''Não ao fetichismo do dinheiro e à ditadura da economia'', afirma Papa Francisco

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20 Mai 2013

"O dinheiro deve servir, não governar!". Foi o papa quem disse isso nessa quinta-feira recebendo os novos embaixadores do Quirguistão, de Antigua e Barbuda, de Luxemburgo e de Botswana, aos quais falou sobre as raízes da crise financeira e do fosso entre pobres e ricos, caracterizado pelo "fetichismo do dinheiro" e pela "ditadura da economia", que considera o ser humano "como um bem de consumo". Trata-se do discurso mais compromissado até agora proferido por Francisco sobre as questões sociais.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no jornal La Stampa, 17-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"A maior parte dos homens e mulheres do nosso tempo – disse o papa – continua vivendo em uma precariedade cotidiana com consequências funestas". Uma das causas dessa situação, segundo Francisco, está "na relação que temos com o dinheiro, em aceitar o seu domínio sobre nós e sobre as nossas sociedades".

A origem da crise financeira que estamos vivendo tem "a sua primeira origem", segundo o papa, "em uma profunda crise antropológica", isto é, na "negação do primado do ser humano". "Criamos novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova e impiedosa imagem no fetichismo do dinheiro e na ditadura da economia sem rosto nem propósito verdadeiramente humanos".

"Hoje, o ser humano – continuou – é considerado, ele mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois jogar fora. Esse desvio encontra-se em nível individual e social, e é favorecido!".

Nesse contexto, explicou ainda o pontífice, a solidariedade "é muitas vezes considerada contraproducente, contrária à racionalidade financeira e econômica", e assim, "enquanto a renda de uma minoria cresce de maneira exponencial, a da maioria se enfraquece". Um desequilíbrio resultante, segundo Francisco, "de ideologias que promovem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira, negando assim o direito de controle aos Estados, encarregados de prover o bem comum".

Nesse processo, acrescentou o papa, "instaura-se uma nova tirania invisível, às vezes virtual, que impõe unilateralmente e sem solução as suas leis e as suas regras". O endividamento e o crédito afastam os países "da sua economia real e os cidadãos do seu poder de compra real". Soma-se a isso "uma corrupção tentacular e uma evasão fiscal egoísta" que assumiram "dimensões globais".

Por trás dessa atitude, esconde-se, afirmou o papa, "a rejeição da ética, a rejeição de Deus". Um Deus que é considerado "por esses financistas, economistas e políticos" até mesmo como "perigoso", porque chama o ser humano "à independência de todo tipo de escravidão".

O papa pediu "uma reforma financeira que seja ética e que produza, por sua vez, uma reforma econômica salutar para todos". Uma reforma que "exigiria uma corajosa mudança de atitude dos dirigentes políticos".

"O dinheiro – concluiu – deve servir e não governar! O papa ama a todos, ricos e pobres, mas o papa tem o dever, em nome de Cristo, de recordar ao rico que ele deve ajudar o pobre, respeitá-lo, promovê-lo".

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