Sínodo dos Bispos 2014. Para Francisco é uma vitória

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19 Outubro 2014

O Sínodo dos Bispos renasce aos 50 anos.

O Sínodo dos Bispos de 2014 representa uma novidade absoluta na história da Igreja recente: bispos que debatem, na presença do Papa, as novas questões para a Igreja (divorciados que casaram novamente, convivências, homossexuais) e se confrontam entre eles sem medo de não estarem de acordo.

O comentário é de Massimo Faggioli, professor de história do cristianismo da University of St. Thomas, em Minnesota, nos EUA, em artigo publicado por L'Huffington Post, 18-10-2014. A tradução é da IHU On-Line.

Paulo VI pensara algo do gênero quando criou o Sínodo em 1965, mas nunca acontecera, especialmente com os seus sucessores. Papa Francisco convidou os membros do Sínodo a falarem com “parresia” (a sinceridade cristã) e os bispos o fizeram.

Alguns não encontraram nada de melhor do que acusar a coordenação do Sínodo, isto é, o Papa, de manipulação da assembleia: mas foi um momento extraordinariamente transparente e aberto da vida da Igreja, como não sucedia desde os tempos do Concílio Vaticano II, há 50 anos.

Uma Igreja por linhas geo-culturais

A ‘relatio’ final foi aprovada, mas três parágrafos não alcançaram a maioria de dois terços e por isso não foram aprovados. Trata-se dos parágrafos 52 (sobre os divorciados), 53 (sobre a comunhão espiritual aos divorciados) e 55 (sobre os homossexuais).

Confirmaram-se as tendências que emergiram durante as duas semanas do Sínodo, ou seja, há a teologia dos bispos da Europa, de uma parte, e a América do Norte e a África, da outra. O velho norte do mundo contra o “global south” do cristianismo mundial mais próximo de uma visão tradicional da sexualidade e dos valores da família.

Estes três parágrafos não obtiveram uma maioria absoluta (somente relativa), mas o restante do texto obteve a maioria necessária. E também aqueles três parágrafos (do total de 62) sem maioria absoluta, é a base do “work in progress’ sobre as questões que a Igreja deverá afrontar no próximo ano.

É também preciso ter presente que a não maioria dos dois terços para o parágrafo sobre os homossexuais não pode ser simplesmente vista como um ‘não’ à abertura para com os homossexuais, mas pode ser também a recusa em aceitar um texto que reflete uma teologia precedente e diferente da apresentada por Papa Francisco nos primeiros vinte meses de pontificado.

Não obstante as críticas dos conservadores, o Sínodo foi celebrado com grande discreção para tutelar a liberdade de expressão dos membros, mas comunicado com grande transparência nas suas passagens fundamentais. O Papa quis a publicação do texto final com o número de votos, parágrafo por parágrafo.

Foi um verdadeiro debate: o primeiro na história dos Sínodos da igreja católica, e o Papa sai como vencedor, como aquele que apostou no processo sinodal. Francisco venceu porque é um Papa interessado em “iniciar processos” e não controlar êxitos – como diz na exortação Evangelii Gaudium publicada pelo Papa em novembro de 2013.

O grande discurso do Papa no final do Sínodo 2014, que não chegou à unanimidade reforça a sua posição: um Sínodo deste tipo era uma operação de alto risco e deu certo.

Agora inicia uma longa viagem de longos doze meses, até o Sínodo de outubro de 2015. Depois de muitos anos de paralisia, a Igreja recomeça a olhar para frente e a se debruçar sobre questões que o Concílio Vaticano II não pôde afrontar, e o magistério oficial dos últimos anos fez de conta que não existissem.

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