26 Junho 2025
Para continuar explorando petróleo, gás fóssil e carvão sem limites, empresas de combustíveis fósseis tentam propor ações para compensar as emissões com a queima de seus produtos, a principal causa das mudanças climáticas. Há propostas como a compra de créditos de carbono e tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS) e soluções baseadas na natureza, como o reflorestamento.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 25-06-2025.
Mas um estudo publicado na Communications Earth & Environment, da Nature, escancara a inviabilidade logística, financeira e climática, tanto do reflorestamento como das demais alternativas. Para isso, a pesquisa se baseia nas reservas de petróleo, gás fóssil e carvão das 200 maiores empresas do setor. E sentencia: o mais viável, inclusive economicamente, é não queimar esses combustíveis fósseis.
Como destacou o g1, no caso do reflorestamento, a pesquisa aponta que, para compensar essas emissões, seria necessário reflorestar uma área de 24,75 milhões de km². Isso equivale às Américas do Norte e Central, ou três vezes o tamanho do Brasil – ou, como a Exame comparou, cinco Florestas Amazônicas.
A queima das reservas das 200 maiores empresas de combustíveis fósseis poderia gerar 673 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (CO₂e). Para compensá-las, o estudo define “reflorestamento” como o estabelecimento deliberado de novas florestas em terras sem cobertura de árvores, excluindo regeneração natural e agrofloresta. Ou seja, criação intencional de florestas em terras anteriormente não florestadas.
O que os cientistas verificaram é que reflorestar exigiria mais espaço do que se pensava. E mesmo que os formuladores de políticas estejam dispostos a sacrificar uma área tão extensa, ainda haveria limitações ecológicas a serem consideradas, como o deslocamento de comunidades, terras agrícolas e habitats existentes. Além disso, o reflorestamento poderia afetar ecossistemas existentes que fornecem serviços ecossistêmicos vitais.
A pesquisa avaliou a valorização líquida ambiental das empresas, considerando seu valor após descontar as despesas necessárias para compensar suas emissões. O estudo comparou os custos com reflorestamento com outras formas de compensação, como a compra de créditos de carbono e a captação direta de carbono na atmosfera (CCS e afins).
O reflorestamento seria o método mais barato, com a OCDE estimando o custo a partir de US$ 16 por tonelada de CO₂e. Com esse valor, 36% das empresas analisadas ainda teriam uma avaliação de mercado positiva se tentassem compensar todas as emissões potenciais de suas reservas atuais. Mas a grande maioria [64%] não.
Quanto aos créditos de carbono, usando o preço médio do mercado de carbono europeu de 2022 (US$ 83 por tCO₂e), o estudo mostra que 95% das empresas teriam uma Avaliação Ambiental Líquida negativa. E se a opção for pela captura direta do carbono no ar, ao custo atual da tecnologia (US$ 1.000), todas as empresas teriam Avaliação Ambiental Líquida negativa.
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