Vaticano: bispos devem consultar “as bases” no Sínodo sobre família

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12 Dezembro 2013

Ao responder a uma diretriz do Vaticano que diz para ouvir “o mais amplamente possível” as opiniões dos católicos sobre questões tais como contracepção, casamento de mesmo sexo e divórcio, os bispos devem reunir informações a partir das bases, disse na última sexta-feira a autoridade vaticana que supervisiona este processo de consulta.

A reportagem é de Joshua J. McElwee e publicada por National Catholic Reporter, 10-12-2013.  tradução é de Isaque Gomes Correa.

As consultas que serão feitas em preparação para um encontro dos bispos católicos de todo o mundo relativo a questões sobre a família – encontro a ser realizado em 2014 – não podem se limitar apenas aos seus assessores, disse Dom Lorenzo Baldisseri em entrevista ao National Catholic Reporter – NCR.

“A consulta deve reunir informações desde a base, e não se limitar no nível da Cúria ou de outras instituições”, disse Baldisseri, secretário-geral do sínodo dos bispos em Roma.

“Embora envolvidos no processo, eles devem cooperar dirigindo-se aos fiéis, às comunidades, às associações e a outras entidades”, disse.

Baldisseri respondeu a perguntas por e-mail do NCR sobre o seu pedido feito no dia 18 de outubro, em que pedia aos bispos de todo o mundo para se prepararem, tendo em vista o encontro no próximo. Nessa ocasião, foi distribuído um questionário contendo tópicos sobre o assunto família, para o qual dever-se-á ouvir “o mais amplamente possível aos decanatos e paróquias, de forma que contribuições de fontes locais possam ser enviadas”.

Papa Francisco convocou um encontro dos bispos, conhecido como Sínodo, para ocorrer no dia 19-05-2014. Este irá focar os “Desafios pastorais da família no contexto de evangelização”.

O questionário de Baldisseri, de 18 de outubro, pedia às conferências dos bispos para perguntar, às suas respectivas populações, questões que, às vezes, têm nitidamente dividido a Igreja Católica nos EUA. São questões como aquelas relativas à doutrina católica de proibição do uso de métodos contraceptivos, à possibilidade de um católico divorciado casar novamente ou comungar, e ao número de jovens que escolhem viver juntos antes do casamento.

Enquanto alguns bispos, em algumas partes do mundo, tomaram o questionário como uma iniciativa nacional – o escritório dos bispos da Inglaterra e do País de Gales propôs uma pesquisa online com o questionário –, os bispos dos Estados Unidos vêm respondendo de diferentes formas.

Apesar de que, ao menos, 46 dioceses americanas já tenham colocado, de alguma forma, até o dia 22 de novembro, o questionário online, outras ainda precisam se mobilizar.

Em seu e-mail enviado na sexta-feira, Baldisseri disse que seu escritório não tinha ainda recebido respostas do questionário. Nenhuma das conferências dos bispos ao redor do mundo havia enviado porque elas ainda estão juntando informações de suas dioceses e de “outras instituições eclesiais”.

O escritório do sínodo, disse o religioso, pôs como data-limite o dia 31 de janeiro para que as conferências submetam suas respostas.

Baldisseri disse ainda que o escritório não recebeu nenhum pedido de esclarecimentos relativo ao questionário.

“As perguntas foram feitas de forma clara e os bispos contatados, junto dos párocos e outras instituições, não deverão encontrar problemas para respondê-las”, afirmou. “Até o momento, não recebemos nenhum pedido de esclarecimento”.

Baldisseri falou que, tão logo seu escritório receber as respostas globais, irá ser organizado um comitê temporário de especialistas para examiná-las e resumir o material recebido.

“Tão logo recebermos as respostas sumárias preparadas pelas conferências episcopais, um grupo de especialistas ad hoc, escolhidos pelo nosso escritório, irá ter a tarefa de examiná-las e fazer uma apresentação, que deverá ser um resumo conciso e fiel de todas as respostas”.

Este grupo de especialistas, disse Baldisseri, terá então o desafio fazer um resumo apropriado, completo e fiel das respostas que serão usadas para criar o documento formal de trabalho para o sínodo, conhecido, em latim, como o Instrumentum laboris [Instrumento de trabalho].

Este primeiro esboço do documento será apresentado e debatido num encontro a ser realizado no Secretariado-Geral do Sínodo em fevereiro, no Vaticano.

Perguntado com que frequência ele consulta o Papa Francisco na preparação para o sínodo, Baldisseri disse que terá “contato contínuo” com o pontífice durante os meses que antecederão o evento de outubro de 2014.

“Obviamente que estamos ainda num estágio de preparação, e que precisaremos esperar até as primeiras semanas de janeiro para termos uma ideia de como as consultas estão progredindo”, informou.

“Gostaria de dizer que a consulta não é uma pesquisa ou um referendo”, continuou Baldisseri.

“Trata-se de um pedido de informações, observações e sugestões que devem assegurar uma resposta adequada e concreta em conformidade com os ensinamentos da Igreja”.

Perguntado a respeito dos bispos e das conferências nacionais que decidiram disponibilizar inteiramente online o questionário como uma pesquisa, Baldisseri afirmou que as “perguntas foram feitas publicamente e que podem ser utilizadas na forma como uma pessoa assim entender”.

“No entanto”, continuou, “a seriedade da consulta deve ser respeitada, acima de tudo, ao tratar dos assuntos de forma não preconceituosa, completa e com toda sinceridade”.

Baldisseri afirmou que católicos têm toda a liberdade para enviar suas respostas do questionário diretamente para o escritório do sínodo, no Vaticano.

Porém, a “principal forma para envio de respostas individuais, tal como especificado na carta de consulta, é submetê-las ao bispo local, que irá então resumir todas elas na resposta que deverá fazer e mandar para a sua conferência episcopal”, disse.

“Nesse sentido, os princípios de subsidiaridade e de colegialidade estarão sendo respeitados”. E consequentemente, continuou, “a conferência irá adiante resumir todas as respostas a partir dos bispos e, então, irá enviá-las para o Secretariado-Geral.

Baldisseri disse ainda que seria “preferível” se os bispos não alterassem as perguntas, “que foram atenciosamente preparadas” pela equipe do sínodo, no Vaticano, ao usar o questionário em suas dioceses. 

“Se os bispos desejarem adaptar as questões para as situações em suas dioceses, devem assim proceder sempre respeitando o conteúdo das próprias questões”, disse. A questão da reformulação das perguntas foi feita no encontro anual dos bispos dos EUA, ocorrido em novembro, quando os prelados americanos participaram de um debate de 30 minutos sobre o tema.

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