Jubileu. Governo italiano não acredita em evento jubilar de ''baixo custo''

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17 Março 2015

Trinta milhões de peregrinos prestes a chegar em menos de oito meses. Poucos no Palácio Chigi [sede do primeiro-ministro italiano] acreditam no Jubileu low cost. Especialmente quem não acredita é o subsecretário Graziano Delrio, que iniciará a semana encontrando-se com Ignazio Marino. O prefeito de Roma já indicou que não tem nenhuma intenção de desistir sobre a questão do comissário que deverá gerir o grande evento. "Se é preciso um comissário, este sou eu. Caso contrário, procurem também outro prefeito", explicou Marino ao telefone àqueles que pediam luzes sobre o caso.

A reportagem é de Marco Conti, publicada no jornal Il Messaggero, 16-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Nas controvérsias que dividem o Partido Democrático (PD) romano, Renzi não pretende entrar enquanto o presidente do PD, Mattteo Orfini – comissário do PD romano – joga água fria no fogo, julgando o debate como surreal.

Um confronto que subverte também as inclinações com o senador Giro (Forza Italia) que defende Marino e Storace (La Destra), que ironiza o "Jubileu confundido por alguns do PD como a festa da Unidade".

Dentro do PD romano, a impaciência com o prefeito é forte, mas ninguém – nem mesmo Renzi [primeiro-ministro italiano] – tem a força para pô-lo de lado. Muito menos agora que o anúncio do pontífice acendeu ainda mais os holofotes do mundo sobre Roma.

É por isso que o presidente do Conselho de Ministros tem o cuidado de entrar na polêmica, confiando a Delrio a tarefa de iniciar, em curto prazo, o debate com o Campidoglio. O governo pretende ir rapidamente aos fatos, pedindo a Marino as listas das obras e das manutenções que ele pretende realizar antes do dia 8 de dezembro e dos relativos custos extraordinários que a cidade vai ter que sustentar para cada evento individual.

O tempo limitado à disposição impede que se imagine a construção de novas grandes obras infraestruturais, mas se percebe a exigência de completar as obras em andamento até o fim do ano.

O inesperado anúncio do papa surpreendeu o governo, mas a intenção é a de repetir o formato organizativo já experimentado por ocasião da beatificação dos dois papas. Ou seja, o início de uma espécie de sala de controle que envolva todos os níveis de governo e o Vaticano.

A nomeação de um comissário não está entre as principais preocupações do governo, embora no Palácio Chigi não se subestimem as dificuldades que o prefeito Marino está administrando, que ainda deve fazer as contas com uma investigação sobre a Mafia Capitale, cujo perímetro ainda é pouco conhecido.

"Vou submeter cada ato a Sabella", lembra o prefeito, evocando o magistrado que, na sua junta, tem o papel de assessor da Legalidade. Resolvido o problema da transparência e da correção, no entanto, corre o risco de permanecer o da velocidade dos atos, dos procedimentos e das relativas concorrências que deverão ser feitas.

Renzi – antes de pensar em possíveis comissários e eventuais decretos – pretende verificar obras, custos e tempos de cada intervenção. Um capítulo à parte continua sendo o da segurança, supervisionado pelo ministro Alfano, que já prometeu deslocar para Roma os quatro mil homens que serão empregados até novembro em Milão para a Expo.

"Esse é um evento espiritual, o papa não pensa em uma organização megagalática." A reafirmação do padre Lombardi, diretor da Sala de Imprensa vaticana, não é suficiente para tranquilizar o governo, e as recentes imagens da megamissa celebrada em Manila, em janeiro, pelo Papa Francisco, diante de sete milhões de fiéis, contribuem para alimentar a inquietação.

Uma incerteza que envolve também o capítulo financeiro, já que Marino já anunciou que quer ganhar dinheiro e que as centenas de milhões que a capital italiana já recebe pelos eventos extraordinários não são suficientes.

As ideias para financiar o evento, à espera do possível retorno sob forma de impostos ou de taxa de estada, são várias e não excluem a possibilidade de que o governo peça que a Santa Sé participe dos custos de preparação.

Equilíbrios políticos

O Jubileu do ano 2000 foi preparado com três ou quatro anos de antecedência, e participaram da missa de Tor Vergata um milhão de fiéis. Neste caso, é preciso fazer as contas com o carisma do atual pontífice, que também fez coincidir o anúncio do Ano Santo com as considerações sobre o "papado breve". Quase como se quisesse atribuir ao Jubileu de 2015-2016 o sentido de uma despedida pessoal.

Depois dos primeiros anúncios pronunciados à queima-roupa ("Roma estará pronta"), Renzi se move com cautela, porque, mais uma vez, depois da Expo, deve "gerir" um evento que não estava planejado e que se insere em um equilíbrio político muito precário, como o da junta da capital italiana.

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