15 Mai 2025
Oito dias após sua posse, Friedrich Merz fez, nesta quarta-feira (14) sua primeira declaração de política geral, focando na política externa. O novo chanceler alemão falou principalmente sobre a ameaça russa e a necessidade de rearmar a Alemanha.
A reportagem é de Pascal Thibaut, publicada por RFI, 14-05-2025.
Friedrich Merz falou por quase uma hora diante dos parlamentares, e a maior parte de seu discurso foi dedicada à política externa. O novo chanceler alemão destacou, em especial, a necessidade de fortalecer a Europa, que "aguarda" pela Alemanha, mencionando iniciativas franco-alemãs e ressaltando um "novo começo" nas relações entre Berlim e Paris.
Sem surpresa, o chanceler manifestou um apoio firme à Ucrânia, que está em guerra com a Rússia há mais de três anos, desde o início da invasão do seu território. A paz é necessária, mas não deve ser "imposta à Ucrânia contra sua vontade", segundo ele.
O sucessor conservador de Olaf Scholz na chancelaria também alertou: Moscou não se contentará com uma vitória sobre Kiev ou com a anexação de uma parte do país. "Diante da ameaça russa e do afastamento dos Estados Unidos, a Alemanha precisa se rearmar", insistiu.
"A Alemanha pode voltar a ser uma locomotiva"
"A força repele os agressores, a fraqueza convida à agressão", resumiu Merz. "No futuro, o governo alemão fornecerá todos os recursos financeiros necessários para que a Bundeswehr [as Forças Armadas da Alemanha] se torne o exército convencional mais forte da Europa. Isso é adequado para o país mais populoso e mais forte economicamente da Europa. Nossos amigos e parceiros também esperam isso de nós. Na verdade, eles praticamente exigem isso", afirmou.
Essa força no cenário internacional está alinhada com uma recuperação econômica da Alemanha, que enfrenta recessão e uma crise em seu modelo.
Merz, que prevê reformas conforme o acordo de coalizão firmado entre os cristãos e os sociais-democratas, afirmou que "a Alemanha pode voltar a ser uma locomotiva econômica que o mundo admira." O chanceler prometeu aos seus eleitores impacientes, enquanto sua popularidade permanece baixa: "Quero que vocês sintam, até o verão [no hemisfério norte], que a situação está melhorando".
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