03 Novembro 2017
Após a Eucaristia, celebrada no cemitério romano-americano de Netuno, o Papa Francisco foi até as Fossas Ardeatinas. Após visitar as cavernas do horror, ele rezou em silêncio, depositou rosas brancas nas sepulturas e, acompanhado pelo rabino de Roma, pronunciou uma sentida oração "ao Deus de cada um dos 335 assassinados aqui em 24 de março de 1944".
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 02-11-2017. A tradução é de André Langer.
Nas Fossas Ardeatinas, estão enterrados 335 civis italianos, que Hitler ordenou executar em 24 de março de 1944, em represália pela morte de 10 soldados alemães: 10 italianos para cada soldado alemão.
O Papa chega à entrada das Fossas Ardeatinas e, antes de entrar, para para saudar dezenas de presentes. As pessoas desejam-lhe sorte e dizem-lhe que rezam por ele e pedem-lhe bênçãos.
Papa Francisco com Riccardo Di Segni (Foto: Periodista Digital)
Em sua visita ao local, ele está acompanhado pelo rabino Riccardo Di Segni de Roma. Antes de entrar, um militar explica ao Papa, quase rezando, a história do lugar.
E o Papa entra nas fossas e se adianta aos demais e atravessa as grandes covas com um passo lento e rosto concentrado e triste.
O militar aproxima-se novamente e continua a lhe explicar a história do lugar. Depois, o Papa permanece, novamente, sozinho e começa a rezar diante da cerca que lembra o horror nazista. Por um longo tempo, com a cabeça inclinada.
O rabino Segni aproxima-se e explica-lhe outra parte do horror sofrido no lugar pelos judeus. E acompanha o Papa para outra parte das Fossas.
Depois, o Papa entrou por entre as tumbas dos assassinados e foi depositando sobre elas rosas brancas. E percorreu o longo corredor de sepulturas com passo lento e semblante de oração e cheio de dor diante de tanto horror.
Ali mesmo, diante das sepulturas, primeiro o rabino, e depois o Papa, pronunciaram sentidas palavras.
"Deus de Abraão, de Isaac, Deus de Jacó, com este nome Te apresentaste a Moisés quando lhe revelaste o desejo de libertar o teu povo da escravidão no Egito.
Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó, Deus que faz aliança com o homem. Deus que se une com uma aliança de amor fiel para sempre, misericordioso e compassivo com cada homem e cada povo que sofre opressão.
"Eu vi a opressão do meu povo e eu ouvi os gritos de dor". Deus dos rostos e dos nomes, Deus de cada um dos 335 homens que morreram aqui, em 24 de março de 1944, cujos restos repousam nesses túmulos.
Tu, Senhor, conheces os seus rostos e seus nomes: todos, até os doze que nos eram desconhecidos. Para Ti, nenhum é desconhecido.
Deus de Jesus, Pai nosso que estás nos céus: graças a Ele, o crucificado ressuscitado, nós sabemos que o Teu nome – Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó – significa que Tu não és o Deus dos mortos, mas dos vivos, que a Tua aliança fiel de amor é mais forte do que a morte e é garantia de ressurreição.
Faz, Senhor, que neste lugar consagrado à memória daqueles que morreram pela liberdade e a justiça, tiremos as sandálias do egoísmo e da indiferença e, através da sarça ardente deste mausoléu, escutemos no silêncio o Teu nome: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó, Deus de Jesus, Deus dos vivos. Amém."
Após a oração, o Papa assinou o livro do horror do mausoléu. O Papa escreveu lentamente sua dedicatória, pensando-a detidamente.
E, novamente, sai para a parte externa das fossas e saúda as pessoas, que o aclamam, antes de se despedir do rabino Segni e subir no seu pequeno utilitário, com a placa SCV 01094.
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O Papa reza "ao Deus de cada um dos 335 assassinados aqui em 24 de março de 1944" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU