28 Setembro 2013
Grande parte dos dados que permitem aos cientistas afirmar como era o clima há 800 mil anos vem das camadas de gelo do Ártico e da Antártida. Mas, a julgar pelas próprias perspectivas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), esse estoque de informações está cada vez mais ameaçado. Estatísticas publicadas ontem indicam que o derretimento nas regiões polares nunca foi tão acentuado.
"A média global de decrescimento da extensão do gelo no Oceano Ártico no período 1979-2012 foi muito provavelmente entre 3,5% e 4,1% por década, ou entre 450 mil e 510 mil quilômetros quadrados", diz o IPCC, referindo-se a uma área equivalente ao tamanho da Espanha, pouco inferior ao tamanho de Minas Gerais.
A reportagem é de Andrei Netto e publicada pelo joranl O Estado de S. Paulo, 28-09-2013.
Nos verões, a perda chega a entre 9,4% e 13,6% por década, ou entre 730 mil e 1,07 milhão de quilômetros quadrados - maior que o Egito, ou um pouco menor que o Pará. Nas geleiras da Antártida, a taxa ficou entre 1,2 e 1,8% por década, ou entre 130 mil e 200 mil quilômetros quadrados no mesmo período.
Nas geleiras do planeta, um total de 275 bilhões de toneladas de gelo "muito provavelmente" derreteram por ano entre 1993 e 2009. "Nas últimas duas décadas, a Groenlândia e as banquisas de gelo da Antártida vêm perdendo massa, geleiras continuam a derreter em todo o mundo, o gelo do oceano Ártico e a cobertura de neve na primavera do Hemisfério Norte continuaram a decrescer em extensão", adverte o IPCC.
Tamanho impacto é causado, claro, pelo aumento da temperatura da Terra, que se verifica com clareza nas regiões polares. "Há grande confiança de que as temperaturas do permafrost (solo que permanece sempre congelado) aumentaram na maioria das regiões, desde o início de 1980", reitera o IPCC. "O aquecimento observado foi de até 3°C em partes do norte do Alasca (do início de 1980 a meados da década de 2000) e de até 2°C em partes do norte da Rússia Europeia (1971-2010)."
A medição do impacto para as populações da região é um dos pontos nos quais o IPCC precisa avançar, segundo explicou Thomas Stocker, um dos dois coordenadores do relatório. "Sempre foi um objetivo ser relevante para pequenas comunidades locais, mas este ainda é um desafio", reconhece.
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