Transformação da estrutura produtiva no Vale do Sinos

  • Segunda, 25 de Junho de 2018

Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos promoveu, em abril, a palestra “Trabalho e as desigualdades no Vale do Sinos”. A atividade foi ministrada pela Profa. Ms. Vanessa de Souza Batisti, do curso de Economia da Unisinos. O objetivo da atividade foi debater os dados do trabalho, emprego, renda e das desigualdades dos municípios e região do Vale do Sinos. Um dos principais focos de discussão também foi o mundo do trabalho, que vem sofrendo alterações e é o objeto principal de estudo do ObservaSinos.

A professora iniciou a apresentação revelando o objeto de estudo da sua tese de mestrado, que foi o norteador da palestra. Ela apresentou a transformação da estrutura produtiva ocorrida, e que ainda vem ocorrendo, no Vale do Rio dos Sinos, a partir da década de 1990. Contextualizando o Vale do Sinos, Vanessa afirma que a região é conhecida nacional e internacionalmente pela especialização em produção de calçados.

“É um dos ambientes produtivos mais estruturados para a produção deste produto, já que ali se concentram diversas firmas de setores e ramos correlatos ao calçadista. Já foi considerado o maior aglomerado produtor e exportador de calçados do mundo, entre as décadas de 1970 e 1980”, diz.

Ela também revela que, com o aumento da concorrência internacional nos anos 90 e a valorização cambial nos primeiros anos do Plano Real, ocorreu uma crise sem precedentes no Vale dos Sinos e, a partir disso, se intensificou o processo de transformação produtiva no Vale. Com isso, Vanessa informa que ocorreu o “incremento da participação nos empregos e nos estabelecimentos das atividades intensivas em Conhecimento e em Especialização” e a “redução da participação nos empregos das atividades intensivas em Trabalho, com manutenção da participação nos estabelecimentos”.

Como principais mudanças no Vale do Sinos, ela destaca a mudança na estrutura produtiva, com desindustrialização entre setores industriais e o aumento da força de trabalho em atividades como metalmecânica, por exemplo. Vanessa também faz uma reflexão sobre o comportamento das indústrias neste sentido.

“As indústrias de couro (seu beneficiamento), calçados e artefatos, seguem bastante representativas, quando se refere à especialização dos estabelecimentos do Vale – o que pode evidenciar a migração dos “empregos”, que antes existiam na indústria coureiro-calçadista na região, para possíveis empreendimentos de ex-funcionários da indústria, que seguiram participando da cadeia via relações de subcontratação”, explica.