10 Junho 2015
O ex-ministro de Direitos Humanos do Brasil Paulo Sérgio Pinheiro aderiu ao movimento BDS (campanha global de boicote, desinvestimento e sanções a Israel) ao enviar uma carta na terça-feira (02/06) aos músicos Gilberto Gil e Caetano Veloso para pedir que eles cancelem o show previsto para 28 de julho em Tel Aviv.
A reportagem é de Patrícia Dichtchekenian, publicada pelo Opera Mundi, 03-06-2015.
“Pelo exemplo, pelo reconhecimento que vocês têm no Brasil e em todo o mundo, pela influência que vocês exercem junto a milhões de jovens, pela autoridade moral de resistentes à ditadura militar e de lutadores contra a censura, ouso pedir a vocês que não se apresentem em Israel”, escreveu Pinheiro na carta a que Opera Mundi teve acesso [leia abaixo o documento na íntegra].
No documento, o ex-ministro — que também é membro da CNV (Comissão Nacional da Verdade) e ex-relator da ONU (Organização das Nações Unidas) — relembra músicas de Gil como “Canção pela libertação da África do Sul”, sobre o apartheid na nação, e compara esse sistema político à atual situação de aprofundamento de discriminação e de racismo a que árabes israelenses e palestinos são submetidos em territórios palestinos e em Israel.
Além de lamentar a atual condição da Faixa de Gaza, que classifica como “prisão a céu aberto”, Pinheiro recorda a “violência, intimidação e assédio” por parte de colonos israelenses na Cisjordânia ocupada, uma expansão que qualifica como “ilegal” e que “merece atenção”.
"O pedido de boicote cultural feito pelos palestinos é ecoado pela sociedade civil internacional. Grandes nomes fazem coro a esse pedido e não seria diferente aqui no Brasil. Paulo Sérgio, com toda sua experiência e compromisso com Direitos Humanos — enquanto ministro, relator da ONU e membro da Comissão da Verdade — não surpreende", afirmou a Opera Mundi Pedro Charbel, Coordenador Latino-americano do Comitê Nacional Palestino de BDS.
"O apoio do ex-ministro Paulo Sérgio ao boicote cultural materializa a coerência que esperamos de todas e todos aqueles com consciência e compromisso com a justiça, igualdade e liberdade", acrescentou Charbel, que coordena campanhas como o movimento chamado "Tropicália não combina com apartheid", que já coletou mais de 10 mil assinaturas pelo cancelamento dos concertos.
A carta foi lançado poucos dias após um apelo semelhante realizado pelo compositor britânico e ex-Pink Floyd Roger Waters.
Leia a íntegra aqui.
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Ex-ministro de Direitos Humanos do Brasil pede que Caetano e Gil cancelem shows em Israel - Instituto Humanitas Unisinos - IHU