24 Junho 2021
“Não há o que comemorar com a saída de Salles: sai o algoz, mas fica a política incendiária. Prova disso é a aprovação do PL 490, anti-indígena, na CCJ da Câmara esta quarta (23). Sai Salles, mas fica seu escudeiro. Erra quem pensa que o negacionismo esteja corporificado em Salles ou mesmo em Bolsonaro; é pior: são os interesses do atraso econômico, desinformação e extermínio que sustentam o governo, e não o contrário. A mão que balança o berço do qual cai hoje Salles continuará a ditar o ritmo deste balanço rumo ao retrocesso” – Thiago Amparo, advogado, professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste) – Folha de S. Paulo, 24-06-2021.
“O sádico roteirista deste país nos brindou com um ato, ao mesmo tempo, trágico e elucidativo como, em geral, os atos finais são: no exato momento em que Salles saía do governo para entrar para o poço da história, a deputada Bia Kicis guiava a boiada para aprovar o maior acinte aos povos indígenas na história recente. É sintomático de um país que esmagou seus povos testemunhar a força gigante, mas solitária, da única deputada indígena, Joenia Wapichana, um dia depois de a polícia de Lira e Ibaneis brutalizar um protesto pacífico” – Thiago Amparo, advogado, professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste) – Folha de S. Paulo, 24-06-2021.
“O presidente acertou a demissão do auxiliar e tentou se livrar desse risco no mesmo dia em que se avolumaram suspeitas sobre a negociação para a compra de vacinas contra a Covid-19. Um deputado governista disse ter avisado a Bolsonaro que havia um “esquema de corrupção pesado” nos contratos da Covaxin. A reação do governo reflete o desespero diante dessa história: o Planalto ameaçou o denunciante e mandou investigar o servidor que havia alertado para os problemas do negócio. Proteger Bolsonaro das suspeitas de corrupção desse caso passou a ser prioridade. Salles teria que ser um problema a menos” – Bruno Boghossian, jornalista – Folha de S. Paulo, 24-06-2021.
“Jair Bolsonaro é 505 mil vezes pior do que Collor. A palavra genocida, que só em casos excepcionais saía dos dicionários contra alguém, tornou-se seu sinônimo. E de uso tão corriqueiro que se arrisca a ficar insuficiente para definir o homem que, não só deixou que centenas de milhares morressem da Covid, como, sabe-se agora, desejou essas mortes —e debocha de quem as chora” – Ruy Castro, jornalista e escritor – Folha de S. Paulo, 24-06-2021.
“Um Brasil de luto dirá melhor o que é viver sob Bolsonaro. Mesmo porque o luto —o nosso ou o de alguém que amamos— já está hoje em cada rua, prédio ou apartamento, implorando para gritar” – Ruy Castro, jornalista e escritor – Folha de S. Paulo, 24-06-2021.
“A mal organizada tentativa de golpe de Estado que levou à invasão do Capitólio, em Washington, está longe de ser um capítulo encerrado nos 233 anos de regime constitucional americano” – Lúcia Gimarães, jornalista – Folha de S. Paulo, 24-06-2021.
“Agora que o aspirante a ditador no Planalto, removido do Exército por mentir sobre seu plano de colocar bombas em quartéis, confessa querer um “6 de janeiro” para chamar de seu, recapitular a sequência de erros e omissões que permitiram o ataque grotesco para anular a eleição americana causa ainda mais alarme” – Lúcia Gimarães, jornalista – Folha de S. Paulo, 24-06-2021.
“As instituições funcionaram nos EUA? Não. Indivíduos agiram heroicamente para derrotar os golpistas. Tudo aconteceu por um triz. A preservação da urna com os votos eleitorais, necessários para certificar a eleição de Joe Biden; a retirada, sob escolta, do vice-presidente Mike Pence, 60 segundos antes de o plenário do Senado ser invadido por trumpistas que pediam seu enforcamento; o bravo policial Eugene Goodman que distraiu a multidão e arriscou a própria vida para proteger senadores” – Lúcia Gimarães, jornalista – Folha de S. Paulo, 24-06-2021.
“O resumo sugere um ministério de militância menos estridente ou até contida. Bolsonaro teve de fazer ao menos um recuo tático, dados os clamores quase gerais (na segunda onda, quando Pesadello caiu, ou contra Araújo) ou porque a polícia bate na porta, de ministros ou filhos. Ainda pode satisfazer aliados (o serviço no Ambiente está quase pronto) ou distribuir favores fiscais (impostos, programas sociais mambembes etc.). Está mais cercado, mas ainda tem a força de condutor de uma tentativa de revolução dos infernos. Não convém subestimar nenhuma das duas forças, a que encurrala Bolsonaro ou sua capacidade de reação. Algo muda” – Vinicius Torres Freire, jornalista – Folha de S. Paulo, 24-06-2021.
“Um ponto de atenção que não pode ser esquecido: os projetos da reforma tributária da CBS e do Imposto de Renda ainda não têm relatores indicados. Lira está tendo de fazer muitas acomodações de acordos políticos selados quando em campanha para a presidência da Casa. Um desses acordos previa a relatoria da reforma para Luis Miranda, justamente o deputado do DEM do DF que denunciou fraude na compra de milhões de doses da Covaxin e agora é desafeto máximo do presidente. Miranda tinha como certa sua indicação. Tem caroço nesse angu com a quebra desse acordo” – Adriana Fernandes, jornalista – O Estado de S. Paulo, 24-06-2021.
“Se Jair Bolsonaro acha que está sendo cercado e cerceado, e se sente ameaçado, está mesmo. Do ponto de vista “estrutural” perdeu poder para o Legislativo (além de virar refém do Centrão) e foi manietado pelo Judiciário. Do ponto de vista das circunstâncias do cotidiano, está acuado pela evidência de que as ruas não são apenas dele. A CPI da pandemia mantém constante pressão política, gerando desgaste que o foco nos contratos da vacina indiana aumentaram perigosamente” – William Waack, jornalista – O Estado de S. Paulo, 24-06-2021.
“O tom ameaçador de Onyx Lorenzoni contra Luis Miranda e Luis Ricardo Fernandes é uma resposta em público, segundo a Coluna apurou, ao que ambos estão dizendo em privado, nos bastidores do poder: possuem alto poder de fogo; suficiente, segundo um deles, para explodir o governo. O deputado Miranda (DEM-DF) esteve com Renan Calheiros (MDB-AL) na terça-feira, 22. Enquanto ambos conversavam, entrou na sala Marcos Rogério (DEM). “Você apoia o governo, mas eu vou derrubar a República”, teria dito Miranda ao colega de partido. O deputado Miranda se queixava ao senador de que Fernandes, seu irmão, estava sendo injustiçado. Dizia ainda ter provas para apresentar amanhã, 24, quando deve depor na CPI da Covid, da qual Renan é o relator. O tom belicoso de Onyx Lorenzoni em pronunciamento desagradou ao relator. “É uma interferência do Poder Executivo no Legislativo. Vamos pedir convocação do Onyx imediatamente pela interferência e coação da testemunha. Se ele continuar, vamos pedir a prisão dele”, afirmou à Coluna” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 24-06-2021.
“No Planalto, o caso é tratado como prioridade zero. A leitura é de que tem alto poder de abalar o discurso contra a corrupção e os desvios. Por isso, a demissão de Ricardo Salles em dia tão fatídico” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 24-06-2021.
“As declarações de Luis Miranda, públicas e privadas, reforçaram o sentimento de paranoia e de traição no Planalto: ministros estavam cuspindo fogo contra o ex-aliado” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 24-06-2021.
“Onyx foi escalado pelo Planalto para contestar Miranda por motivos especiais: tem sido um dos mais leais ministros na defesa de Jair Bolsonaro; ele e Miranda são do mesmo partido, o DEM, o que deixa o recado mais “claro” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 24-06-2021.
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‘Vou derrubar a República’ – Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU