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09 Abril 2011

"A loucura de Wellington deve nos fazer pensar em nossa própria violência, que, embora mais sutil, pode ser semelhante à dele", analisa Renato Mezan, psicanalista, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 10-04-2011.

Eis o artigo.

O que se passa na mente de um desequilibrado como Wellington Menezes de Oliveira, que ganhou seus 15 minutos de fama assassinando crianças na escola em que estudou? Não se pode saber com certeza, porque nessa esfera de questões não existe prova irrefutável. Contudo, baseando-nos em fatos conhecidos e em declarações do sujeito, é possível chegar a algumas hipóteses pelo menos plausíveis.

No caso que consterna o País, as informações disponíveis até o momento permitem supor que o rapaz carregava no íntimo uma imensa angústia, com a qual procurou lidar criando um sistema delirante que funcionou por algum tempo, mas acabou por se esboroar sob a pressão de fantasias extremamente ameaçadoras, das quais dão alguma ideia a carta que deixou.

Ela está redigida em longas frases, pontuadas só por vírgulas. As ideias se sucedem como em jorros, e é visível um desespero crescente, manifestado na extensão igualmente crescente dos parágrafos. Não se trata, é óbvio, de erro de redação: o pensamento tentou se focar, porém a angústia era tão avassaladora que acabou se sobrepondo ao esforço intelectual para a dominar. A repetição dos temas, e um certo grau de incoerência na escrita, dão testemunho desse fracasso.

Do que Wellington tinha tanto pavor? Nada deixa pensar que fosse de extraterrestres, do Juízo Final ou de outras coisas frequentes em delírios paranoicos. A abertura falando das "mãos impuras dos adúlteros", o pedido para ser lavado (das suas próprias impurezas?) e envolvido num lençol branco, as referências à castidade, sugerem que era a sexualidade que ele temia, e em primeiro lugar, como assinalou Barbara Gancia na Folha de S. Paulo, da sua própria. Sexualidade que, a julgar pela menção enfática a sua virgindade, não chegou a ser exercida com outrem.

A solicitação para ser enterrado ao lado da mãe nos dá uma pista sobre qual poderia ser o objeto dela. Tudo indica a existência de poderosas fantasias incestuosas, das quais talvez o rapaz tivesse algum vislumbre consciente. Que não se trata de piedade nem de amor filial comum, como poderia ser o caso em outras circunstâncias, pode ser deduzido da convocação ao "fiel seguidor de Deus", no masculino, cuja prece ao lado das duas sepulturas (pois uma ficaria junto à outra) teria o condão de o fazer ser perdoado "pelo que fez". A meu ver, isso não alude ao crime que pretendia praticar, mas aos desejos incestuosos, e o "seguidor de Deus" seria o pai de Wellington - ou, como este já falecera, um representante dele.

A menção aos animais ressalta que são "desprezados" e "não podem trabalhar para se sustentar". A escolha dessas características inusuais faz pensar que os bichos são uma personificação do próprio Wellington, que possivelmente se desprezaria e odiaria por seus sentimentos "pecaminosos", e se demitira do emprego meses atrás. O apelo à generosidade das instituições parece dirigir-se a esses pais, cuja vontade ele quer cumprir: teriam a intenção de lhe deixar a casa de Sepetiba, e os familiares deveriam acatar tal intento. Ou seja, ele pede a estes que o ajudem a cumprir o desejo dos pais: ao ceder a casa a uma dessas instituições, estariam reconhecendo que pertencia a Wellington, com o que se realizaria a (suposta) vontade deles de que ele a herdasse.

A referência aos pais e à obediência filial aponta para o medo do superego, que na psique é o representante da autoridade parental. Como Wellington era um paranoico, o receio que todos temos da punição por nossos desejos edipianos tomou nele um matiz muito mais feroz que nas pessoas comuns. Sua timidez, o recolhimento em que vivia, a docilidade do seu caráter - era pacato e obedecia sem dificuldade aos superiores, lê-se na imprensa - podem ter sido tentativas de aplacar esse censor interno, mas, como acabou se revelando, nada disso foi suficiente.

O embate entre impulsos impossíveis de serem reconhecidos e elaborados e uma instância mental que os condenava sem apelação foi se avolumando até se tornar insuportável. O "mau" que o rapaz julgava abrigar em si não podia mais permanecer dentro dele: precisou ser expulso, literalmente projetado sobre alguém como ele - daí, possivelmente, a escolha dos alunos da escola em que estudara. É provável que tenha sido na puberdade que o conflito edipiano tenha se acentuado na mente de Wellington: se assim for, compreende-se que o tenha deslocado para adolescentes, nos quais procurou eliminar o que não conseguia mais suportar em si mesmo.

Ao mesmo tempo, a "gravidade" dos seus "pecados" os tornava imperdoáveis: era preciso punir-se por eles, como os pais o teriam feito se estivessem vivos - e, paradoxalmente, no lugar deles (identificação) e antes deles (triunfo). O suicídio se apresenta então como a única via para tal fim: com o sacrifício da vida, talvez esperasse aplacar a ira dos pais e - mais uma vez paradoxalmente - unir-se a eles numa espécie de cena primitiva macabra (o pai rezando ao lado da cova/leito que partilharia com a mãe).

Essa reconstrução dos processos psíquicos que podem ter levado Wellington a um crime tão hediondo é, repito, apenas conjetural. Ela não pode, é claro, trazer de volta as vítimas da sua loucura; pode no máximo ajudar-nos a compreender por que ele o praticou. Mas o horror que nos assaltou ao tomarmos conhecimento do que ele estava fazendo mostra mais do que compaixão pelas vítimas: penso que se deve ao receio de, por termos sido na infância pequenos Édipos, um dia nos vermos atirando em inocentes depositários das nossas angústias. Embora (se formos "neuróticos normais") não precisemos recorrer às mesmas defesas psicóticas que esse moço teve de mobilizar, no fundo somos tão humanos quanto ele - e o desfecho trágico da sua loucura deve nos fazer pensar na nossa própria violência, que por se exercer por meios mais sutis não deixa de ter semelhança com a dele.


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