09 Março 2023
"Gosto de pensar que se as mulheres pudessem desfrutar de plena igualdade de oportunidades, poderiam contribuir substancialmente para a necessária mudança rumo a um mundo de paz, inclusão, solidariedade e sustentabilidade integral", escreve o Papa Francisco, em artigo publicado por La Stampa, 08-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
As questões ligadas ao mundo feminino estão particularmente próximas do meu coração. Esse livro reúne os resultados da pesquisa conjunta, promovida pela Fundação Centesimus Annus pro Pontifice e pela Aliança Estratégica das Universidades Católicas de Pesquisa, que contou com a participação de 15 acadêmicos de várias disciplinas pertencentes a 10 universidades residentes em 8 países. A pesquisa destaca as dificuldades que as mulheres ainda encontram para alcançar cargos apicais no mundo do trabalho e, ao mesmo tempo, as vantagens associadas à sua maior presença e plena valorização nos âmbitos da economia, da política e da própria sociedade.
Um mundo melhor, mais justo, inclusivo e totalmente sustentável não pode ser alcançado sem a contribuição das mulheres. Eis então que devemos trabalhar, todos juntos, para abrir oportunidades iguais para homens e mulheres, em todos os contextos, para buscar uma situação estável e duradoura de igualdade na diversidade porque o caminho para a afirmação feminina é recente, conturbado e, infelizmente, não definitivo.
O pensamento das mulheres é diferente daquele dos homens, estão mais atentas à proteção do meio ambiente, seu olhar não está voltado para o passado, mas para o futuro. As mulheres sabem que dão à luz na dor para alcançar uma grande alegria: doar a vida e abrir novos e vastos horizontes.
As mulheres sabem expressar força e ternura juntas, são capazes, competentes, preparadas, sabem inspirar as novas gerações. É justo que elas possam expressar essas suas habilidades em todos os âmbitos, não apenas naquele familiar, e serem remuneradas de forma igual aos homens pelo mesmo cargo, empenho e responsabilidade. As diferenças que ainda existem são uma grave injustiça.
Essas diferenças, juntamente com os preconceitos contra as mulheres, estão na raiz da violência contra as mulheres.
Devemos encontrar a cura para sanar essa praga, não deixar as mulheres sozinhas.
Gosto de pensar que se as mulheres pudessem desfrutar de plena igualdade de oportunidades, poderiam contribuir substancialmente para a necessária mudança rumo a um mundo de paz, inclusão, solidariedade e sustentabilidade integral.
As mulheres tornam o mundo mais bonito, protegem-no e mantêm-no vivo. Elas trazem a graça da renovação, o abraço da inclusão e a coragem de se doar. A paz, então, nasce das mulheres, surge e se reacende pela ternura das mães. Assim o sonho da paz se torna realidade quando se olha para as mulheres.
É meu pensamento que a igualdade deve ser alcançada na diversidade. Não igualdade porque as mulheres assumem os comportamentos masculinos, mas igualdade porque as portas do campo de jogo estão abertas a todos os jogadores, sem diferenças de sexo (e também de cor, religião, cultura...). Isso é o que os economistas chamam de diversidade eficiente. A capacidade de cuidar, por exemplo, é sem dúvida uma característica feminina que deve poder se expressar não só dentro da família, mas igualmente e com excelentes resultados na política, na economia, na academia e no trabalho.
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Papa Francisco: minha Igreja ao lado das mulheres; com elas no comando de um mundo de paz - Instituto Humanitas Unisinos - IHU