03 Julho 2013
Wojtyla "santo já", mas junto com João XXIII, o "papa bom". Na manhã dessa terça-feira, no Vaticano, reuniram-se os cardeais e bispos membros da "ordinária" da Congregação dos Santos, para examinar vários dossiês antes do início do verão europeu. Entre eles, o milagre atribuído à intercessão do Bem-aventurado João Paulo II, a cura instantânea de uma mulher. O último e decisivo passo antes do selo final de Francisco, que levará à canonização em tempo recorde do pontífice polonês beatificado há dois anos.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no jornal La Stampa, 02-06-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Mas, surpreendentemente, os cardeais e bispos também discutirão outro dossiê, acrescentado nos últimos dias: o da canonização de João XXIII, o papa que convocou o Concílio Vaticano II, que morreu em junho de 50 anos atrás e foi beatificado no ano 2000. Uma reviravolta não prevista, que atesta a vontade de celebrar juntas as duas canonizações, levando à auréola e ao culto universal tanto o pontífice de Bérgamo quanto João Paulo II.
A data mais provável para a cerimônia durante a qual Roncalli e Wojtyla poderiam ser canonizados é o próximo mês de dezembro, logo após a conclusão do Ano da Fé, já que a hipótese inicial de outubro parece cada vez menos viável por falta de tempo e problemas organizacionais. O cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, depois da decisão tomada na manhã dessa terça-feira, irá se encontrar com Francisco, e, dentro de alguns dias, a notícia dos dois papas santos poderia ser definitivamente oficializada.
Foi João Paulo II, em setembro de 2000, durante o Jubileu, que proclamou João XXIII bem-aventurado, unindo na mesma celebração também a beatificação de Pio IX, o último papa rei. Naquela ocasião, o que levou Roncalli ao primeiro degrau dos altares foi o milagre da cura, ocorrida em 1966, da Ir. Caterina Capitani.
Como se sabe, segundo as normas canônicas, para a canonização é necessário o reconhecimento de um segundo milagre, ocorrido após a beatificação. Nos últimos 13 anos, houve vários relatos de graças e de supostos milagres atribuídos à intercessão de Roncalli, mas até recentemente não se sabia que algum deles havia passado pelo escrutínio das consultas médicas e dos teólogos da "fábrica dos santos" vaticana. Portanto, é possível que tenha se decidido encurtar os tempos. O papa, na realidade, também tem a possibilidade, se quiser, de revogar o reconhecimento do milagre e continuar com a canonização depois de ter ouvido o parecer dos cardeais da congregação.
Era as 19h49min do dia 3 de junho de 1963 quando a multidão presente na Praça de São Pedro, vendo acenderem-se as luzes do quarto do apartamento papal, ficava sabendo da morte de João XXIII. Em menos de cinco anos, o idoso prelado de Bérgamo, eleito como "papa de transição", havia entrado no coração do mundo, pela simplicidade dos seus gestos e das suas palavras.
As visitas à prisão de Regina Coeli e às crianças doentes do Bambin Gesù, as saídas em visita às paróquias o tornaram muito popular. A histórica decisão de convocar um concílio ecumênico mudou o rosto da Igreja, mesmo que Roncalli não veria a sua conclusão, conseguindo concluir apenas a primeira das quatro sessões conciliares.
Foi com o concílio ainda aberto que vários bispos propuseram que se proclamasse João santo por aclamação. O seu sucessor, Paulo VI, preferiu seguir as vias canônicas, fazendo com que fosse aberto um processo canônico e querendo colocar também ao lado de Roncalli o seu antecessor Pio XII.