Pe. Lombardi: "Eu não me aposentei. O meu sofrimento? Os abusos na Igreja"

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13 Julho 2016

O padre Federico Lombardi deixa a direção da Sala de Imprensa da Santa Sé: "Mas não vou me retirar. Ainda vou viver em Roma. Não vou me aposentar. Para um sacerdote, é um prazo inexistente. Eu permaneço em serviço pela Igreja".

A reportagem é de Carlo Tecce, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 12-07-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Federico Lombardi, chamado de padre Lombardi, piemontês de Saluzzo, jesuíta nascido em 1942, comunicador com diploma em Matemática, voz e rosto de Joseph Ratzinger e Jorge Mario Bergoglio diante dos jornalistas, com estudos em teologia em Frankfurt, viagens de bicicleta pela Europa com barraca, queijo e tomates no bagageiro, sobrinho de um jurista e de um pregador, neto de um senador, em 20 dias deixará a direção da Sala de Imprensa da Santa Sé depois de 10 anos.

É prematuro acolher a melancolia:. "Ainda não entendi precisamente do que vou sentir falta. Por um longo tempo, tive o privilégio de acompanhar de perto os pontificados de Francisco e de Bento: é o aspecto mais gratificante de uma experiência intensa. E, depois, acrescento – agora eu me permito uma expressão de carinho – também a relação dialética pura com os jornalistas me apaixonou".

O momento não se revelou de surpresa: "Eu esperava, é normal. Em um encontro com o Papa Francisco, recentemente, nós falamos sobre isso com serenidade. Agrada-me o fato de que a tarefa seja confiada a Greg Burke e García Ovejero, profissionais de indubitável qualidade".

O padre Lombardi é pragmático e reservado. Ele tem um caráter bonachão que envolve a rigidez de um funcionário de extrema cultura. Talvez ele prefira dizer uma palavra a menos, em vez de uma palavra a mais: "O meu papel tem regras claras. O que eu aprendi e espero ter entendido em profundidade e difundido para todos, é a mensagem papal".

O significado de um pontificado: para Bergoglio, "o sentido é a Igreja a caminho. O termo é o 'discernimento', a atitude a avaliar e distinguir para resolver as questões mais delicadas da vida e do mundo. Cada escolha de Francisco reforça o conceito de Igreja a caminho, isto é, não fechada, parada, surda".

A herança de Ratzinger: "Ele soube chegar à síntese entre ciência e espírito, entre o mestre de teologia e o homem de fé. Ele ensinou muito, e estou feliz que ele conseguiu concluir a maravilhosa obra sobre Jesus".

O padre Lombardi informou, retificou, desmentiu e enfrentou períodos diferentes, com tensões diferentes, e – agora que uma era acabou – pode admitir: "Eu sofri com os abusos sexuais que feriram a Igreja. Refiro-me aos episódios de pedofilia nos Estados Unidos, na Alemanha e na Irlanda. Essas são páginas terríveis para a Igreja. Tentei assegurar a máximo a transparência, a correção e a vontade de mudança. Me senti envolvido, especialmente do ponto de vista emotivo. Para um sacerdote, não é simples acompanhar casos similares e lidar com a mídia".

O Vatileaks com o mordomo, a renúncia de Ratzinger, a réplica do Vatileaks, uma cópia de livros no banco dos réus, os escândalos financeiros, as reformas de Francisco, as tensões da Cúria: "Eu também sofri com os escândalos econômicos, eles fazem muito mal ao Vaticano. Os pecados da Igreja ferem".

O que vai fazer amanhã, padre Lombardi? "Veja, eu ainda tenho 20 dias e a viagem à Polônia. Não vou me retirar, ao Piemonte ou a outro lugar. Vou ficar em Roma e, escreva bem isto, não me trate como aposentado".

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