Argentina: padres das favelas denunciam a redução do orçamento social como um golpe duro aos pobres

• O corte no orçamento é "um retrocesso que gera maior exclusão e, portanto, insegurança e desintegração social. Praticamente é a única política pública que visa o núcleo duro da pobreza."
  
  
• "Não podemos tolerar tal retrocesso que gera maior exclusão e, portanto, insegurança e desintegração social."
  
  
• Nesta situação econômica, a Igreja Católica tem insistido na importância de fornecer alimentos para os refeitórios e pediu ao Governo que reconsiderasse.
  

A reportagem é de Aníbal Pastor N., publicada por Religión Digital, 26-02-2024. 

Em uma declaração pública, a Equipe de Sacerdotes das Vilas e Bairros Populares da Capital e da Grande Buenos Aires, mais conhecidos como "Curas Villeros", apontaram que reduzir o orçamento do Fundo de Integração Socio-Urbana é intolerável e um "retrocesso que gera maior exclusão e, portanto, insegurança e desintegração social. Praticamente é a única política pública que visa o núcleo duro da pobreza", afirmaram.

Os clérigos acrescentaram que foi graças ao Registro Nacional de Bairros Populares que "muitos lugares historicamente negligenciados pela sociedade e pelo Estado começaram a ser mais profundamente considerados, o que permitiu que as políticas públicas chegassem aos bairros populares. "Essas mesmas políticas possibilitaram o crescimento da inclusão. Assim, muitos moradores puderam obter melhor acesso a esgoto, água, eletricidade, escola, atendimento de saúde e centros comunitários. Outros puderam ampliar e melhorar suas humildes casas".

Por esse motivo, os padres e diáconos signatários do comunicado destacaram que "não é bom desvincular o Estado das vilas e assentamentos". Fazê-lo, como expressado pelo governo de Javier Milei, "é um golpe muito duro", pois exclui "mais de 5 milhões de moradores, entre os quais a maioria são menores". "A intervenção do Estado nos mais de 5.000 bairros populares de todo o país não pode diminuir", afirmaram.

Essa medida está inserida no contexto da crise econômica e dos desafios financeiros enfrentados pela Argentina. No entanto, "diminuir o orçamento do FISU (Fundo de Integração Socio-Urbana) seria um retrocesso. Não podemos tolerar tal retrocesso que gera maior exclusão e, portanto, insegurança e desintegração social. Praticamente é a única política pública que visa o núcleo duro da pobreza", destacaram os padres que vivem e acompanham os pobres nos setores populares da capital.

Nesta situação econômica, a Igreja Católica tem insistido na importância de fornecer alimentos para os refeitórios e tem chamado o Governo a reconsiderar.

O texto completo do comunicado é o seguinte:

Não ao corte em políticas públicas em vilas, assentamentos e bairros populares.

Uma das principais funções do Estado é zelar pelos mais postergados. O preâmbulo diz que dois dos objetivos da Constituição Nacional são: fortalecer a justiça (os desfavorecidos que nasceram em vilas e não tiveram oportunidades precisam da intervenção do Estado) e promover o bem-estar geral.

Antigamente, as vilas não apareciam nos mapas. Eram listadas como "espaços verdes". Em certo momento, a sociedade "descobriu" a existência das vilas. Falou-se em erradicação, depois em urbanização, até que o conceito de integração urbana se estabeleceu.

Com avanços e retrocessos, foram sendo dados passos nesse sentido.

Graças ao levantamento que nos permitiu chegar ao RENABAP (Registro Nacional de Bairros Populares), muitos lugares historicamente ignorados pela sociedade e pelo Estado começaram a ser considerados com mais profundidade.

Em meio a tantas dívidas com os mais postergados, valorizamos as políticas públicas implementadas em bairros populares. Elas possibilitaram avanços na inclusão. Assim, muitos moradores puderam obter melhor acesso a esgoto, água, luz, escola, posto de saúde e centros comunitários. Outros puderam ampliar e melhorar suas modestas casas.

Não é bom desconectar o Estado das vilas e assentamentos.

É um golpe muito duro reduzir esse financiamento que beneficia mais de 5 milhões de moradores, a maioria dos quais são menores.

A intervenção do Estado nos mais de 5.000 bairros populares de todo o país não pode diminuir.

Reduzir o orçamento do FISU (Fundo de Integração Socio-Urbana) seria retroceder. Não podemos tolerar tal retrocesso que gera maior exclusão e, portanto, insegurança e desintegração social. Praticamente é a única política pública que visa o núcleo duro da pobreza.

Confiando na capacidade de escuta e diálogo pela qual a população os elegeu, pedimos ao Governo Nacional que revise o que for necessário para que a Integração Socio-Urbana se torne uma realidade cada vez mais efetiva.

Equipe de Sacerdotes de Vilas e Bairros Populares de CABA e GBA.

Segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

1. Lorenzo de Vedia, P. Facundo Ribeiro, Villa 21-24 y Zavaleta. Arquidiócesis de Buenos Aires.
2. Gastón Colombres, P. Jesús Carides. Villa 15. Arquidiócesis de Buenos Aires.
3. Carlos Olivero, Villa Palito. Diócesis de San Justo.
4. Nicolás Angellotti, Puerta de Hierro, San Petesburgo, 17 de Marzo, 17 de Marzo Bis, Villegas. Diócesis de San Justo.
5. Guillermo Torre, Barrio Nicol. Diócesis Gregorio de Laferrere.
6. Ignacio Bagattini, P. Agustín López Solari, Villa 31. Arquidiócesis de Buenos Aires.
7. Pedro Cannavó, P. Federico Ortega, Padre Eduardo Giardejo, Barrio Ricciardelli ex Villa 1-11-14. Arquidiócesis de Buenos Aires.
8. Gustavo Rofi, P. Gabriel López, Barrio Don Orione-Claypole. Obra Don Orione. Diócesis Lomas de Zamora.
9. Andrés Benítez, Villa La Carcova, 13 de Julio y Villa Curita. Diócesis de San Martín.
10. Damián Reynoso, Monoblocks Villa Soldati. Arquidiócesis de Buenos Aires.
11. Adrián Bennardis. P. Domingo Rehin, Villa 3 y del Barrio Ramón Carrillo. Arquidiócesis de Buenos Aires.
12. Joaquín Giangreco, Villa Trujuy. Diócesis Merlo-Moreno.
13. Leonardo Silio, P. Jorge Moreno, Barrios Manantiales, Atalaya, Rififí, Cascallares, Cassasco y La Porteña. Diócesis Merlo-Moreno.
14. Ariel Corrado, P. Adrián Ortigoza, Villa 20. Arquidiócesis de Buenos Aires.
15. Andrés Tocalini, Villa Piletones. Arquidiócesis de Buenos Aires.
16. Pedro Baya Casal, Villa Rodrigo Bueno. Arquidiócesis de Buenos Aires.
17. Miguel Berriel, Villa Inta y Barrio Mugica. Arquidiócesis de Buenos Aires.
18. Francisco Ochiuzzi, Parroquia Catedral San Miguel. Diócesis de San Miguel.
19. Hugo Salas, Parroquia San Antonio de Padua, General San Martín, Chaco.
20. Hno. Cristian Viscardi, Capilla San Vicente. B. La Católica, Santiago del Estero, Capital.
21. Mariano Oberlin, Parroquia Crucifixión del Señor, Barrio Müller, Córdoba.
22. Francisco Contamin, Parroquia Beatos Mártires Riojanos, Zona Este, La Rioja.
23. Hernán David, Parroquia Santa Rita. Diócesis de Mar del Plata.
24. Daniel Echeverría M.SS.CC., P. Anaclet Mbuguje M.SS.C, Párrocos Solidarios, Parroquia Enrique Angelelli y Mártires Riojanos. Diócesis de San Justo.
25. Mario Vicente Lezcano, Parroquia Jesús Misericordioso, Arquidiócesis de Corrientes.
26. Héctor Díaz (Choby), Parroquia San Benedeto, Mar del Plata.
27. Diácono Marcelo Cuello, Cosquín. Arquidiócesis de Córdoba.
28. Marcos Aguirre, Salesiano, Bº Ludueña. Arquidiócesis Rosario.
29. Daniel Pesce. San Benito, Barrio Manantiales. Posadas, Misiones.
30. Federico Salmerón, Centro Comunitario Wenceslao Pedernera. La Rioja.
31. Pablo Viola. Parroquia Jesucristo del Mundo. Comercial, Angelelli 1 y 2, 12 de septiembre, El Milagro, Hogar 3. Arquidiócesis de Córdoba.
32. Marcelo Ciavatti, Estación Misionera Santa Lucía. Rosario, Santa Fe.
33. Mauricio Cardea, Parroquia Nuestra Señora de la Guardia. Villa Celina, La Matanza.
34. Fabio Solti SJ., Parroquia Nuestra Señora de Luján. Quilmes Oeste.
35. Marcelo Durango, Parroquia San José. San Miguel de Tucumán.
36. Melchor López. Parroquia Nuestra Señora de la Misericordia. Arquidiócesis de Córdoba.
37. Padre José María Di Paola. Parroquia Nuestra Señora de Lourdes, Ciudad de La Banda. Santiago del Estero.
38. Pancho Velo. Parroquia Jesús de Nazareth, Barrio Libertad, Merlo
39. P Daniel Petelin, Parroquia Ntra. Sra. de Lourdes, Concordia, Entre Ríos
40. Juan Berli. Parroquias Nuestra Sra. de Luján y Nuestra Sra. de las Lágrimas. Quilmes
41. Carlos Arce. Parroquia San Pantaleón, Río Cuarto, Córdoba.
42. Ubirajara Salazar. Parroquia San Antonio, Gral. San Martin Chaco.
43. Ignacio Rey Nores SJ. Parroquia Patriarca San José. Diócesis de San Miguel. Buenos Aires.

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