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E a Rússia livrou-se do Ocidente… Artigo de Antonio Martins

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20 Março 2024

"Poderia a Rússia inspirar o Brasil? Quinze meses após a grande vitória sobre o neofascismo, o país ainda patina. A sombra da ultradireita e seu abismo civilizatório persiste (...). Será preciso uma guerra superar a ideologia da impotência e vencer a condição periférica?"

O comentário é de Antonio Martins, jornalista e editor do Outras Palavras, publicado por Outras Palavras, 11-03-2024. 

Eis o artigo.

“Eu nasci e estudei aqui. Meu marido e meu filho são russos. Eu sou russa. Não diria que sou uma patriota e não quero expressar meus pensamentos sobre Putin e a guerra. Mas os russos estão reagindo às sanções de forma extraordinária, mesmo com um rublo fraco e a inflação inevitável. Os preços dos bens essenciais foram mantidos. E agora estamos consumindo produtos melhores e mais saudáveis, inclusive queijos excepcionais”. As palavras da bióloga Olesia Sergeeva, que agora cria esturjões e extrai suas ovas – o caviar – por meio de técnicas inovadoras, surpreenderam o veterano jornalista Marzio Mian em Astrakan, onde o Rio Volga deságua em delta no Mar Cáspio. Sergeeva, escreveu ele, poderia instalar-se, confortavelmente, em qualquer parte do mundo. Preferira a Rússia, em meio à guerra. Era o inverno de 2023 e faltavam poucos meses para as eleições preisidenciais russas, que Vladimir Putin venceria com 87,3% dos votos, no último fim de semana.

Laureado com o Prêmio Pulitzer (por seus trabalhos sobre as consequências do aquecimento global no Rio Mekong, Vietnã), Mian atrevia-se a fazer para a revista norte-americana Harper’s algo que a mídia ocidental evita há dois anos. Ele percorreu por um mês o Volga para investigar de que forma a guerra, o recrutamento de jovens para o front e em especial as sanções econômicas impostas pelo Ocidente afetam a vida das pessoas comuns. Em torno do rio, que os russos chamam de matushka (“a mãe”), orbitam partes importantes da vida e história do país: da região de Moscou às terras dos cossacos e tártaros; do berço do império estabelecido no século XVIII até Stalingrado, onde se decidiu a sorte da II Guerra Mundial.

A reportagem produzida ao longo da jornada tem força literária notável mas pode ser vista também como um pequeno ensaio etnográfico e econômico. Ao narrar as transformações produtivas ocorridas em torno do maior rio da Europa, ela expõe algo surpreendente. Ao contrário do que previam (e esperavam) as elites ocidentais, as sanções decretadas contra a Rússia não produziram caos econômico, nem alimentaram a oposição a Putin. Ao contrário: estimularam uma mobilização quase frenética, para suprir a ausência de bens e serviços que desapareceram subitamente, a partir de 2022. A Rússia foi capaz de reunir as condições materiais, financeiras e diplomáticas para tanto. A aposta do Ocidente está prestes a se converter num monumental fracasso. Como isso foi possível?

***

O economista keynesiano James Galbraith tem as primeiras explicações. Num vídeo produzido pelo instituto Novo Pensamento Econômico [New Economic Thinking], ele expõe suas polêmicas com os defensores das sanções impostas à Rússia. Vale lembrá-las. Cerca de 300 bilhões de dólares (20% do PIB do país à época) em depósitos de Moscou no exterior foram congelados. As exportações russas de petróleo (principal fonte de divisas), banidas. E as vendas de produtos de alta tecnologia para a Rússia, bloqueadas. Centenas de corporações ocidentais, que exerciam papel destacado na economia russa, deixaram o país. Por trás destes atos de radicalidade inédita, havia a aposta de sufocamento, lembra Galbraith.

Eram favas contadas, segundo a teoria econômica convencional. A produção russa entraria em colapso. Em consequência, o esforço de guerra necessário para sustentar a campanha na Ucrânia naufragaria. Diante de um fracasso militar e um descontentamento social irresistível, Putin sucumbiria. O Ocidente – que já enviava à Ucrânia apoio bélico maciço – faria valer mais uma vez sua supremacia econômica e financeira. A ordem eurocêntrica sairia reforçada.

A sabedoria da liderança russa, argumenta Galbraith, consistiu em desafiar este destino. O país deu-se conta de que tinha meios para reorganizar sua produção: imenso território, população de 125 milhões, recursos abundantes. Embora tenha despencado, em 2022, a atividade industrial recuperou-se muito rapidamente. “As fábricas, os operários, os engenheiros e os gestores estavam lá”, lembra o economista. O Estado articulou a compra das indústrias fechadas, por grupos econômicos locais comprometidos com o projeto nacional. As aquisições foram feitas em condições muito vantajosas e com financiamento público. A China jogou papel essencial, ao oferecer tecnologia, quando necessária. “Substituíram o que faltava nas linhas de produção – o que o Ocidente levou – com assistência e design industrial chineses.

O mesmo processo deu-se no campo, de forma notável. “Carne, queijos, frutas, antes importadas do Ocidente e de países como a Turquia, passaram a ser produzidos localmente”. No setor de serviços, as cadeias de restaurante e de varejo norte-americanas e europeias foram substituídas por outras, russas ou chinesas. Como resultado, diz Galbraith, “deu-se uma rápida descolonização da economia russa”. Ele conclui: “No frigir dos ovos, as sanções foram um presente oferecido a Moscou. Em 2022, não havia nem condições materiais nem desejo de promover este movimento”. Foi ditado pela necessidade e pelas respostas corretas diante dela.

***

Outro economista, o marxista Michael Roberts, chama atenção para um fator central no sucesso russo. É o investimento público maciço – ou seja, a antítese da política de “ajuste fiscal” adotada, por exemplo, pelo ministério da Fazenda no Brasil. Num artigo publicado há uma semana, no blog The Next Recession, Roberts lembra que, mesmo obrigado a um enorme esforço de guerra, o Estado russo também elevou os investimentos e despesas de custeio com a vida civil. Houve forte renovação da infraestrutura e gastos maciços em elevação das aposentadorias e subsídios para compra de casas.

Como resultado geral, a economia russa, que segundo os economistas ortodoxos desabaria sob o peso das sanções, cresceu mais que todas na Europa. Já é a quinta maior do mundo, tendo ultrapassado a da Alemanha, quando o PIB é avaliado pelo critério de paridade de poder de compra (PPP, na sigla em inglês), que desconta a valorização artificial das moedas. E pode tirar proveito de grandes vantagens comparativas, como energia extremamente barata (a mesma fonte que os alemães desprezaram, ao aderirem às sanções norte-americanas…). A ausência de mão de obra, devido à convocação de milhares de soldados para a guerra, fez subir os salários. Seu valor médio elevou-se 30% acima da inflação em dois anos e atingiu o equivalente a 814 dólares (RS 4100). A pobreza caiu ao patamar mais baixo desde o fim da União Soviética.

O aspecto etnográfico da reportagem de Marzio Milan é tão notável quanto o econômico. Ao longo das quatro semanas em que percorreu o Volga, o jornalista viu de perto o renascimento da produção agrícola e mudança de seus laços – da Europa para a Ásia. Agricultores locais aprenderam a produzir queijos semelhantes aos franceses e presunto cru comparável ao italiano ou espanhol. Rybinsk, uma cidade próxima de Moscou, tornou-se “a padaria da capital”, fornecendo baguetes antes importados da Europa. Em Kazan, capital tártara, produtores muçulmanos criam (e vendem também para a Turquia) gansos e cordeiros , que antes vinham da França, Romênia e… Nova Zelândia. Em todo o trajeto, Milan reporta ter deparado com construções, obras em rodovias, instalação de oleodutos, equipes de jardineiros nos parques, reparos em edifícios e igrejas. Mas viu pouca presença de soldados porque, segundo relataram seus interlocutores, o recrutamento se fez principalmente nos rincões do país, onde é mais fácil atrair jovens necessitados.

A diversidade emerge mais nos símbolos. Nas adjacências de Kazan, um antigo sovkhoz (fazenda coletiva soviética) tem agora donos privados. Mas a família que o controla hasteia a bandeira vermelha da URSS, espalha painéis com a imagem de Stálin pela vasta extensão da propriedade e afirma que esta “é administrada como antes: os lucros elevam os salários dos 4 mil trabalhadores e ampliam o negócio”… Já os criadores de cordeiros gabam-se de que o general que derrotou Napoleão era um tártaro. O jornalista depara-se com grupos de turistas ornados com chapéus Panamá e óculos Gucci, que vão ao Volga porque já não podem voltar ao iate estacionado na ilha grega de Mykonos. Ou com os estranhos habitantes acampados numa ilhota do rio, e decididos a constituir uma “comunidade independente” cuja principal regra é evitar as notícias externas, e dedicar-se em vez disso a aulas de yoga e sessões de reggae com letras pacifistas.

Mas em meio a todo este ambiente heterogêneo emerge um orgulho russo renovado. O antigo fascínio pelo Ocidente, tão típico dos tempos de Gorbachev e Yeltsin, desapareceu, mostra Milan. A nova atitude aparece em especial, é claro, entre os produtores que agora substituem os artigos antes importados. Mas espraia-se pelos circuitos de consumo. Restaurantes exaltam, nos menus, a origem local dos ingredientes e o fato de não conterem fertilizantes europeus. Um dos novos padeiros de Rybinsk revela que abriu seu estabelecimento como um ato político, para salvar os valores rurais russos “do consumismo copiado dos EUA”. A turista com que o jornalista se depara no Volga rejeita Putin e a guerra, mas ressalta: “O Ocidente nos humilhou demais. Não temos o direito de ser quem queremos ser sem nos sentir como bárbaros?”. Anna, uma mulher de 30 anos que se apresenta como “anti-establishment, pacifista e ambientalista pagã” defende “o amor aos ancestrais” e vê como sua prioridade “preservar a tradição russa”. Em Samara, onde há um bunker construído em 1942 para abrigar a liderança soviética (mas nunca usado), um visitante, engenheiro elétrico de 24 anos, diz: “Pra nós, os jovens, Stálin é o numero um. Precisamos vencer de novo o mal, como na Grande Guerra Patriótica [a denominação dada na Rússia a sua participação na II Guerra Mundial]”.

***

Os 87,3% alcançados por Putin nas eleições terminadas em 17/3 devem-se, é claro, a condições especiais. Michael Roberts as resume: “Nenhum candidato sério de oposição podia vencer. (…) Nikolai Kharitonov, do Partido Comunista, Leonid Slutsky do Liberal Democrático (nacinalista) e Vladislav Davankov, do Novo Partido do Povo estavam nas cédulas. Todos apoiam amplamente as políticas de Putin, incluindo a invasão da Ucrânia. A maior parte da imprensa independente foi banida e qualquer pessoa julgada culpada de difundir o que o governo chama de “informação deliberadamente falsa” pode ser sentenciada a até 15 anos de prisão”.

Mas o próprio Roberts reconhece: a razão principal para a vitória de Putin não foi este ambiente antidemocrático, mas os vastos êxitos alcançados na reconstrução do país – ao contrário de todas as previsões e desejos do Ocidente.

Poderia a Rússia inspirar o Brasil? Quinze meses após a grande vitória sobre o neofascismo, o país ainda patina. A sombra da ultradireita e seu abismo civilizatório persiste. Uma das razões essenciais é a aposta num programa econômico que restringe o investimento público e impede uma vasta transformação nos serviços públicos e na infraestrutura. É ela que poderia melhorar sensivelmente a vida das maiorias, sinalizar a possibilidade de outro futuro e recompor a aposta na democracia e no país. Será preciso uma guerra superar a ideologia da impotência e vencer a condição periférica?

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