11 Outubro 2018
“O Papa não encontrou o candidato apropriado” para substituir o cardeal Ricardo Ezzati no cargo de arcebispo de Santiago do Chile, mas “está à procura dele”. Pelo menos foi o que admitiu o arcebispo de Concepción, dom Fernando Chomali Garib, que também revelou que “há uma dor muito grande pelo que está acontecendo na Igreja” com os abusos sexuais de menores. “Esta questão tem sido muito decepcionante, muito triste, dolorosa, mas o Papa está determinado a acabar com o problema. Será um legado importante em seu ministério”, disse Chomali.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 09-10-2018. A tradução é de André Langer.
“Não serei eu”, confiou o arcebispo de Concepción na segunda-feira em conversa com jornalistas sobre quem vai tomar as rédeas da Igreja da capital com a renúncia de Ezzati, apontado pelas vítimas como cúmplice de sacerdotes pedófilos e duramente criticado por publicar o que Chomali descreveu como um manual do “desastre”, no qual recomendou aos sacerdotes que “evitassem” deitar-se com menores.
“Pela terceira vez apresentei a minha renúncia e ele não aceitou”, continuou Chomali, referindo-se à recente conversa com o Pontífice, que ele descreveu como “profunda e sincera”.
“Se o Papa ou a Congregação para os Bispos me perguntasse se eu gostaria de ser arcebispo de Santiago, a resposta é não”, explicou o prelado. “Pedi formalmente ao Papa um trabalho simples e ele me disse para continuar aqui”. “Eu disse (ao Papa) que tivesse absoluta liberdade para decidir e nomear novos bispos e administradores apostólicos”, prosseguiu o pastor de Concepción. “Eu reiterei, com muita sinceridade e de coração, que estava disponível. O Papa insistiu em que eu ficasse, que quebrasse a inércia e continuasse fortalecendo as múltiplas obras sociais que temos em Concepción”.
Na coletiva de imprensa, o arcebispo Chomali referiu-se em termos concretos à “profunda crise” dos abusos e também das vocações que “a Igreja na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina” está atravessando. Uma crise que foi sentida muito fortemente na própria Igreja chilena, onde o Papa Francisco expulsou do sacerdócio os padres pedófilos Fernando Karadima e Cristián Precht. Um gesto que Chomali avaliou como “um sinal de grande justiça para com as vítimas”, embora tenha chegado “atrasado”. “Antes tarde do que nunca. Creio que foi bem acolhido por toda a sociedade chilena”, disse o arcebispo sobre essas destituições.
Por fim, o arcebispo Chomali abordou com os jornalistas as últimas denúncias de padres pedófilos em sua própria diocese de Concepción. “Essas duas denúncias estavam arquivadas civil e canonicamente, e foram reabertas, porque as pessoas não se sentiram satisfeitas”, disse o religioso. “São denúncias recentes, de fatos muito antigos e estamos iniciando o processo”.
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Chile. “O Papa ainda não encontrou o candidato certo para Santiago, mas está à procura dele”, segundo arcebispo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU