Acidente faz ressurgir as críticas ao risco nuclear

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13 Março 2011

O vazamento de radiação da usina de Fukushima 1 (250 km a nordeste de Tóquio) tirou da defensiva os críticos da energia nuclear e deu munição para que recuperassem espaço num debate em que vinham perdendo terreno.
Ontem, grupos verdes na Europa vieram a público para dizer que o acidente no Japão provaria que não existem garantias de que a energia nuclear pode ser usada de forma segura.

A reportagem é de Uirá Machado e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 13-03-2011.

Verdes da Itália, França e Alemanha cobraram de seus governos o abandono da energia nuclear. Disseram que se uma nação tão avançada quanto o Japão não conseguia proteger sua população, certamente a Europa também não poderia.

"O risco nuclear não é algo que possa ser controlado", afirmou Cecile Duflot, secretária do Europa Ecologia.
Segundo José Eli da Veiga, professor de economia da USP, o acidente deve oferecer novo fôlego para quem condena a energia nuclear.

"Nos últimos anos, o noticiário estava menos antinuclear, e os verdes tinham ido para a defensiva", afirma Veiga, autor do livro "Energia Nuclear: Do Anátema ao Diálogo", com lançamento previsto para esta quarta.

"Quando há um acidente como esse, os governos tornam-se menos receptivos à ideia de construir usinas nucleares e, naturalmente, as críticas ganham força", diz.

O acidente, porém, não apaga uma das razões pelas quais falava-se em renascimento nuclear, com o apoio inclusive de ambientalistas notórios: a busca por fontes de energia alternativas ao petróleo e carvão, necessidade imposta sobretudo pelo aquecimento global.

REAÇÕES

Na Itália, Fabrizio Cicchitto, líder do PDL (partido do primeiro-ministro Silvio Berlusconi) na Câmara, disse que o governo não vai alterar os planos de gerar energia nuclear no futuro.

Segundo Cicchitto, o acidente não muda os "problemas energéticos" da Itália. O país é o único do G-8 que não gera energia nuclear.

Na Alemanha a reação foi diferente. A chanceler Angela Merkel convocou uma reunião de emergência para discutir a situação.

No final do ano passado, Merkel já havia enfrentado oposição por ter anunciado projeto de lei para estender o uso de usinas nucleares para gerar energia elétrica até 2040. O plano anterior previa que essa fonte deixasse de ser usada a partir de 2022.

Na França, segundo maior produtor de energia nuclear (o primeiro são os EUA), o governo avisou que vai discutir medidas para garantir a segurança de seus 58 reatores.

Para José Eli da Veiga, o curso desse debate vai depender dos relatórios sobre a usina japonesa.

"A controvérsia é muito grande e complicada. Os defensores da energia nuclear vinham conseguindo argumentar que os acidentes decorrem de falhas de segurança. Esse episódio pode dar força para os verdes", diz.