Não há alternativa para a austeridade, caso a social-democracia continue prisioneira de Merkel

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Por: Jonas | 13 Mai 2014

O cientista político e catedrático francês Sami Naïr (foto) está convencido que o candidato socialista que irá presidir a Comissão Europeia, Martin Schulz, não mudará a política de austeridade da União Europeia (UE) porque é “prisioneiro” da aliança entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o partido social-democrata.

 
Fonte: http://goo.gl/16XdCf  

A reportagem é de María Salas, publicada por Público.es, 12-05-2014. A tradução é do Cepat.

Em uma entrevista, motivada pela publicação de seu livro ‘El desengaño Europeo’ (Galaxia Gutenberg), Naïr explica que com as eleições europeias, que ocorrerão no próximo dia 25 de maio, é necessário acabar com a “Europa da punição” e dos países ricos frente aos pobres, dos dominantes e os dominados.

Europarlamentar até 2004, Naïr afirma que Schulz é “um bom deputado e um homem de elevada qualidade pessoal, progressista e humanista no sentido profundo”, mas adverte que não poderá acabar com esta Europa da punição, nem desenvolver uma política contra a vontade de Merkel.

Desta forma, o cientista político prediz que a campanha europeia será “demagógica”, porque os partidos progressistas e conservadores maximizarão de maneira fictícia suas diferenças, que no Parlamento Europeu costuma desembocar em um voto comum para a mesma orientação. Assim, denuncia que a Europa vive seu pior momento, com uma Comissão Europeia que segue uma política de “austericídio”, seguindo o modelo norte-americano baseado em “acabar com o conceito de interesse geral, serviços públicos e igualdade de oportunidades”, um sistema que resulta “insustentável”, em sua avaliação.

Em sua opinião, o Parlamento Europeu deve ter uma alternativa ao liberalismo “devastador” da Comissão, estar ligado à soberania popular e desenvolver políticas que se distanciem dos dirigentes “tecnocratas” e “atuem em nome dos cidadãos”, com uma dimensão política na UE. E enfatiza que a Alemanha não permitirá a criação de um governo político europeu, mas confia que países como Itália, Grécia, Portugal ou Espanha criem uma “relação de força” frente à política de austeridade alemã.

Além disso, avalia que a hegemonia alemã ultrapassou o espaço econômico e chegou ao político, com uma nação “que quer dominar o restante”. A única solução que acredita ser possível é que os cidadãos estabeleçam controles sobre o trabalho dos partidos políticos e que estas formações estabeleçam um programa de salvação europeia frente à política “imposta pela Alemanha e a Comissão”.

No caso de não desenvolver este programa de salvação política, a UE verá crescer o auge dos extremismos, com o aumento do “desprezo” em relação aos países pobres da UE, uma visão que só pode ser mudada “com políticas sociais”, segundo o cientista político. Explica que os extremismos se devem a uma desvinculação, “cada vez mais importante”, entre as elites dominantes e a imensa maioria do povo. Uma desvinculação que, segundo Naïr, chegou também à imigração, um assunto em relação ao qual acredita que a UE é “demasiada egoísta”, e mostra-se uma “fortaleza” para os imigrantes que ainda conservam a UE como modelo de qualidade de vida.

Esta reação para com aqueles que vêm de outros países foi “lamentável” também na Ucrânia, um país para o qual, segundo Sami Naïr, a UE “prometeu muitas coisas sabendo que não as cumpriria” e que utilizou como “elemento de oposição” em relação à Rússia. “Há alternativas e há esperanças”, conclui Naïr, que confia que a UE opte em deixar de ser um “pesadelo” e favoreça os interesses comuns.

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