Lideranças indígenas da Bolívia que participam do
Grande Encontro Pan-Amazônico na capital do Amazonas informaram nesta terça-feira (17) que aguardam manifestação do governo brasileiro ao pedido de audiência para discutir as obras de uma rodovia que está sendo construída em suas terras.
A reportagem é de
Elaíze Farias e publicada pelo jornal
A Crítica, 19-08-2011.
A rodovia no valor US$ 4 milhões tem recursos do governo brasileiro por meio do
BNDES e está sendo construída pela empresa nacional
OAS.
O secretário de recursos naturais e meio ambiente da Confederação de Povos Indígenas da Bolívia,
Nelson Bartolo, da etnia guarani, contou que as obras foram iniciadas há dois meses mas estão interrompidas após protestos dos indígenas bolivianos. Eles querem a suspensão do financiamento do governo brasileiro.
Segundo
Bartolo, o governo de
Evo Morales não consultou as populações do
Território Indígena Isiboro Sécure (cuja sigla é
Tipnis). A mesma área é sobreposta por um parque nacional. O território protegido tem um total de 1 milhão de hectares.
Bartolo explicou que além da falta de consulta aos povos que vivem no território indígena, não foram realizados estudos de impactos ambientais – a perspectiva é que as obras causem desmatamento de 600 mil hectares.
“Em nenhum momento os povos indígenas foram consultados. O governo boliviano ouviu apenas com as cidades vizinhas ao parque nacional e a área indígena. Por isso queremos conversar com o governo brasileiro”, disse Bartolo.
As lideranças indígenas bolivianas presentes em Manaus tinham a intenção de conversar com a ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, cuja presença havia sido confirmada na programação realizada em Manaus, mas acabou não comparecendo.
Na semana passada, um ofício solicitando a reunião com o governo brasileiro foi encaminhado ao embaixador do país na Bolívia,
Marcelo Fortuna.
A estrada vai ligar a região dos departamentos (Estados) de
Cochabamba e
Bene.
Protestos contra a construção da rodovia vêm acontecendo há vários dias na Bolívia.