Aqueles três italianos que voltam a viver graças à mulher síria morta após o desembarque

Mais Lidos

  • O economista Branko Milanovic é um dos críticos mais incisivos da desigualdade global. Ele conversou com Jacobin sobre como o declínio da globalização neoliberal está exacerbando suas tendências mais destrutivas

    “Quando o neoliberalismo entra em colapso, destrói mais ainda”. Entrevista com Branko Milanovic

    LER MAIS
  • Abin aponta Terceiro Comando Puro, facção com símbolos evangélicos, como terceira força do crime no país

    LER MAIS
  • A farsa democrática. Artigo de Frei Betto

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

07 Setembro 2013

Tinha chegado à Sicília em graves condições, na esperança de uma nova vida, após a fuga da guerra, com o marido e os dois filhos adolescentes, mas no fim foi ela, uma mulher síria, e sua família a devolver a vida a três pessoas, dois sicilianos e uma calabresa, graças aos órgãos transplantados depois que uma parada cardiocirculatória havia decretado sua morte cerebral.

A reportagem Alessandra Ziniti, publicada no jornal La Repubblica, 4-09-2013. Tradução de Benno Dischinger.

Ela enfermeira, 49 anos, ele pequeno empreendedor, estavam junto aos dois filhos menores numa barcaça socorrida pela Guarda costeira de Siracusa há uma semana. Para eles a Sicília devia ser apenas a primeira etapa de uma fuga que teria devido conduzi-los à Suécia, onde há uma grande comunidade de sírios e onde trabalha o filho mais velho. Mas a mulher, após cinco dias no mar, chegou em fim de vida e suas condições foram aos poucos se agravando até quando, segunda feira à noite, ocorreu a parada cardiocirculatória. Em lágrimas, quando os médiocos da Reanimação do hospital Umberto I de Siracusa lhe solicitaram o consentimento para a retirada dos órgãos, o marido da mulher não teve um instante de hesitação. “Foi uma experiência tocante – conta Maurilio Carpinteri, o médico reanimador que assistiu a mulher -, que ensina o que é a verdadeira solidariedade”.

“O marido e os dois filhos, num momento de grande desespero, nos presentearam tudo aquilo que tinham com uma dignidade realmente exemplar”.

O fígado e os rins foram transplantados a dois homens e uma mulher à espera no Ismett de Palermo e no Policlínico de Catânia. O homem que recebeu o fígado, um siciliano residente em Locri, estava à espera desde 2009. Casos urgentes à espera há poucos meses os outros dois, um homem d 41 anos de Ragusa e uma mulher calabresa.

À família síria quis fazer chegar seu agradecimento o ministro italiano da Saúde Beatrice Lorenzin: “um gesto comovente. É o exemplo que também em situações dramáticas de extrema necessidade, como são aquelas dos prófugos que chegam às nossas costas, há pessoas que conseguem realizar gestos de amor com o próximo que vão silenciosamente em benefício de outros”.