JBS Friboi é candidata à compra das operações da Doux

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04 Janeiro 2011

Depois de o mercado aventar o interesse da Brasil Foods (BRF) em comprar as unidades gaúchas da Doux-Frangosul, surgem agora os nomes da JBS Friboi e do Marfrig como candidatos para adquirir as plantas de Montenegro (sede) e demais abatedouros em território gaúcho. Uma fonte do mercado avícola afirmou que a JBS é o nome mas forte por estar aberta a novas compras - como a própria empresa divulgou recentemente -, e pelo interesse em plantas de abate de frangos no Brasil. Até agora, a empresa conta apenas com unidades com este perfil no México e nos Estados Unidos, após a aquisição da Pilgrim`s Pride.

A reportagem é de Ana Esteves e publicada pelo Jornal do Comércio, 05-01-2011.

Um alto executivo do setor é cético quanto à postura conservadora do Marfrig, que anunciou nesta semana não ter em planos de aquisição. Um dos fatores que leva o executivo a levantar o nome do Marfrig é o fato de o grupo já ter adquirido a operação de perus da Doux, em Caxias do Sul, no ano de 2009, em uma operação que movimentou R$ R$ 65 milhões.

Os executivos consultados, porém, não descartam um possível interesse da BRF no negócio, mas apontam que pendências junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), pela fusão Sadia e Perdigão, reduzam as chances de uma investida na planta gaúcha. "Eles ainda não botaram a casa em ordem e vão querer botar a dos outros?", indagou a fonte.

O presidente da Ubabef, Francisco Turra, aposta que parcerias ou até mesmo a venda da Doux sejam necessárias para sanar a crise da empresa de Montenegro, que há meses deixa mais de 2 mil produtores integrados sem receber em dia. "Não acredito em solução própria, só na venda das unidades daqui e do exterior", diz. Para Turra, a compra da empresa significaria um bom negócio por se tratar de uma empresa bem estruturada no âmbito do Rio Grande do Sul. O dirigente lembra que, durante a feira de Sial, na França, conversou com o presidente da empresa, Charles Doux, e protestou quanto ao fato de a empresa ter chegado ao ponto de deixar os animais morrerem, por falta de ração. "Ele me garantiu que corria atrás de uma operação para salvar a empresa, e que buscou uma parceria internacional. Mas não deu certo e a situação só piorou." Turra aposta no bom momento do mercado como incentivo para que a negociação de empresas com a Doux se acelere. "Estamos em um momento de mercado aquecido, com incremento das exportações."

O consultor da ODConsulting Osler Desouzart afirma que negociações para a compra da Doux-Frangosul não são de hoje, já que a empresa se mostra "atraente" pelo quadro funcional que apresenta e pela tradição conquistada no mercado, além do fato de o mercado gaúcho ser um grande consumidor de proteína animal. "Se o boi fica caro a migração é direta para a carne de frango." No entanto, as tratativas esbarram na exigência da francesa de que sejam adquiridas não apenas as unidades gaúchas, mas as estrangeiras que não se mostram tão "interessantes" aos olhos dos compradores. "Aqui é viável, mas lá fora é outro assunto", afirma Desouzart.

A assessoria de imprensa da Doux-Frangosul voltou a afirmar que a empresa "não comenta especulações" e que só se comunica com a imprensa através de notas oficiais. A mais recente foi divulgada ontem, onde esclarece que a Doux vem realizando diariamente os pagamentos de lotes aos produtores integrados, e que está empenhada em regularizar os prazos no menor tempo possível. Em relação ao fornecimento de rações, a empresa garante que a questão foi resolvida e que o abastecimento encontra-se totalmente normalizado.

Eventuais perdas de peso total do lote que tenham sido causadas por atrasos de ração serão assumidas pela empresa. Já o presidente da Fetag, Elton Weber, afirma que as negociações entre os integrados e a empresa estão paralisadas. Segundo ele, os pagamentos vêm ocorrendo com um atraso médio de 70 e 90 dias.

Os porquês da crise

O consultor do setor avícola da Scot Consultoria Alex Lopes, disse que os problemas financeiros da Doux-Frangosul se agravaram em 2009, pela redução das importações da Rússia. Além disso, a desvalorização do dólar frente ao real fez com que a empresa perdesse competitividade lá fora. "Essa dependência do mercado externo é um dos agravantes", relata. Um executivo do mercado afirmou que além dos problemas no Brasil, a empresa já fechou plantas em Portugal, Espanha e Estados Unidos e reduziu a produção da unidade alemã.

As dificuldades se devem ao fato de muitos desses países não terem condições de garantir a produção e abastecimento de milho para ração, insumo que corresponde a 75% do custo de produção da atividade. Segundo o especialista, a mão de obra também é cara, as jornadas de trabalho nas indústrias são baixas e não condizem com as exigências da produção avícola, além de o consumo de carne de frango não ser tão acentuado. "São anos e anos de acúmulo de problemas de gestão. E sabemos que para uma empresa se manter no mercado é preciso inovação constante", disse a fonte.

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