Quando Jesus é masculino

Mais Lidos

  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS
  • Promoção da plena credibilidade do anúncio do evangelho depende da santidade pessoal e do engajamento moral, afirma religiosa togolesa

    Conversão, santidade e vivência dos conselhos evangélicos são antídotos para enfrentar o flagelo dos abusos na Igreja. Entrevista especial com Mary Lembo

    LER MAIS
  • “Não podemos fazer nada”: IA permite colar em provas universitárias com uma facilidade sem precedente

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

10 Abril 2014

A condição masculina, assim como a feminina, são condições de limitação, de incompletude, que podem se tornar espaço de encontro e de comunhão com a diferença, a ser acolhida e reconhecida, ultrapassando as relações de poder.

A análise é do teólogo leigo italiano Christian Albini, coordenador do Centro de Espiritualidade da diocese de Crema, na Itália, e sócio-fundador da Associação Viandanti. O artigo foi publicado no blog Sperare per Tutti, 05-04-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Se Jesus é masculino, o feminino tem menos importância?

Há toda uma corrente espiritual e teológica que, a partir da masculinidade de Jesus e dos apóstolos, fundou um pensamento e relações de subordinação das mulheres em relação aos homens, associando o masculino a Deus. Ignora-se, assim, descaradamente, a mensagem bíblica do "homem e mulher os criou" do Gênesis. O risco é cair em um antropomorfismo em que é o homem que "cria" Deus à sua imagem.

Retiro algumas considerações do livro de Angelo Biscardi, Un corpo mi hai dato. Per una cristologia sessuata (Cittadella Editrice), em que a consideração-chave é que "o objeto da revelação não é a masculinidade de Jesus tomada em si mesma e por si mesma, mas é a plena humanidade que devia necessariamente se explicitar em um dos modos disponíveis ao ser humano: masculino ou feminino" (p. 264).

Mas isso não implica nenhuma dignidade superior do masculino, faz parte do processo de "esvaziamento", de perda de plenitude, da Encarnação, que o leva a assumir a parcialidade masculina, que se descobre como incompleta e se abre à relação de comunhão com a diferença.

A masculinidade, tomada isoladamente, não pode ser absolutizada como símbolo absoluto de Deus (p. 266).

Um dos primeiros atos profundamente humanos que distinguem cada um de nós e o próprio Jesus é a conscientização de nós mesmos como seres limitados (p. 299).

Em Jesus, portanto, tornou-se presente um homem que – a partir do seu próprio limite criatural marcado fundamentalmente também pela própria masculinidade – rejeitou toda pretensão e fuga em direção ao egocentrismo e à onipotência pessoal em relação a Deus e aos irmãos (p. 308).

A identidade sexual de Jesus, por isso, não fundamenta uma perfeição ou superioridade quaisquer do masculino identificado com Deus. A condição masculina, assim como a feminina, são condições de limitação, de incompletude, que podem se tornar espaço de encontro e de comunhão com a diferença, a ser acolhida e reconhecida, ultrapassando as relações de poder.

Isso vale tanto na sociedade quanto na Igreja.