12 Setembro 2022
Depois que os bispos rejeitaram um documento que exigia mudanças no ensino da Igreja sobre sexualidade no Caminho Sinodal alemão, os organizadores expressaram, nessa sexta-feira, 9, o seu descontentamento com o resultado e prometeram levá-lo a Roma.
A reportagem é de A. C. Wimmer, publicada por Catholic News Agency, 09-09-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Um dos dois presidentes do Caminho Sinodal, o bispo Georg Bätzing, expressou “decepção pessoal” que uma minoria de bispos impediu que o documento que pedia mudanças no ensino da Igreja sobre homossexualidade, bissexualidade, identidade de gênero e masturbação fosse oficialmente adotado.
Enquanto quase 83% da assembleia sinodal em Frankfurt votaram a favor da adoção do texto, intitulado “Viver em relações bem-sucedidas”, apenas cerca de 61% dos bispos fizeram o mesmo.
O documento sobre sexualidade, portanto, ficou aquém de uma maioria de dois terços, pois 21 bispos rejeitaram o texto, e três se abstiveram, enquanto 33 bispos votaram pela adoção do documento, informou a CNA Deutsch, parceira de notícias em língua alemã da CNA.
De acordo com os estatutos do processo alemão, dois terços dos membros presentes devem votar a favor de um texto para que ele seja oficialmente adotado, desde que dois terços dos bispos presentes também votem “sim”.
Bätzing disse que o texto rejeitado, no entanto, era um produto do Caminho Sinodal, informou a CNA Deutsch, e “portanto, nós o levaremos ao nível da Igreja universal, quando estivermos em Roma em novembro para a visita ad limina, quando formos preparar o Sínodo mundial com as Conferências Episcopais continentais em janeiro”. Uma visita “ad limina apostolorum” é uma reunião com o papa obrigatória, para que o todos os bispos diocesanos do mundo apresentem uma atualização sobre o estado da diocese desses bispos.
O resultado da votação do dia 8 de setembro gerou repercussão na sede do evento em Frankfurt. Alguns participantes acusaram os bispos de não terem se pronunciado de modo contrário antes de votarem pela rejeição do texto proposto.
Após a votação secreta dessa quinta-feira, vários bispos disseram que não haviam se pronunciado antes porque temiam a pressão da assembleia sinodal.
Irme Stetter-Karp, presidente do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK) e copresidente do Caminho Sinodal, criticou essa explicação como “lamentável” e “um pouco impotente”.
“O meu desejo é ver um movimento que emerja agora da Conferência Episcopal como resultado do que ocorreu nessa quinta-feira, que a comunicação mude, e que as pessoas falem com a mente aberta”, disse a presidente do ZdK.
O documento sobre sexualidade é apenas um de várias polêmicas possíveis. Documentos que exigem a ordenação de mulheres e o fim do celibato presbiteral também estão em pauta, assim como a implementação de um Conselho Sinodal permanente. Esta medida criaria um órgão permanente para supervisionar a Igreja na Alemanha.
Os críticos fizeram comparações com os soviéticos comunistas e acusaram o processo de reinventar as estruturas protestantes existentes.
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Caminho Sinodal alemão: organizadores querem enviar documento sobre moral sexual a Roma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU