O comércio varejista e as indústrias calçadistas movimentaram 73.652 trabalhadores no primeiro semestre deste ano, somando-se os admitidos e os desligados.
As mulheres representam o maior número de admissões e desligamentos nestes setores que mais movimentaram o trabalho formal na região. No comércio varejista as mulheres são 53,4% das admissões e 53,1% dos desligamentos. E, nas indústrias calçadistas são 55,4% das admissões e 54,1% dos desligamentos.
O salário preponderante, para 16.504 mulheres admitidas fica entre um e um salário mínimo e meio.
Estes dados foram apreendidos do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED, do
Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.
O
ObservaSinos sistematizou as informações que compõem o perfil dos trabalhadores no comércio varejista e indústrias calçadistas - sexo, idade, escolaridade, faixa de horas trabalhadas semanalmente e faixa salarial - e
disponibiliza em sua página estes indicadores para análise por Município que compõe o COREDE Vale do Rio dos Sinos.
Loricardo de Oliveira, sindicalista atuante no Vale do Sinos e Tesoureiro CUT/RS, comenta esta realidade afirmando que:
O crescimento do emprego deve acontecer com a garantia de direitos e aumento da renda.
Os dados não trazem muitas novidades comparativas com os números anteriores, o que demonstra estabilidade econômica, mas nela apresenta problemas que devem ser revistos com urgência. Pensar a economia ou controle do câmbio taxando os juros como solução para controlar a inflação está equivocada, quando se tem uma inflação localizada em setores como combustíveis e alimentação, exemplo do último período, ao invés de se ter uma política de estancamento com políticas especificas, e assim mantendo os investimentos no setor produtivo. Na política industrial apresentada pelo governo faz vibrar setores empresariais, principalmente por desoneração da folha de pagamento, passando para o faturamento a contribuição da previdência. Nestas medidas o setor de calçado é um dos que ganha incentivo na nova política industrial e tem o dever de apresentar no próximo período crescimento de empregos, pois segundo os empresários os encargos são problemas para investimento. Mas não se fala em nenhum momento na diminuição da margem de lucros. Aliás parte que na legislação está isenta de imposto de renda, e este é um dos itens que mais aumenta na produção e que tanto os governos quanto os empresários não tocam em medidas solucionáveis. Temos cobrado do governo qual a garantia do número de empregos nestas medidas, assim como temos que ter garantias que não prejudicarão o desmonte da previdência pública.
A maioria não possui ensino médio, o que requer investimento em educação com políticas públicas garantindo acesso à escola. Neste sentido, com a necessidade de iniciar no mercado de trabalho, faz o êxodo da sala de aula, com uma jornada de trabalho sobrecarregada e com ambientes de trabalho precários. Este êxodo encontra no trabalho além de problemas físicos, doenças ocupacionais como stress, que advém da monotonia e da falta de perspectiva da ampliação e melhorias salariais e crescimento profissional.
Também não é mais possível aceitar que a média salarial esteja no patamar de 1.01 a 1.5 salários mínimos, mesmo que no salário mínimo foi construída uma política permanente de crescimento nos próximos anos, aliás, fruto da luta organizada das centrais sindicais. Há um aumento da massa salarial, mas isso não significa que os salários sejam reforçados para haver também uma melhora na distribuição de renda. E é muito nítida a diferença salarial entre homens e mulheres, o que se deve ter como preocupação dos sindicatos, como cláusulas nas convenções coletivas, que garantam a diminuição das diferenças salariais entre gênero, e terem como prioridade reajuste real de salários e pisos salariais com uma política de distribuição de renda.