Uma nova configuração eclesial?

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04 Outubro 2012

“A Igreja perde o sentido se o aparecer não condiz com o ser”. Essa foi uma das primeiras falas do professor Mário de França Miranda em sua palestra, proferida na manhã de ontem, dia 03 de outubro, durante o XIII Simpósio Internacional IHU Igreja, cultura e sociedade. A semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica

A partir do tema “A semântica do Mistério da Igreja: uma nova configuração eclesial para hoje?”, o Prof. Dr. Mário de França Miranda, da PUC-Rio fez uma introdução sobre a crise atual, da qual, segundo ele, não somos apenas observadores. “Como todos somos da Igreja, somos também atores desta crise”, enfatizou. E depois destacou que seu objetivo não seria trazer soluções, mas uma fundamentação teológica para que se tenha iniciativa diante da Igreja hoje.

O professor comentou que seu objetivo seria lançar um olhar para a base antropológica sobre o que conhecemos como “a verdade da fé”. E estruturou sua fala em três partes:

1- Ênfase à ação do Espírito Santo na Igreja da América Latina, que está faltando, segundo ele;

2- Diversidade, que deveria ser mais respeitada. E, nesse sentido, a emergência do laicato pode ser uma solução;

3- Dado para a fé cristã: “temos muita palavra e esquecemos que o cristianismo nasceu do testemunho”.

Começando pela dimensão eclesial do Espírito Santo, França Miranda aponta que o esquecimento da pessoa do Espírito traz muitos problemas para a Igreja, dentre eles a limitação da sua ação. “Esse Espírito nos orienta a interpretar Jesus Cristo e nos dá a noção de comunhão, de que estamos todos no mesmo espírito”. E ele cita Y. Congar, dizendo que Deus cria a Igreja sem cessar e não apenas na sua origem. “Será que não somos uma Igreja demasiadamente instituída ao invés de sermos uma Igreja instituinte?”, questiona.

E o professor segue lançando ao público uma série de perguntas, como “qual é a mediação humana da ação do Espírito em nossas vidas?”; “tem a sociedade algo a dizer para a Igreja?”; e “que traços da cultura atual o Espírito Santo indica que devem ser acolhidos pela Igreja?”.

Ao passar para o segundo ponto, em que abordou a diversidade que desafia a fé cristã, Mário de França Miranda fez uma descrição do cenário atual, pois, segundo ele, é esse contexto que define a crença de cada um e cada uma em nosso tempo. “Precisamos considerar seriamente o contexto do cristão de nossos dias se quisermos fomentar uma fé adulta dentro da Igreja, principalmente por vivermos uma sociedade pluralista e secularizada”, aponta. O palestrante acrescenta que temos hoje a marca da liberdade na fé cristã, o que favorece a uma fé mais consciente e real, menos institucionalizada e menos passivamente pregada.

Na visão de França Miranda, o Evangelho deve ser utilizado como uma referência sólida em nossa sociedade, para a formação da identidade. “A experiência do amor de Deus, transmitida pelo Espírito, é o que alimenta nossa esperança”, destaca.

O professor da PUC-Rio falou da fé em sua dimensão eclesial, lembrando que o pluralismo e o trânsito religioso, com a liberdade de escolha e adesão a várias religiões pelo mesmo fiel é uma questão que distancia os indivíduos da instituição religiosa, o que não ocorre somente com a Igreja católica. E afirma: “é no interior da Igreja que se pode dizer: eu creio em Deus. É a Igreja que garante a autenticidade do meu ato de fé”.

Em seguida, o palestrante frisou a urgência de um laicato adulto na Igreja, enfatizando a complementaridade entre todos os membros da instituição. “Há a diversidade de ministérios, mas a unidade na ação”, explica. E continua: “não podemos alimentar essa veia de poder na Igreja, de hierarquia, mas defender a fraternidade entre os membros, com mais espírito de comunidade e menos de individualidade. O que nos falta é a confiança mútua para aceitar o diferente”.

E ele encerra sua fala com o último ponto: a Igreja que testemunha o que crê. Ao mencionar a crise das instituições hoje, por não acompanharem as mudanças sociais, França Miranda acrescentou o enfraquecimento do poder das palavras, lançando um desafio à plateia: “como transmitir para as novas gerações valores e crenças sem mediações? Isso atinge o cristianismo, que é completamente fundamentado no testemunho; e testemunho de Jesus Cristo”.

Segundo sua concepção, cada pessoa revela o que é por meio do sentido que deu a sua existência. “Todo testemunho cristão remonta a Jesus Cristo, como realidade da pessoa atual, que testemunha a partir do relacionamento que tem com Jesus. A fé da testemunha traz Deus ao mundo. Todo cristão autêntico irradia a presença de Deus ao mundo. Portanto, mãos à obra”, encerrou.

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