Tunísia enfrenta revoltas após eleição

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29 Outubro 2011

Um dia após a divulgação dos resultados das primeiras eleições da primavera árabe, na Tunísia, violentos protestos ocorreram em Sidi Bouzid, cidade onde começaram as manifestações que levaram à queda em janeiro do ditador Zine Abidine Ben Ali, inspirando levantes no mundo árabe contra governos autocráticos.

O líder do partido islâmico Ennahda, banido da Tunísia durante décadas e vencedor nas eleições de domingo, Rachid Ghannouchi, pediu calma à população. O Ennahda obteve 41,47% dos votos e ocupará 90 dos 217 assentos na nova Assembleia Constituinte, segundo o comitê eleitoral.

A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 29-10-2011.

As autoridades tunisianas impuseram toque de recolher em Sidi Bouzid, entre 19 horas de ontem e 5 horas de hoje, por causa dos protestos. A polícia deu tiros para o alto e disparou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar mais de 3 mil manifestantes, que saquearam lojas e atearam fogo em pneus e na entrada de prédios, entre os quais um posto da Guarda Nacional.

Eles tomaram as ruas após anúncio do líder do Areedha Chaabiya (ou Partido da Petição Popular), Hachemi Hamdi, que é de Sidi Bouzid, de que abriria mão dos 19 assentos que obteve no pleito porque seis de suas listas foram invalidadas pelo comitê eleitoral por suspeita de irregularidades. O anúncio foi feito no canal de TV por satélite Mustaqila, de propriedade de Hamdi, com sede em Londres. Em sua campanha, ele prometia acesso gratuito à saúde e empregos.

Mesmo antes desse anúncio, no entanto, centenas já protestavam contra a vitória do Ennahda, que teve o seu escritório em Sidi Bouzid incendiado pelos manifestantes. A elite laica teme que a liderança do partido leve à islamização do país, um dos mais moderados entre os muçulmanos até então.

"Pedimos calma aos habitantes de Sidi Bouzid, berço da revolução, que deve estar na vanguarda da preservação do bem público", disse Rashid Ghannouchi, líder do Ennahda. Tentando minimizar as tensões, Ghannouchi, que passou mais de duas décadas no exílio em Londres, prometeu não instituir leis islâmicas e reassegurou o compromisso do partido com os direitos das mulheres, prometendo dar a elas mais espaço na política.

Coalizão

A liderança do Ennahda, que se coloca como um partido islâmico moderado, prometeu formar um governo de coalizão com outros partidos.

Entre os possíveis parceiros estão o Congresso para a República, partido secular de centro-esquerda que ficou em segundo lugar nas eleições, com 30 assentos na Assembleia Constituinte, e é liderado pelo médico e ativista de direitos humanos Moncef Marzouki; e o Ettakatol, ou Fórum Democrático do Trabalho e Liberdades, também de centro-esquerda, que ficou em terceiro lugar, com 21 assentos.