Jubileu: uma abertura com dois papas

Mais Lidos

  • Crer apesar de razões para não crer. Artigo de Leonardo Boff

    LER MAIS
  • “O próximo papa poderia convocar um concílio”. Entrevista com D. Erwin Kräutler

    LER MAIS
  • Gino Cecchettin, o discurso no funeral da filha Giulia. Texto integral

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

10 Dezembro 2015

O longo dia do Papa Bergoglio começou com a sua entrega a Nossa Senhora e terminou com uma oração de agradecimento diante do ícone da Salus Populi Romani, protetora de Roma. Havia muitas razões para ir se inclinar diante do rosto da Virgem, dadas as premissas da vigília, com os alertas de atentado e as medidas predispostas pelas autoridades italianas, tais como transformar a zona vaticana em uma espécie de corrida de obstáculos para qualquer um que quisesse ir à missa papal.

A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 09-12-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Especialmente para os peregrinos mais idosos que, dada a garoa, o frio e os controles peculiares (sem exceções, incluindo padres, freiras e até mesmo bispos) viram transformar o trecho isolado obrigatório, da Via della Conciliazione até a Praça Pio XI, em uma mortal Via Sacra.

Quem pagou a conta por isso só podia ser a multidão dos fiéis mais fracos. Muitos deles, desencorajados pelo medo, ficaram em casa, grudados na TV. Os números oficiais divulgados pelo padre Ciro Benedettini, vice-diretor da Sala de Imprensa vaticana, contavam generosamente apenas 70 mil pessoas, praticamente as mesmas que registra um ngelus em tempos pacíficos, certamente não as que deveria reunir o Jubileu da Misericórdia. Mas tanto faz.

Barreiras

Os policiais às portas não deixavam entrar nem mesmo os jornalistas credenciados, os voluntários, os empregados do outro lado do Rio Tibre. Todos nas mesmas condições. Justamente enquanto o Papa Francisco, do adro da basílica, pregava a abertura da Igreja, metáfora das metáforas, com as portas abertas em todos os lugares, a acolhida, o perdão, o amor, a caridade.

O rito solene tradicional foi simplificado: o latim deu lugar ao italiano, as suntuosas vestes litúrgicas do passado foram substituídas por hábitos menos pretensiosos, muitas passagens rituais foram cortados e aliviados pelo mestre de cerimônias, Mons. Marini. A mensagem transmitida ao vivo para todo o mundo por Francisco é de voltar às fontes, às raízes, ao testemunho imediato das primeiras comunidades.

É preciso frescor. "Devemos antepor a misericórdia ao juízo, e, em todo o caso, o juízo de Deus será sempre à luz da Sua misericórdia", explicou ele durante a homilia. "Abandonemos todas as formas de medo e de temor, porque não convém a quem é amado; vivamos, ao contrário, a alegria do encontro com a graça que tudo transforma".

Junto com o papa, concelebraravam os três primeiros cardeais bispos, Angelo Sodano, Giovanni Battista Re e Tarcisio Bertone, aos quais também foi incluído o diretor do Ano Santo, Dom Fisichella. Um tuíte de Francisco sintetizou o espírito do caminho: "Que o Jubileu da Misericórdia traga a todos a bondade e a ternura de Deus!". Um dom de graça para aqueles que creem.

Itália

A Itália estava representada no seus mais altos níveis. O presidente da República, Sergio Mattarella, com a filha, e o primeiro-ministro, Matteo Renzi, com a esposa, Agnese, em tailleur preto e salto agulha de tirar o fôlego. Ambos, no fim da função, depois de atravessar a Porta Santa, foram conduzidos à sacristia para cumprimentar Francisco. Antes Mattarella e, depois, Renzi, cada um acompanhado por um empregado vaticano. Palavras de circunstância, referências à recente viagem à África, gestos de caridade realizados, assim como a visita às favelas de Nairóbi.

Praça Mignanelli

À tarde, depois de um almoço no refeitório e uma pequena sesta, Francisco pôs-se novamente a caminho para prestar homenagem, como todos os anos, à Nossa Senhora da Praça Mignanelli, a poucos passos da Praça de Espanha, em memória da proclamação do dogma da Imaculada Conceição.

"Eu venho em nome das famílias, com as suas alegrias e dificuldades; das crianças e dos jovens, abertos à vida; dos idosos, repletos de anos e de experiência; de modo particular, venho ao seu encontro em nome dos doentes, dos presos, daqueles que sentem mais duro o caminho."

Ao redor, as ruas de compras estavam isoladas e bloqueadas. As autoridades presentes, o comissário Tronca e o cardeal Vallini, foram saudados rapidamente. O beijo-mão também foi reduzido a nada. Em compensação, o papa dedicou energias infindáveis para beijar crianças, acariciar doentes em cadeiras de rodas, encorajar pais desesperados.

Não faltaram as fotos de recordação, os selfies, as piadas espontâneas. O estilo Francisco é este. Depois, a caminho de novo no carro, no habitual Ford Focus não blindado, desta vez rodeado por uma coluna de carros blindados para protegê-lo.

Vivemos tempos perigosos. No entanto, a Igreja, para Francisco, deve permanecer confiante, missionária, materna. Acolhedora para com todos.

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Jubileu: uma abertura com dois papas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU