Em eleição questionada, Ortega deve ter vitória fácil na Nicarágua

Mais Lidos

  • Eles se esqueceram de Jesus: o clericalismo como veneno moral

    LER MAIS
  • Estereótipos como conservador ou progressista “ocultam a heterogeneidade das trajetórias, marcadas por classe, raça, gênero, religião e território” das juventudes, afirma a psicóloga

    Jovens ativistas das direitas radicais apostam no antagonismo e se compreendem como contracultura. Entrevista especial com Beatriz Besen

    LER MAIS
  • Ecocídio no Congresso Nacional. Artigo de Carlos Bocuhy

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

06 Novembro 2011

"Todas as criancinhas têm direito a aprender a patinar no gelo, ainda que estejamos no calor", disse Rosario Murillo, a primeira-dama da Nicarágua, ao inaugurar o parque de diversões Crianças Felizes, que funcionará gratuitamente até janeiro.

A reportagem é de Flávia Marreiro e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 06-11-2011.

O parque - inaugurado mês passado em Manágua e que conta com uma seção de exibição de armas - é só a face mais chamativa do pacote de programas para os mais pobres lançados pelo governo do presidente nicaraguense, Daniel Ortega, 65.

Ortega deve ser reeleito hoje em eleições questionadas pela oposição e por ativistas internacionais.

Apesar do veto da Constituição à reeleição consecutiva, ele conseguiu da cúpula do Judiciário, alinhada ao governo, o sinal verde para buscar mais um mandato.

O líder da Revolução Sandinista, que derrubou as décadas da ditadura dos Somoza em 1979, tem quase 50% das intenções de votos.

O jornalista Fabio Gadea, 80, apoiado por intelectuais e ex-sandinistas, não deve chegar a 30%, e o ex-presidente Ricardo Alemán (1996-2001), condenado por corrupção em 2003, fechou pacto tácito com Ortega e pode capturar 10% do total.

A confortável situação de Ortega é fruto da união de fatores à primeira vista contraditórios: a proximidade com o venezuelano Hugo Chávez, uma gestão macroeconômica avalizada pelo FMI e políticas pró-empresários que fizeram dobrar o investimento privado estrangeiro no último quinquênio.

É da aliança com Chávez que vem o dinheiro para o parque de diversões e programas como "Teto de Zinco", de reforma habitacional.

Os fundos gerados pela compra de combustível pela chavista Petrocaribe geraram em 2010 US$ 500 milhões, ou 7% do PIB, para gastos de iniciativas ligadas diretamente ao casal presidencial.

Uma das marcas do governo Ortega, que voltou ao poder em 2007, é a presença da primeira-dama e a virada religiosa do discurso.

Com a reeleição ao que parece garantida, o objetivo dele hoje é conseguir maioria qualificada no Parlamento para passar reforma que permita a reeleição indefinida.