coração de Lucas, Paulo dava uma atenção especial aos empobrecidos. Para Paulo o sinal por excelência da autenticidade do ministério era o amor desinteressado e gratuito aos pobres. Esta opção pelos pobres aparece de modo muito eloqüente quando Paulo faz questão de dizer às comunidades de Antioquia que a única coisa que o concílio ecumênico de Jerusalém fez questão de alertar às comunidades foi: “Não esqueçam os pobres. Lembrem-se sempre deles.” (cf. Gálatas 2,10).
No discurso aos presbíteros, Lucas alerta para o cuidado com os pobres, porque provavelmente os presbíteros estavam se preocupando menos com os pobres, como "os falsos pastores que apascentam a si mesmos e devoram as ovelhas" (cf. Ex 34,8-10). Estariam eles gastando mais energias com as obras do que com a promoção humana dos excluídos?
4. Por que um discurso aos presbíteros e não às comunidades?
As cartas paulinas eram sempre endereçadas a toda a comunidade. Mas os bons tempos do fervor missionário passaram. Lucas sente no ar sinais de clericalização, de hierarquização, de institucionalização. Neste novo contexto eclesial, os presbíteros terão a missão de transmitir a herança paulina e de defendê-la contra os perigos de corrupção.
É interessante que Paulo se despede das comunidades sem deixar estruturas; somente os recomenda “a Deus e à Palavra de sua graça que tem poder para construir o edifício” (At 20,32). O único poder da comunidade é a Palavra de Deus. Paulo, como um apaixonado missionário, se preocupa em deixar-se guiar pelo Espírito, em costurar relações e propostas geradoras de vida; ele não está preocupado em criar estruturas que podem, com o tempo, matar o vigor e o ímpeto do primeiro amor.
5. "Presbíteros ": apóstolos, profetas, mestres, ...
Sendo o discurso de Paulo dirigido diretamente aos presbíteros, torna-se imprescindível entender bem quem são estes presbíteros e qual a função deles nas comunidades. Isto nos remete a discutir a diversidade de dons nas primeiras comunidades cristãs.
Em At 20,28 os presbíteros de Éfeso são chamados de “epíscopos”, cuja função pastoral é a de vigiar e conduzir a comunidade. Épíscopo é um título grego que significa “supervisor”; aquele que tem a responsabilidade de acompanhar o desenvolvimento da comunidade para cuidar da sua continuidade com o espírito original e da sua sintonia com os critérios de continuidade. Ainda não há aqui a noção de sucessão apostólica, pois Paulo não os apresenta como os seus sucessores, mas como pessoas encarregadas pelo Espírito Santo de manter as comunidades no bom caminho.
No tempo de Paulo não existia a diferença entre clero e leigos. Havia, sim, uma variedade, não orgânica de carismas, como apóstolos, profetas e mestres (At 13,1), evangelistas (Filipe: At 21,8), profetisas (as filhas de Filipe: At 21,9) etc. Os presbíteros são simplesmente os animadores de comunidades; nunca são chamados de "sacerdotes" no Segundo Testamento.
Nas cartas paulinas constatamos que no seio das comunidades há uma diversidade de dons que deve ser articulada pelo cimento que é a solidariedade. Isso é ótimo, pois o Espírito não se deixa encurralar e não aceita ser engaiolado; Sopra aonde quer, para onde quer, é livre, liberta e tem sede de liberdade. Paulo reitera diversas vezes: "Não percam a liberdade cristã!" (cf. 2 Cor 3,17). "Não entristeçam o Espírito Santo!" (Efésios 4,30).
O apóstolo Paulo percebeu que existia nas comunidades uma dificuldade de conviver de modo sadio com a diversidade de dons. Paulo pontua bem a diversidade de dons recordando que existe uma ordem de importância. A comunidade cristã não pode cair no subjetivismo e nem no relativismo de "tudo é igual a tudo", ou no "devemos respeitar tudo".
Para Paulo, em primeiro lugar estão os apóstolos, entendido no seu sentido original e etimológico: apóstolo/a é aquele/a que é enviado/a por Deus, é um/a missionário/a, um porta voz de uma mensagem do Deus solidário e libertador. Na época descrita por Atos, das primeiras igrejas, antes do processo de institucionalização (hierarquização) o termo "apóstolo" não significa um título que dá status. O termo "apóstolo" passa a ser considerado um título mais tarde, depois do processo de hierarquização das igrejas, o que acorrentou a vitalidade do dinamismo inicial.
Em segundo lugar estão os profetas. A palavra "profeta" vem do verbo pro-ferir, que significa falar por antecipação. Etimologicamente a palavra "profeta" significa "aquele que profere uma mensagem em nome de Deus". O profeta escuta o Oráculo de Deus. A palavra "oráculo", em hebraico, significa "sussurro, cochicho, de Deus no ouvido do profeta ou da profetisa". Para entender um cochicho, um sussurro, é preciso fazer silêncio, prestar muita atenção, estar em sintonia, ter proximidade, ser amigo etc. Portanto Deus não falava claramente aos profetas, como nós, muitas vezes pensamos que falava. Do mesmo modo que falava aos profetas e profetisas Deus fala hoje a nós. Deus cochicha (sussurra) em nossos ouvidos a partir da realidade dos empobrecidos e excluídos. Precisamos colocar nossos ouvidos e nosso coração pertinho do coração dos excluídos para que possamos escutar Deus. Mais do que fazer cursos de oratória, precisamos de cursos de escutatória . Para ouvir os clamores mais profundos dos excluídos é necessário conviver com eles.
Em terceiro lugar vêm os mestres, aqueles que devem ensinar a verdadeira mensagem de Jesus. Ensinar pelo testemunho e de preferência, através da pedagogia da maiêutica: conversando, dialogando e assim ajudando os outros a parir idéias e práxis libertadoras. Lá no final da escala vem o dom das línguas (cf. I Cor 12,28).
Em I Cor 13,1-13 Paulo faz um elogio do amor para nos mostrar que relações de amor é que deve ser a coluna mestra da vida das comunidades e Igrejas. Paulo nos alerta: "Desejem os dons do Espírito, principalmente a profecia, pois quem profetiza fala às pessoas, é entendido, edifica, exorta e consola a comunidade. Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas. Quem fala em línguas edifica somente a si mesmo, fala só a Deus (cf. I Cor 14,1-6).” Em I Cor 14,19 o apóstolo Paulo afirmara: “Numa assembléia, prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência para instruir também os outros, a dizer dez mil palavras em línguas”.
Paulo e seus companheiros fundam e desenvolvem comunidades proféticas a partir da ação do Espírito. Quase todas as vezes que na Bíblia fala que "desceu o Espírito de Deus sobre..." diz também que os atingidos pelo Espírito de Deus começam a profetizar (cf. Nm 11,29; At 19,4-6). A profecia é uma consequência direta da ação do Espírito. Logo, um bom critério para saber se estamos vivendo uma verdadeira experiência no Espírito de Deus é nos perguntar: Estamos nos tornando mais profetas ou profetizas? Se a maioria das pessoas que diz falar em línguas fossem também profetizas, teríamos um maior número de mártires e talvez o Brasil já estaria transfigurado por causa de tanta profecia.
6. Solidariedade, sim; mas COMO?
“É afadigando-se que devemos ajudar os pobres” (At 20,35). O apóstolo Paulo, segundo Lucas, não somente exorta os presbíteros e nós à solidariedade com os pobres, mas pontua também como ele pensa e como testemunhou que deve ser esta solidariedade. Paulo cita uma frase de Jesus para defender a solidariedade com os pobres: “Há mais felicidade em dar que em receber ” (At 20,35). O discurso revela que é impossível ser solidário aos empobrecidos e excluídos sem fatigar-se, sem cansar-se. Meter as mãos na massa, suando a camisa, em algum trabalho concreto e perseverante é condição sine qua non para o exercício da solidariedade gratuita e libertadora. Solidariedade à distância, sem envolvimento pessoal, sem compromisso sério não passa de caricatura de solidariedade. Recai certamente em esmola, em paliativo, em assistencialismo, que gera dependência e subserviência em quem recebe a ajuda e tranqüiliza a consciência de quem dá. Paulo contestou as caricaturas de solidariedade trabalhando firme fazendo calos nas mãos para o seu sustento e para ajudar outros companheiros. Lucas quer retomar esta experiência original, da qual emana uma fidelidade genuína ao projeto do movimento de Jesus.
Por ironia da história, mudam-se os tempos, mas continua viva uma grande controvérsia sobre como ser solidário. É possível encontrar pessoas que trazem doações nas paróquias e dizem assim: “Levem para os favelados, pois eu não tenho coragem de ir à favela, senão não consigo dormir de noite”. Ou: “Podemos dar esta sopa para os mendigos, mas não para os sem terra, pois estes são subversivos e agressivos”. Que estreiteza de visão!
7. Inconclusão.
Enfim, Paulo e Pedro, por terem feito opção pelos pobres, se inculturado e atuado de forma ecumênica, muito nos inspiram. Paulo e Pedro entraram para a História como dois grandes pilares do cristianismo.
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Paulo e Pedro: dois pilares do cristianismo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU