Brasil contraria tendência global e pode ter alta em emissões na pandemia

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23 Mai 2020

Análise do Observatório do Clima indica que carbono emitido por desmatamento pode subir até 50% em relação a 2018, compensando queda em energia.

A reportagem é de Solange A. Barreira, publicada por EcoDebate, 22-05-2020.

A recessão global gerada pela Covid-19 deve causar uma redução nas emissões de gases de efeito estufa da ordem de 6% em 2020. Mas um país foge a essa escrita: análise do Observatório do Clima lançada nesta quinta-feira (21) indica que as emissões do Brasil podem subir entre 10% e 20% neste ano de pandemia em relação a 2018, último ano para o qual há dados disponíveis.

Segundo nota técnica do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do OC), o forte aumento do desmatamento na Amazônia neste ano tende a compensar a queda esperada das emissões no setor de energia e na atividade industrial, além da redução que também vem sendo verificada no desmatamento no Cerrado.

Considerando média dos últimos cinco anos do desmatamento nos meses de maio a julho, as emissões decorrentes da destruição da floresta em 2020 serão 29% maiores que em 2018. Caso o desmatamento em maio, junho e julho deste ano seja semelhante ao do mesmo período do ano passado, porém, a Amazônia pode terminar 2020 com 14,5 mil quilômetros quadrados desmatados e emissões 51% maiores do que em 2018. O desmatamento é medido sempre de agosto de um ano a julho do ano seguinte. Em julho se encerra a série de 2020.

Outro fator de aumento nas emissões do Brasil é a redução no consumo de carne. Em abril, os abates de bovinos caíram 20%, o que pode significar um ligeiro acréscimo nas emissões do setor. A pecuária responde sozinha por 20% das emissões do Brasil, sobretudo devido ao metano emitido pelo rebanho bovino (o popular “arroto” do boi). A redução nos abates significa mais bois no pasto e, portanto, mais emissões.

Outros setores têm tendência de queda nas emissões durante a pandemia. O de transportes, por exemplo, viu quedas expressivas no aéreo e no transporte individual de passageiros a partir da adoção do isolamento social, em março. No entanto, o consumo de diesel no transporte de carga subiu, o que levou a uma queda de 1% nas emissões no primeiro trimestre, no cômputo geral – uma redução pequena. A geração de eletricidade e a indústria tiveram quedas nas emissões.

Em 2018, o Brasil emitiu 1,9 bilhão de toneladas brutas de CO2 equivalente. Essas emissões se dividem entre os setores da seguinte forma: 21% em energia, 5% em processos industriais, 25% em agropecuária, 5% em resíduos e 44% em mudança de uso da terra. A depender do que acontecer com o desmatamento da Amazônia, as emissões em 2020 podem ser da ordem de 2,1 bilhão a 2,3 bilhões de toneladas brutas. Isso desviaria o país tanto do cumprimento da Política Nacional de Mudança do Clima, que tem meta de emissões decrescentes para 2020, quanto do Acordo de Paris, que prevê emissões de 1,3 bilhão de toneladas de CO2 equivalente para 2025.

“O efeito da pandemia é redução das emissões no mundo inteiro. Mas, no Brasil, temos a maior parte das emissões vinculadas a mudanças do uso da terra, que estão descoladas da Covid-19”, disse Tasso Azevedo, coordenador do Seeg.

“A aceleração do desmatamento e das emissões decorre diretamente das ações do governo Bolsonaro de desmontar os planos de controle, por um lado, e estimular o crime ambiental, por outro. O Brasil se tornou uma ameaça ao Acordo de Paris, num momento em que precisamos mais do que nunca avançar na estabilização do clima, para evitar uma outra grave crise de proporções mundiais”, afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do OC.

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