Cuba. Fidel, Raúl e o cardeal

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Por: André | 15 Agosto 2013

O aniversário de número 87 de Fidel Castro transcorreu como planejado, em uma festiva e um tanto mecânica homenagem a um ilustre pai, um emérito que vive à sombra de seu sucessor sem muitos clamores e que está se dirigindo ao altar da memória. As analogias em outros âmbitos surgem por conta própria.

A reportagem é de Alver Metalli e publicada no sítio Vatican Insider, 14-08-2013. A tradução é de André Langer.

Entre os novos livros dedicados às gestas do passado, concertos, maratonas esportivas e odes oratórias radiotelevisivas, a revista católica Espacio Laical celebrou a data à sua maneira, com um texto sobre um aniversário diferente, os cinco anos do governo do irmão Raúl Castro e um editorial que são muito mais que três colunas de palavras. Espacio Laical, é preciso lembrar, não é uma revista comum, e o que ela diz não nasce e acaba em suas próprias páginas. De modo especial, reflete com bastante tino as linhas de ação do cardeal de Havana Jaime Ortega y Alamino, eleitor do Papa Francisco no último conclave e recentemente enviado especial do Pontífice às celebrações do Congresso Eucarístico de El Salvador, púlpito de onde expressou seu desejo de que a canonização de dom Oscar Arnulfo Romero aconteça em breve.

O texto publicado pelo Espacio Laical intitula-se “Quo vadis Cuba?”, e faz um balanço dos últimos cinco anos. Nele se citam as esperanças que as aberturas de Raúl Castro produziram dentro e fora de Cuba. “Mesmo que restem muitas incertezas sobre o futuro da reforma, mas parece ficar clara uma tendência de graduais, mas contínuas transformações que estão movendo o sistema para lugares desconhecidos para a maioria dos cubanos nascidos depois da vitória da revolução”.

Um julgamento positivo, pois, que destaca nas linhas seguintes o peso das empresas privadas no conjunto da economia, a ampliação das áreas cooperativas que deixaram de pertencer ao controle estatal, o aumento do emprego gerado fora do Estado, além de alguns processos de “desburocratização” em relação à saúde e os serviços em geral. “Embora qualquer prognóstico sobre Cuba deva ser feito com cautela, ao menos no setor das autoridades cubanas que rodeiam Raúl Castro”, escreve a revista com otimismo em relação ao futuro: “Não parece, portanto, que o processo possa ser revertido, mesmo quando possa dar lugar a algumas correções em seu caminho [...] e o silêncio confirmatório de Fidel Castro constitui uma fonte adicional de legitimidade”.

Quanto a Raúl Castro, “carece do carisma de seu irmão Fidel. Ele está consciente de que sua liderança necessariamente tem que se assentar sobre outras bases, adotando uma visão mais pragmática e um estilo de trabalho menos personalista, mais inclinado à formação de equipes e à criação de normas”.

Um artigo do mesmo número da revista Espacio Laical tem um título programático: “Cuba sonhada – Cuba possível – Cuba futura: propostas para o nosso futuro próximo”. São poucas páginas, duas, com XXIII pontos. Um pacote de propostas para reformar o eixo institucional de Cuba que vão desde a separação dos poderes até o reconhecimento das liberdades fundamentais, passando pelo respeito às diferentes identidades religiosas presentes no país e por sua auto-organização em comunidades com personalidade jurídica própria.

A novidade não está apenas no que o texto afirma, mas no seu autor. Trata-se de um grupo de intelectuais, outros republicanos, professores universitários que seguem se definindo alguns marxistas, outros republicanos, anarquistas ou católicos. Reúnem-se há vários anos à sombra do Laboratório Casa Cuba, um dos espaços de diálogo sobre a democracia que surgiu e cresceu sob a tutela do cardeal Ortega.

“Cuba sonhada – Cuba possível – Cuba futura” é um documento profundamente político e seus redatores não ocultam tal fato. Um documento que circula, granjeia seguidores... e que não viu nenhum obstáculo governamental.

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