Intuições do Concílio Vaticano II para a atualidade

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05 Outubro 2012

“As grandes intuições do Concílio Vaticano II: desafios e possibilidades de aproximações às gramáticas atuais”, foi o tema da conferência com o Prof. Dr. Christoph Theobald, do Centre Sèvres /Paris, na manhã desta quinta-feira, dia 04 de outubro, em mais um intenso dia de atividades do XIII Simpósio Internacional IHU Igreja, cultura e sociedade. A semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica.

Com o propósito de abordar as grandes intuições do Vaticano II e as relações entre Evangelho, sociedade e Igreja, o professor trouxe algumas problemáticas que envolvem a atual recepção do Vaticano II. Para ele, “é preciso mudar nossa relação com o Concílio. O importante é penetrar nas maneiras de proceder que o Concílio soube inventar”. Segundo seu olhar, o objetivo do Concílio foi colocar o futuro do Evangelho nas mãos de todo o povo de Deus.

Depois, Theobald entrou no debate sobre a perspectiva genética do Concílio e as maneiras de se proceder na sociedade. Essa foi a primeira parte de sua fala, em que abordou a visão genética da tradição cristã e eclesial.

Em seguida, trouxe o conceito da auto-revelação de Deus na relação com os homens. “Deus tem uma única coisa a nos dizer: É Ele mesmo que nos fala por meio das escrituras. Temos acesso à intimidade de Deus por intermédio de Jesus Cristo. E se Deus já nos disse tudo o que tinha a dizer por meio de Cristo, então agora ele pode se calar. Desde então, é apenas o seu silêncio que nos fala. Eis aqui o eixo teologal vertical dos textos do Vaticano II”, aponta.

Christoph destaca que a Igreja situa-se na história e na sociedade a partir do eixo horizontal da comunicação. “A Igreja recebe tudo de Deus para estar a serviço do Reino na sociedade”. E afirma que “tanto o eixo vertical como horizontal do Vaticano II reproduzem o tom pastoral do Concílio”.

O parâmetro hermenêutico, ligado às diferentes interpretações, se dá em função da pluralidade crescente das figuras do cristianismo, diz o palestrante.

O segundo ponto da fala do professor Theobald foi em torno da abordagem genética do evangelho, da sociedade e da Igreja, exigindo uma dupla decisão interpretativa. A partir da situação atual – tanto na Europa quanto no Brasil – “o cenário nos convida a relativizar a distinção de países cristianizados e de países em missão”, esclareceu.

O próximo ponto da palestra foi a questão da maneira de proceder, em que o professor adiantou que hoje “a Igreja conforma-se às maneiras pós-modernas de viver com tudo novo, o tempo todo, o que acaba negligenciando uma formação mais profunda”. E continua: “a escuta atual da própria voz de Deus por meio da palavra deve ser atenta aos sinais dos tempos. Não é possível ouvir a voz de Deus sem percebê-la em ação no coração dos crentes”.

Para Theobald, o Concílio Vaticano II é pouco sensível à dificuldade do homem contemporâneo de acessar a interioridade. “É impossível ouvir a palavra de Deus sem desejar ouvir-se mutuamente”, explica.

E o último ponto da conferência foi a questão da Igreja na história da sociedade. “A Igreja, bem como a sociedade, tem, nela própria, tudo para ser suficiente e bastar-se. Ela pode dar a possibilidade de perceber o sentido da vida humana e da comunhão entre os seres humanos”. E frisa que a Igreja do Vaticano II é descentrada.

Foi uma fala que impressionou o público presente pelo domínio que o professor Theobald tem de todos os documentos conciliares, costurando-os e dando sentido de forma plena aos grandes temas que lá foram discutidos e que são de grande valia para a Igreja e a sociedade em nossos dias.

 

E conclui: “resisto a dizer que o Concílio Vaticano II seja otimista. Ele tem uma teologia da cruz. E foi um concílio de transição”.

Opiniões gerais

“Estou achando muito atual o debate de refletir sobre as gramáticas de nossos dias. Estamos tendo um bom nível de exposições, com a possibilidade de fazer aproximações, o que é muito interessante. Outro ponto que destaco é que não se tem aqui o propósito de trazer sínteses sobre os temas, mas de promover a reflexão e nos fazer criar perguntas, dando tempo para esse convívio. Apenas acho que esse simpósio está em dívida com a forma de fazer teologia no Brasil e na América Latina, pois a maioria dos palestrantes é europeia. Mas penso que o congresso da próxima semana poderá saldar essa dívida”.

Juan Diego, aluno de Teologia na FAJE, do Chile.

“Este simpósio está muito interessante por trazer pessoas com diferentes abordagens, de forma aberta e inclusiva, sobre um mesmo tema. Sou protestante congregacionista e me senti muito bem recebida e acolhida, muito à vontade, mesmo entre uma maioria católica. Como japonesa, estou impressionada em participar de um congresso internacional no Brasil em que as pessoas falam tantas línguas diferentes e conseguem se comunicar muito bem. No Japão é um tanto difícil isso acontecer. Está sendo uma experiência enriquecedora”.

Kanan Kitani, professora, doutora na Escola de Teologia da Doshisha University, de Kyoto, no Japão. Ela tem uma pesquisa nas colônias brasileiras no Japão sobre a influência da religiosidade brasileira naquele país.

Theobald foi criativo e muito profundo. O fato de ele ter partido da atividade missioneira do documento Ad Gentes, ele reinterpreta o Concíclio de modo muito mais profundo e alia a tradução integrada da Igreja nos documentos. Ele amplia a possibilidade de o Concílio , criando uma perspectiva não de superioridade do Concílio, mas de aprofundamento do próprio Concílio, daquilo que o Concílio queria. Theobald oportuniza a revitalização do próprio Concílio de uma forma teologal fora das oficiais, o que cria um gosto de ser membro da Igreja Conciliar.

Hélcion Ribeiro, teólogo, de Curitiba.

Achei a palestra de Theobald fantástica, excelente e muito oportuna para este momento atual  da Igreja para os católicos.

Carmina Del Labrador, professora da Universidad Complutense de Madrid, da Espanha.

Por Graziela Wolfart

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