Deus ama as pessoas ''como uma mãe'', afirma Francisco

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11 Junho 2013

A "compaixão" que Deus sente pela "miséria humana" é comparável à reação de uma mãe "diante da dor dos filhos". "Assim Deus nos ama", disse o Papa Francisco no último domingo de manhã na recitação do Angelus, nos ama "como uma mãe".

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 10-06-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Palavras que lembram muito a discutida afirmação de João Paulo I, nascido Albino Luciani – o pontífice que, não por acaso, lembra muito nos modos e nos estilos Jorge Mario Bergoglio –, no Angelus do dia 10 de setembro de 1978, quando, falando de improviso, disse que Deus "é pai, mais ainda, é mãe".

E também João Paulo II, mais tarde, em ao menos algumas ocasiões, falou sobre a paternidade de Deus, que "resume em si as características que normalmente são atribuídas ao amor materno" (audiência do dia 20 de janeiro de 1999) e atribuiu a Deus "mãos do pai e de mãe ao mesmo tempo" (audiência do dia 8 de setembro  de 1999).

Quando Luciani, primeiro entre os sucessores de Pedro, aproximou o arquétipo feminino à qualidade absoluta divina, a Cúria Romana não reagiu bem. Gelo e constrangimento caíram sobre o sucessor de Paulo VI que, em pouco tempo, depois de apenas 30 dias no sólio de Pedro, desapareceria. Talvez, no Vaticano, temiam-se repercussões na lógica dos poderes e das posições hierárquicas.

No entanto, os profetas do Antigo Testamento já costumavam falar do amor materno de Deus: "Pode a mãe se esquecer do seu filho, a ponto de não se comover com o fruto de suas entranhas?", pergunta o profeta Isaías. E ainda: "Assim como uma mãe consola o filho, assim eu vos consolarei".

Depois foi Martinho Lutero, no sermão Christus, gallina nostra, que chamou a atenção para uma "escandalosa" identificação. A de Jesus que, no Evangelho de Mateus, define a si mesmo como "uma galinha que reúne os seus pintinhos debaixo das asas".

Além disso, o rosto "feminino" de Deus se encarnou justamente no "discipulado de iguais" inaugurado pela pregação de Jesus, por força da qual, como se lê em Gálatas, "não há mais homem nem mulher, pois todos você são um em Cristo Jesus".

Bento XVI, no entanto, foi mais prudente. No seu best-seller Jesus de Nazaré, ele escreve que o título de mãe não cabe a Deus, que é apenas e absolutamente pai. "Mãe não é na Bíblia um título de Deus, não é uma forma com a qual dirigir-se a Deus. Nós rezamos como Jesus, no horizonte da Sagrada Escritura, nos ensinou a rezar, não como nos vem à mente ou nos apetece. Só assim é que rezamos corretamente".